Educação fim de linha

Renata Barcellos: Artigo ‘Educação fim de linha’

Renata Barcellos
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Imagem criada por IA da Meta
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Findo o ano de 2025 aposentada na matrícula mais antiga da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Formei-me em 1996 em Português/Francês. São quase trinta anos de ensino de língua materna e estrangeira. Quando iniciei a docência, ministrava aulas em cursos de línguas no município do RJ e, na baixada, especificamente, no Sargento Roncalli. De lá, tenho ótimas recordações de alunos e fiz amigos. Nesse período, dediquei-me a pesquisas. Fui do curso de extensão ao doutorado. Minha prática pedagógica foi sendo aprimorada à medida que eu ia desenvolvendo pesquisas.                                                                            

     Como a palavra “educação” tem origem no latim e se conecta a duas raízes: educare (“criar”, “nutrir”, “alimentar”) e educere (“conduzir para fora”), a etimologia sugere a ideia de guiar o indivíduo para fora de si mesmo, desenvolvendo seu potencial e preparando-o para o mundo. Essa concepção norteou minha prática pedagógica até hoje. 

     Entretanto, chegar à aposentadoria e ao fim deste ano letivo e constatar o desmonte da EDUCAÇÃO é lamentável. Anos de dedicação, estudo, de práticas inovadoras, matérias, artigos, livros e ebooks publicados para me encontrar em um CAOS: professores doentes, alunos desinteressados, carga horária excessiva, má formação e infraestrutura, assédio moral…                                                                          

     Especialistas alertam que a romantização da docência e a ausência de legislação federal específica criam um cenário de “violência invisível” e impunidade. Isso acarreta o padecimento em massa nas escolas (de todos os envolvidos: do aluno à direção). Na sala de aula, professor se depara com falta de material, desrespeito, muitas vezes, Bullying, a desordem impera. E todos adoecem. Há relato de que o professor passou mal em sala no fim do turno e levou falta por ter saído umas horas antes de findar o horário. Muitas denúncias de assédio moral. A prática vem atingindo “níveis alarmantes”, onde o ambiente escolar TÓXICO está se transformando em um local de adoecimento físico e/ou psíquico.                                                                                                                                          

       A sala de aula se tornou um ringue. Vence quem é o mais astuto. Nós, professores, entramos em um campo de batalha, minado. Por mais que organizemos as atividades, jamais poderemos imaginar o que nos acontecerá. Os nervos vivem à flor da pele. Qualquer barulho abala nosso sistema nervoso. Constantemente, estamos “no limite”.                                                                                             

      Vale ressaltar que o professor não é um missionário. Somos profissionais! Porém, muitas vezes, ainda a sociedade nos vê como “segunda família”. Impera uma visão romantizada da docência. Isso acarreta um mecanismo de silenciamento. Porque somos “SUPER HERÓIS”. Há uma cultura de que a culpa da violência institucional é nossa. Por quê? A que ouvimos e lemos constantemente: não somos competentes, não temos domínio de turma, não organizamos uma aula motivadora, não construímos o conhecimento, não temos capacitação para lidar com as múltiplas deficiências… Triste realidade! Estamos exaustos! Desmotivados! Abalados!                                                           

       O Brasil lidera rankings internacionais de violência contra professores (OCDE). O resultado prático é o esvaziamento das licenciaturas (ainda mais com a reforma da previdência) e o aumento exponencial da Síndrome de Burnout. A escola é uma instituição de construção de conhecimento. Não triturador de sonhos. Este local precisa ser frutífero: disseminador de conhecimentos, realização de descobertas…. Um local de satisfação, contemplação… Jamais de destruição de corpo e alma.                                                                                                                                                 

       Para quem veste a camisa da Educação, diariamente, é desolador, aterrorizante ler notícias de ataques (seja lá qual for a natureza da violência) nas escolas.  Passei minha vida em sala de aula (ora como aluna ora como professora) e jamais poderia imaginar que viveria uma total desordem neste ambiente de construção de conhecimento. Como professora de literaturas, na atualidade, raramente, um aluno lê o texto sugerido. Aliás, até mesmo professor pouco lê muitas vezes. Estamos na Era do Imediatismo, de consulta à IA… Quem “gasta” seu “HD” refletindo…?                                                                                          

