Ensaio sobre o banho

Ella Dominici: Poema ‘Ensaio sobre o banho’

Ella Dominici
Ella Dominici

Ensaio sobre o banho
Ensaio sobre o sonho
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o banho que molha
tem algo de peculiar
não é banho à toa
entoa na acústica chuva
que escorrega a alisar
corpo de cima abaixo
parte por parte
pedaço por pedaço
de um inteiro tudo

água desliza devagar
entre todo o universo
de um corpo trêmulo
onde há tanto cansaço
o medo se esquiva
afoga-se mágoas
dúvida se dissipa no ar
das bolhas que dão pulos

e que voam de fato
na insustentável leveza
e a liquidez do tudo
rola pelo buraco do ralo
resquícios do antigo
excessos do moderno
reforma na água sutileza
e a solidão deságua
afoga as fósseis frustrações,

Kathársis humoral

se o castigo das pressões
na ducha faz pele rosada
contrasta com carinho luxo
do líquido que ensaboa
flui facilmente na face
feição torna-se terna
na eterna maçã visage
rubra de calor da água

quente caliente
aproveita
faz foto de fantasmas
felizes de aparecer
pois eram figuras falidas
sempre tidos por falácias

figurar no fundo
de um ser é tarefa feita
não para os fracos
mas ao que é profundo
caçador que extirpa miasmas

em seu banho peculiar
ensaboa pensamentos
quiasmas no enxágue
preconceitos
se soltam na kathársis
a jorrar como a água
que levou seu tudo errado
lavou seus mais que humanos
defeitos perfeitos

Ella Dominici

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Brincando com os sonhos

Eliana Hoenhe Pereira: ‘Brincando com os sonhos’

Eliana Hoenhe Pereira
Eliana Hoenhe Pereira
Vou caminhando e com os sonhos brincando
Vou caminhando e com os sonhos brincando
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Vou caminhando e com os sonhos brincando.

São os meus pés que me dominam,

Enquanto a cabeça nas nuvens descortina.

Os passos trazem leveza, 

 espantam as tristezas,

trazem sensação de renovação

Permitem-me a fugir da monotonia

E a buscar pela harmonia

deixo a brisa da manhã meu rosto acariciar

com os meus cabelos brincar,

No percurso, alguém passou

e cumprimentou-me

Ouvi um Bom dia!

Porém, estava a refletir

e não respondi.

Às vezes bate uma ausência

o céu emudece e até endoidece

ou lembro de uma situação passada

quase sempre engraçada, 

motivos para brotar muitas risadas.

Eliana Hoenhe Pereira

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Leve… Quase igual ao ar…

Clayton Alexandre Zocarato: Poema ‘Leve…Quase igual ao ar…’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
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Vou extrair o que está pelo ar…

Procurando te amar…

Em um mar de abandonar…

Pesado…

E irado…

Como minha alma aflita…

Procurando te encontrar…

Em uma  abóbada…

De formas…

E aromas…

Me  jogando…

No vento…

Sendo um bento…

E rebento…

De uma terna leveza…

Adocicando…

Todo meu coração…

Quase igual as outras doces paixões…

Se afastando de amargas razões…

Fazendo brilhar  novas comoções…

Por entre diversos corações…

Seu respirar…

Se tornou…

Meu louvar…

Para eternamente te agraciar…

Preenchendo todo o  meu sonhar…

Clayton Alexandre Zocarato

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Eliana Hoenhe Pereira: 'Leveza'

Eliana Hoenhe Pereira

Leveza

Viajei na minha companhia

cheia de leveza e alegria

assim como os pássaros

sem pressa para chegar

e em algum lugar pousar

Cruzei tempestades e mares

Misturei-me nas cores

e vi nas flores

a missão de encantar e amar

Nas nuvens flutuei

E deixei  que o vento

pelo meu corpo dançasse

Para o novo me abri

E me apeguei a quem

me fez sorrir

 

Eliana Hoenhe Pereira

eliana.hoenhe1@hotmail.com

 




Eliana Hoenhe Pereira: 'Levar a vida com leveza'

Eliana Hoenhe Pereira

Levar a vida com leveza

O inverno naquele ano estava rigoroso. Liz, como era friorenta, parecia uma turista nos Estados unidos, no mês de novembro. Vestia um sobretudo, botas, gorro e até luvas. Em férias, fora passar uns dias na chácara da família, onde vivera toda a sua infância. Conhecia cada pedacinho do local como a palma da sua mão. As serras estavam tomadas pela neblina, mas a paisagem como sempre “deslumbrante”. Conseguia ouvir o barulho do vento e até mesmo o voo dos pássaros. O cheirinho do café, mesmo longe da casa, impulsionou- a segui-lo e foi logo para a cozinha tomar uma xícara, bem quentinho, “saindo fumaça”, era assim que gostava e a seguir fora caminhar pelos arredores. Em determinado momento parou e olhou para o silêncio do rio que passava lá embaixo e pensou com os seus botões: “Um dia li em algum lugar que a felicidade requer trabalho, não um trabalho intenso, mas que se preste atenção à vida”.

Liz, quando pequena, não conseguia dormir sem antes ouvir as histórias contadas pela mãe, fossem bonitas ou feias, de princesas ou assombrações, porém, todas aguçavam a sua imaginação e dessa imaginação para o mundo dos sonhos, onde tudo era permitido. A mãe era uma mulher muito simples, livre, sem medos parecia um cântico de ninar envolvido nas ondas do mar. Seu rosto era notável, deveria ter vivido muitas existências e acumulado às experiências, pois somente uma pessoa como ela seria capaz de ter rompido tantas barreiras e, contudo, ver a vida passar em leveza, sem pressa e sem tropeços.

 

Eliana Hoenhe Pereira

eliana.hoenhe1@hotmail.com