Abraçando cactos
Veronica Moreira: Poema ‘Abraçando cactos’
Tornou-se difícil escrever,
descrever o que se passa aqui dentro de mim.
Mas, se não escrevo,
não me sinto como realmente sou.
Tudo sinto em mim,
embora não consiga explicar.
Apenas sinto, sinto muito,
e não tem nada a ver com lembranças ou saudades.
Não tem a ver com vazios e crenças negativas.
Tem a ver com meus olhos internos,
que veem o que ninguém pode ver.
Ontem, chorei de dor
porque vi a mim mesma antes do naufrágio.
Vi a mim antes da refeição.
Vi a mim antes da ferida.
E vi a mim agora, depois de tudo.
E só agora, depois de tudo o que vi,
percebo quanto tempo perdi
com tudo o que abracei,
pensando que eram flores.
Dói… dói demais perceber
que, o tempo todo,
eu abraçava cactos. E sangrei…
Não até a morte,
mas até reviver outra vez.
Verônica Moreira
Contatos com a autora