Gerir e liderar, com arte e ciência

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Gerir e liderar, com arte e ciência’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Gerir e liderar, com arte e ciência
 Imagem gerada por IA do Bing - 4 de novembro de 2024
 às 11:32 PM
Gerir e liderar, com arte e ciência
 Imagem gerada por IA do Bing – 4 de novembro de 2024
às 11:32 PM

A superior e inultrapassável diferença entre gerir e liderar pessoas, e administrar outros recursos, como máquinas, capitais, objetos, coisas, mercados e situações técnico-científicas, localiza-se, imediatamente, na comunicação e relacionamento interpessoais: pura e simplesmente, a relação pessoa-objeto situa-se a um nível inferior e instrumental ao da relação pessoa-pessoa, ou pelo menos, assim deveria ser. 

Acredita-se que será impossível gerir e liderar pessoas sem a comunicação com elas, e entre elas, suportada num genuíno processo de relações humanas, seja no campo estritamente profissional, seja num quadro mais abrangente, nos contextos da família, da escola, da Igreja, da comunidade, inclusivamente no âmbito da ocupação dos tempos livres e de lazer.

Comunicação e relacionamento humanos, são faculdades que toda a pessoa deverá cultivar, como se de uma competente atividade profissional se tratasse, porque o indivíduo humano é portador de capacidades inatas, mas também tem de aprender, no seio do grupo, e da comunidade de que faz parte, todo um vasto conjunto de procedimentos, que o tornam único num mundo onde muitos outros seres se movimentam. 

O paradigma técnico-científico instalado, dificulta muito, pelo menos em certos círculos, uma maior valorização e compreensão da importância de valores não comprovados cientificamente, sendo certo que é tempo de as várias disciplinas trabalharem em conjunto, para um mundo melhor.

O gestor e/ou líder de um grupo, quaisquer que sejam as características, atividades e objetivos do grupo deve, portanto, estar preparado para compreender a complexidade humana, enquadrá-la num determinado contexto específico, conduzir a equipa por forma a serem alcançados os resultados institucionais, coletivos e/ou do grupo bem como a satisfação de cada elemento, individualmente considerado, não como objeto, máquina ou qualquer outro instrumento, mas como pessoa humana, dotada de valores, detentora de direitos e responsável pelo cumprimento de deveres. 

Estabelecer o equilíbrio, por vezes precário, entre os diferentes e até contrários pontos de vista e conciliar os interesses, legítimos e legais, das partes envolvidas num dado projeto, constitui uma tarefa que exige bom senso, prudência, arte e criatividade. 

É desejável que o gestor, e/ou líder, seja um autêntico camaleão, no sentido positivo do termo, isto é, capacitado para se adaptar, eficazmente, às diversas situações que lhe vão surgindo. 

Como em muitos outros domínios da atividade humana, é essencial uma boa preparação em relações humanas, assente numa comunicação, tanto quanto possível, assertiva, e o exercício permanente de boas-práticas de convivência com os seus semelhantes, enquanto pessoas com dignidade idêntica. 

Nenhum gestor, líder ou colega, tem o direito de humilhar, desrespeitar, desvalorizar e/ou desconsiderar a pessoa com quem tem de se relacionar, enquanto integrados no mesmo grupo de trabalho, bem como em quaisquer outras circunstâncias.

Gerir, e/ou liderar, recursos humanos envolve grande empenhamento, por parte do responsável a quem cabe esta função, no sentido de se esforçar permanentemente para, até por antecipação, detetar e resolver situações próprias da condição humana que, de alguma forma, afetam o trabalho e o relacionamento das pessoas sob as ordens do líder. 

Cada pessoa é, por si só, um mundo interior de múltiplas dimensões, que ela própria, algumas vezes, terá dificuldade em compatibilizar e, quando não o consegue, cria situações que se exteriorizam, em comportamentos, mais ou menos favoráveis, ou não se manifestando de forma evidente, tornam o relacionamento interpessoal mais difícil. 

Cabe ao líder proporcionar as condições para que as pessoas que lidera se sintam à-vontade, comuniquem quaisquer dificuldades que surjam e possam prejudicar, no todo ou em parte, o desempenho profissional.

Acontece que, enquanto o gestor aborda as situações de uma forma analítica e sistemática, o líder desenvolve a sua apreciação numa perspectiva de síntese, produz orientações para as mudanças que são necessárias implementar. 

Infere-se do exposto, que é fundamental uma boa capacidade de comunicação, entre todos os membros do grupo, conjugada com um bom relacionamento humano, porque comunicar entre pessoas, que se relacionam sem dificuldades, nem preconceitos, constitui uma boa plataforma para os possíveis e desejáveis bons entendimentos e, correlativamente, para a busca e aplicação de soluções para os problemas e situações surgidos. 