      Devemos entender que a vida é um grande palco, interpretamos a todo momento. Mas no palco da sala de aula, ninguém quer ser o “palhaço”. O aluno precisa ser orientado de que estudar é um ato solitário. Precisamos de silêncio para refletir, estabelecer relações. A vida não é uma grande festa 24 horas.                                                                                        

      E, no “apagar das luzes” de 2025, a rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro está divulgando uma mudança feita por meio do decreto nº 49.994/2025  decreto assinado pelo governador do estado, Cláudio Castro. Este com o objetivo de reduzir a evasão escolar, o governo do Rio de Janeiro autorizou que “alunos do ensino médio reprovados em até seis disciplinas possam avançar para a série seguinte. Esses deverão cumprir um regime especial de recuperação no ano seguinte, no qual deverá ser concluído até o fim do primeiro trimestre”. 

      No caso dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, o limite de reprovações reduziu para três disciplinas. Se aprovados na recuperação, poderão receber o certificado de conclusão do Ensino Médio. Concorda?                                                                                                     

     A questão é: para esta Geração Alpha (2010-2025 – os mais jovens, nascidos em um ambiente digital e imersos em tecnologia), há sentido em estudar? Quem estudará? Alguém prestará atenção no professor? Como preparar os alunos para ENEM, UERJ, PUC RJ com esta alteração? Há 30 anos preparo para exames externos (esses e para ingresso na carreira militar), especificamente os alunos da rede Estadual do RJ, nunca vi tamanho desinteresse já neste ano de 2025. Estou imaginando a partir de 2026 como será.                                                                                                                                           

      Quanto às leis nº 10.639/2003 (estabeleceu o ensino da cultura afro-brasileira) e 1.645/2008 (ampliou essa obrigatoriedade ao incluir a cultura e história dos povos indígenas), urge apresentar escritores, escola literária a qual pertence e seu estilo. Fica a dica para conhecerem outros autores contemporâneos no ebook Navegando nas Literaturas afro-brasileiras e indígenas.  

       Por uma educação de qualidade!!! Os alunos da Rede Estadual do Rio de Janeiro merecem ser bem preparados!!! Abaixo o decreto nº 49.994/2025 !!!!

Renata Barcellos

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Reflexões sobre a definição de Literatura

Renata Barcellos

‘Reflexões sobre a definição de Literatura’

Renata Barcellos
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Capa do livro ‘Poesia Visual’ Entrevistas & Práticas pedagógicas

A literatura (do latim littera, que significa ‘letra’) é uma das manifestações artísticas do ser humano, assim como a música, a dança, o teatro, a escultura, dentre outras. Ela é objeto de estudo de vários pesquisadores e teóricos no sentido de definir o que pode representar. E, nas últimas semanas, está no centro das discussões por causa de considerações divergentes sobre o que abrange esta área do conhecimento.    

A princípio, é um termo abrangente. Muitos entendem tudo sendo literatura. Dessa forma, como classificar os textos diversos: literário e não-literário? Há de se mencionar o impasse de conceitos norteadores da literatura: os termos ficção e invenção. Ficção refere-se a narrativas, obras artísticas ou criações da imaginação humana, que não são baseadas em factos reais ou na realidade. Pode manifestar-se em diversos meios, como livros, filmes, séries de televisão, peças de teatro e videojogos. Exemplos comuns incluem a ficção científica (ao explorar conceitos científicos e tecnológicos) e outros géneros como o romance, o suspense e a fantasia.  Vale dizer que a literatura é composta de ficção.  

Se, por um lado, o romance é invenção (para Calvino: inventar em literatura é redescobrir palavras e histórias deixadas de lado pela memória coletiva e individual); por outro lado, a poesia é fingimento: “o poeta é um fingidor” (o verso inicial do poema ‘Autopsicografia’ de Fernando Pessoa). Nesse sentido, ‘literar’ é dar asas a imaginação. Permitir que a imaginação aflore para belos textos redigir.   

