Minha herança

Verônica Moreira: Crônica ‘Minha herança’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
"Minha herança"
“Minha herança”
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Neste momento, não há lugar para poesia nas palavras que estou escrevendo; talvez isso seja um tipo de legado, pois reúne tudo o que possuo… No entanto, é possível que meus herdeiros não venham a existir… Quem poderia se interessar por palavras e sentimentos que, à primeira vista, não parecem ter significado? Em um tempo como o nosso, quem teria a sensibilidade de preservar minhas escritas como verdadeiros tesouros?

Ah, meus caros amigos, será que ainda vale a pena deixar mais preciosidades dispersas pelo ar, em lugares gelados ou mornos? Neste instante, o que me rodeia são incertezas e uma esperança que, atualmente, mantenho em banho-maria. Sinto que não estou me cabendo dentro de mim mesma… E, quem se preocupa com isso? Aqueles que herdaram a essência da mulher poetisa, que transforma a poesia em sua riqueza. A quem caberá encontrar a chave do meu baú de tesouros?

Refletindo sobre minhas crenças, imagino como seria a disputa entre meus possíveis herdeiros. Acredito que alguns deles tentarão se apropriar dos meus versos carregados de melancolia e solidão.
Alguns poderão sentir-se mais atraídos pelos meus poemas fervorosos, repletos de paixão, enquanto outros poderão ansiar por reviver a infância em que o doce de coco era infinitamente mais tentador do que os de hoje. Contudo, ninguém será capaz de vivenciar as emoções que eu experimentei, desde a angústia mais intensa até aquelas paixões torcidas que me levaram à loucura.

Ah, meus descendentes! Lembrem-se de compartilhar minha herança com os necessitados de sabedoria, pois tudo o que deixo a vocês, apesar de parecer pouco, foi um presente que recebi um dia, sem pedir, de um poeta que guardou seu valioso legado dentro de mim. Não se tratava de dinheiro, prata ou ouro, mas de um tesouro que poucos desejavam, embora todos os que o possuíram se tornassem ricos, mesmo sem perceber que o verdadeiro herdeiro é aquele que lê.

Verônica Moreira

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Patrícia Alvarenga: 'Legado'

Patrícia Alvarenga

Legado

A sabedoria popular nos ensina que, quando partimos deste plano, o que deixamos são as memórias que cultivamos, os ensinamentos que transmitimos e o amor que plantamos. Por tais razões, poderemos sempre ser lembrados ou, rapidamente, esquecidos. Todavia, há uma categoria que deixa, digamos, um legado concreto: são os artistas. Esses são pessoas de mais sorte.

Por que escrevo isso? Porque, através da arte, permanecem, fisicamente, neste mundo: através de livros, esculturas, pinturas, músicas, fotografias, filmes ou outras obras, que são suas marcas, seus vestígios…

Os mortos, em regra, só podem ‘falar’ pela boca dos que aqui permaneceram e, por alguns sinais que, eventualmente, deixaram. Mas os artistas? Ah… Esses incutiram em suas obras sentimentos; traduziram, através delas, emoções; e tatuaram impressões de suas almas em suas criações. Essas os simbolizam e, de certa forma, os tornam imortais.

Mesmo que a morte, precoce e subitamente, encontre o artista, sem lhe oferecer o tempo necessário para corrigir erros, pedir perdão ou dar explicações, ele tem a possibilidade de, através de sua produção, perdurar e ser, infinitamente, interpretado e/ou provocar indignações, questionamentos, embalar emoções e semear a esperança.

Sim! Artistas têm a bem-aventurança de se eternizar, pois suas obras resistem, vivas, na cultura da sociedade!

 

                                                  Patrícia Alvarenga

                                                                                                                   patydany@hotmail.com




Webinar gratuito discute o legado de Burle Marx

Com inscrição gratuita, o evento ocorre nesta quarta-feira, 27 de janeiro, a partir das 16h

Os jardins do Aterro do Flamengo, o calçadão de Copacabana e o paisagismo do Eixo Monumental de Brasília são apenas algumas das obras produzidas por Roberto Burle Marx. Considerado um dos maiores paisagistas do século XX, tornou-se mundialmente célebre por criar o conceito de jardim tropical moderno, que utiliza a flora tropical em harmonia com a paisagem local.
Para discutir o legado do artista, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Intermuseus promove, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o webinar O legado de Burle Marx: arte e meio ambiente. Com inscrição gratuita, o evento ocorre nesta quarta-feira, 27 de janeiro, a partir das 16h.
A iniciativa é parte do Programa de Requalificação do Sítio Roberto Burle Marx, realizado com o gerenciamento da Intermuseus e com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A programação do webinar conta com a participação de quatro especialistas: Claudia Storino, Andréa Buoro, José Tabacow e Vera Beatriz Siqueira.
Diretora do Sítio Roberto Burle Marx (SRBM) desde 2012, Storino é arquiteta e designer. De 2009 a 2012, foi coordenadora de espaços museais, arquitetura e expografia do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. André Buoro, por sua vez, é diretora executiva do Intermuseus. Mestre em antropologia, coordenou projetos nas áreas de desenvolvimento social, direitos humanos, educação, entre outros, em diversas ONGs, institutos e fundações.
Já o arquiteto e paisagista José Tabacow atuou no escritório de paisagismo Burle Marx por 17 anos. Em 2017, recebeu a medalha Mário de Andrade do Iphan. Completa a programação a historiadora da arte Vera Beatriz Siqueira. Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é autora de distintas publicações, entre elas uma dedicada a Burle Marx. Tanto Tabacow quanto Siqueira foram consultores do Programa de Requalificação do Sítio. Além disso, Siqueira coordenou a nova expografia instalada no SRBM.
O Sítio Roberto Burle Marx
De atuação multifacetada, Burle Marx deixou sua marca em diversos campos da arte: além de paisagista, atuou como pintor, escultor, desenhista e designer. Um vasto panorama da obra do artista está preservado no Sítio Roberto Burle Marx, unidade especial do Iphan. Laboratório da criatividade incessante do artista, o espaço funciona atualmente como um centro cultural.
A 50 km do centro do Rio de Janeiro, em Barra de Guaratiba, o sítio tem 400 mil metros quadrados de área, por onde passa um riacho, com viveiros de plantas, sete edificações, cinco espelhos d’água e um acervo museológico de mais de três mil itens. A coleção botânica, com mais de 3.500 espécies de plantas tropicais cultivadas, é única no mundo. Neste ano, o sítio concorre a Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).