Como estratégia possível, o exemplo de comunicação fluida deve partir de quem detém a liderança, para que todas as demais pessoas, pertencentes a um determinado grupo, fiquem desinibidas, comecem a confiar e exponham, abertamente, os seus problemas, sem reservas nem receios de serem criticadas negativamente.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Diamantino Loureiro Rodrigues de Bártolo: ‘Poder. Sabedoria. Ignorância. Liderança’

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

‘Poder. Sabedoria. Ignorância. Liderança’

É da natureza do ser humano alcançar o poder, qualquer que ele seja: familiar, profissional, político, económico, académico, cultural, militar, religioso e até de influência. O poder seduz com muita intensidade, naturalmente: a umas pessoas, mais do que a outras; mas ele é inerente à condição humana e, inclusivamente, a muitos outros animais que connosco coabitam neste planeta.

Quando se aborda o conceito de poder, muitas vezes o estudo, a conversa, o texto, vai no sentido do “Poder Político”, talvez, porque, na maior parte das situações, será a partir daquele que as restantes formas de “domínio” vão ficar subordinadas, por isso, os políticos têm uma responsabilidade acrescida quanto: à forma, conteúdos e objetivos de como exercem o poder, porque das suas decisões depende, em grande parte, a estabilidade, ou não, da sociedade.

O poder político, de facto é, em muitas circunstâncias, e para diversas pessoas, a “porta de entrada” para um novo mundo de superintendência, sobre os seus semelhantes, sendo certo que, muitas vezes, depois de assumirem as rédeas da influência, do “domínio”, da prepotência e da arrogância, esquecem, totalmente, quem as ajudou a chegar ao “pedestal” do poder político, ou, inclusive, de outros poderes, mas sempre, do poder.

A política será tanto mais nobre, e altruísta, quanto melhor servir os interesses das pessoas, e mais eficazmente resolver os seus problemas. Ao longo da História, os processos para se chegar ao poder, foram variando: desde os mais violentos aos mais brandos e democráticos, embora os primeiros, em alguns regimes ditatoriais, sejam os que se impõem; os segundos, por vezes, degeneram em hipocrisia, cinismo, disfarce, para se alcançarem outros objetivos inconfessáveis.

O exercício do poder, em princípio, deveria pressupor sabedoria, sobriedade e respeito por todas as pessoas, sobre as quais um determinado domínio se realiza. Infelizmente, o que se verifica é que um elevado número de “poderosos”, ou que buscam a todo o custo o poder, não estão preparados para o assumirem com: isenção, competência, sabedoria e humanismo. Não são líderes democráticos.

A disputa pelo poder, é tanto mais intensa, e traiçoeira, quanto mais importante e influente é a natureza do cargo, que concede tal “autoridade”. Há postos/funções, para determinadas instituições, em que, mesmo entre os associados, quando existem, é muito difícil reunir um grupo de pessoas para assumirem tarefas nos corpos sociais, o que conduz, muitas vezes, a crises de dirigismo, e à extinção de tais organizações.

Em contrapartida, para diversos cargos, de natureza: política, desportiva de alta competição, social, entre outros, as candidaturas não faltam, o combate entre os diferentes adversários (por vezes, até se tornam inimigos de morte) atinge proporções de tal forma inimagináveis, que as consequências são imprevisíveis e, muitas vezes, irreparáveis, para grande parte dos candidatos.

A contenda pelo poder, sempre que os candidatos têm meios financeiros para organizarem uma campanha profissional, agressiva e, infelizmente, com alguns pretendentes, direcionada para o ataque pessoal, realmente “não olha a meios para atingir os fins”, ou seja: o poder, a qualquer preço.

Com o objetivo de se conquistar o poder, nomeadamente o poder político, bem como o exercício de altos cargos, os concorrentes, comissões de candidaturas e os seus mais diretos apoiantes, aceitam donativos, quotizam-se e contratam as melhores agências publicitárias, naturalmente, em função dos recursos financeiros disponíveis, para implementarem no terreno, fortes campanhas eleitorais.

Construir, artificialmente, um líder, hoje em dia, é relativamente fácil, como igualmente é possível apresentá-lo com valores humanistas, e todo um conjunto de qualidades e competências, ou seja: é como vestir a “pelo do cordeiro, no corpo do lobo”; ou então, é colocar-lhe uma “máscara” de intelectualidade, cultura, sabedoria e experiências de vida (tudo comprado a preço de ouro).

A sociedade mundial, vive preocupada com a falta de lideranças esclarecidas, autenticamente humanas, que saibam hierarquizar os objetivos, as estratégias e os meios para os alcançar. Governantes sensíveis aos maiores flagelos da atualidade, que se coloquem, efetiva e inequivocamente, ao serviço de quem confiou nas promessas que durante a “luta” eleitoral fizeram, são poucos.

Mas é claro que não se pode responsabilizar, genérica e totalmente, todos os políticos, ou outros dirigentes de diferentes instituições e objetivos. Todas as pessoas cometem erros, e os políticos são seres humanos, como quaisquer outras individualidades, acreditando-se, inclusivamente, que na maioria dos casos, não o fazem com intenção premeditada, para prejudicar os seus concidadãos.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

site@nalap.org