A partir dos dicionários e dos estudos de diversos pesquisadores, há várias definições do que pode ser esta manifestação artística. Mas, ainda assim, permanece no âmago das discussões o conceito de ‘literário’. E percebe-se definir como um conceito técnico e objetivo seria impossível em virtude da complexidade da literatura.

Os textos literários possuem uma função muito importante para o ser humano, de forma que provocam sensações e produzem efeitos estéticos os quais nos fazem entender melhor nós mesmos, nossas ações, bem como a sociedade na qual vivemos. Ela possui um importante papel social e cultural envolvido no contexto no qual foi elaborada, posto que abarca diversos aspectos de determinada sociedade, dos homens e de suas ações. Portanto, provoca sensações e reflexões no leitor.   

Como se pode constatar que conceituar ‘literatura’ compreende uma tarefa árdua e de definições subjetivas, visto que não há consenso entre as correntes literárias e os críticos que se propõem a conceituá-la. Algumas muito divergentes entre si, assim, surgindo dissonâncias quanto a conceituação. Vejamos abaixo algumas definições:

“A Literatura é mimese, é a arte que imita pela palavra” (Aristóteles-IV a. C).  

 “A literatura é a expressão da sociedade, assim como a palavra é a expressão do homem” (Louis de Bonald, XIX).

“Os poetas sentem as palavras ou frases como coisas e não sinais, e sua obra como um fim e não como meio, como uma arma de combate” (Sartre-XX). 

“Literatura é uma questão centralizada em aspectos textuais e de linguagem, minimizando fatores extratextuais” (Souza, 2005).   

“Literatura é um sistema composto pela tríade: obra, autor, leitor de dada época histórica” (Candido, 2006).   

“Literatura é a expressão de conteúdos ficcionais, por meio da escrita” (Moisés, 2007);

Para os Formalistas Jackobson e Tinianov, a Literatura é a linguagem que chama sobre si mesma. Apesar da visão formalista se prender a forma e a estrutura e não ao conteúdo, esse conceito é bem atual. Para os Formalistas, a literatura estava nas facetas usadas pelo autor na montagem da obra. Com o passar do tempo, outras percepções como a da literatura como forma e conteúdo.    

Vale destacar a percepção de Boff: “Cada um ler com os olhos que tem”. Por isso, a Literatura é o que representa para cada um, um fio condutor entre autor, texto e leitor. O fazer literário é proporcionar ao leitor, ao navegar pelas páginas, experimentar espantosa e prazerosamente a viagem pelas entrelinhas nos textos.  

Sendo assim, de acordo com Maria do Socorro Pereira de Almeida (professora da CESVASF), a Literatura é “a vida e a energia das letras colocadas lado a lado, é ela que dá alma ao corpo do texto. Ela não é força que domina, mas a energia que anima, é o grito que chama, evoca, é a fonte do saber que nunca termina”.   

A arte literária representa recriações da realidade produzidas de maneira artística, ou seja, que possui um valor estético, donde o autor utiliza das palavras em seu sentido conotativo (figurado) para oferecer maior expressividade, subjetividade e sentimentos ao texto.

Conforme o esquema proposto por Aristóteles, os gêneros literários eram divididos em:

Gênero Lírico (“palavra cantada”): possui um caráter sentimental com presença do eu lírico, por exemplo: poesias, odes e sonetos.

Gênero Épico (“palavra narrada”): possui um caráter narrativo, ou seja, envolve narrador, personagens, tempo e espaço, como: romances, contos e novelas.

Gênero Dramático (“palavra representada”): possui um caráter teatral, ou seja, são textos para serem encenados. Exemplo: tragédia, comédia e farsa. 

Concluímos com a definição de alguns estudiosos:

Claudio Daniel (poeta, romancista, crítico literário e professor de literatura. Nasceu em 1962, na cidade de São Paulo (SP). Cursou o mestrado e o doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). Realizou o pós-doutoramento em Teoria Literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi diretor adjunto da Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, curador de Literatura no Centro Cultural São Paulo, colunista da revista CULT e editor da Grou Cultura e Arte.

Atualmente, Claudio Daniel ministra aulas online de criação literária no Laboratório de Criação Poética. Publicou diversos livros de poesia, ensaio e ficção, entre eles Cadernos bestiais: breviário da tragédia brasileira, Portão 7, Marabô Obatalá, Sete olhos & outros poemas e Dialeto açafrão (sob a lua de Gaza):

“Ezra Pound dizia que literatura é linguagem carregada de significado, e que grande literatura é linguagem carregada de significado até o máximo grau. Isso significa que a literatura tem duas camadas de leitura, uma referencial, a outra estética. A literatura brasileira atual, como assinalou a grande professora Aurora Bernardini, subordinou o estético ao referencial, por uma questāo de mercado e de marketing. Deixou de fazer arte para produzir mercadorias, que fazem sucesso na mídia e nas feiras literárias, mas fracassam enquanto arte. Felizmente, temos ainda grandes escritores vivos, como Raduan Nassar, Milton Hatoum, Ignácio de Loyola Brandāo e poucos mais”.

 EURICO NACHIOCOLA CARMONA (Mestrando em Literaturas em Língua Portuguesa, colunista no Jornal O Pais, desde 2020, membro do Movimento Litteragris e do Círculo de Estudos Literários e Linguísticos Litteragris. Docente na Escola Superior Pedagógica do Bié e Editor-chefe na Ondaka Yetu Editora):

“A literatura é um campo de abordagem filosófica, onde a imaginação do artista vai além do óbvio, ele destrói, constrói e reconstrói mundos de sentidos, que sugerem diferentes perspectivas aplicáveis na sociedade, política, cultura e na religião”. 

E para você, leitor, o que é esta manifestação artística?

Renata Barcellos

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Carla Tabor

Jovem autora lança livro sobre amamentação e reforça a importância do cuidado humanizado

Carla Tabor
Carla Tabor

Aos 21 anos, a paranaense Carla Vitória Tabor Ferraz, ou simplesmente Carla Tabor, tem se tornado uma referência quando o assunto é amamentação e cuidado materno-infantil.

Estudante de Enfermagem, no último ano da graduação, Carla é autora do livro Como Lidar com a Amamentação, uma obra escrita com empatia, conhecimento e muita dedicação.

Natural de Piraí do Sul e atualmente morando em Ponta Grossa, Carla une sua formação acadêmica à sensibilidade de quem realmente escuta e acolhe.

Desde 2023, vem se especializando na área materno-infantil, participando de grupos de apoio e atuando diretamente com gestantes.

Sua conexão com o tema nasceu da vivência com essas mulheres e se fortaleceu com cada troca de experiência.

O livro surgiu como um guia prático e emocional para mães, pais e famílias que enfrentam os desafios da amamentação.

Com linguagem acessível e baseada em dados científicos, Carla trata desde os aspectos fisiológicos do aleitamento até as questões emocionais do puerpério, oferecendo uma abordagem completa e humana.

Além de futura enfermeira, Carla também é empreendedora e comanda uma pequena empresa de artigos religiosos.

O espírito comerciante, segundo ela, está no sangue herdado da família, dona de uma tradicional lanchonete em sua cidade natal.

Carla Tabor representa uma nova geração de profissionais da saúde: comprometida com a ciência, mas também com o afeto.

Seu livro é mais do que um manual, é um gesto de cuidado com as mães, os bebês e as famílias que vivem intensamente esse início de vida.

Assista à resenha do canal @oqueli no YouTube

SINOPSE

A amamentação é um dos momentos mais intensos e significativos da maternidade, mas também pode ser repleto de desafios e dúvidas.

Em “Como Lidar com a Amamentação”, Carla Tabor oferece um guia essencial para mães e pais, desmistificando o processo e proporcionando orientações práticas para tornar esse momento mais seguro e prazeroso para mãe, bebê e família.

Com base em estudos e abordagens cuidadosas, o livro apresenta desde as primeiras dicas para o início da amamentação até a resolução de problemas comuns, trazendo uma perspectiva realista e acolhedora sobre o tema.

Carla, com seu olhar atento e sensível, busca oferecer um apoio emocional importante durante esse processo, ajudando a construir uma experiência de amamentação mais tranquila e confiante.

Este livro é o companheiro ideal para aqueles que desejam se aprofundar nos cuidados essenciais e nos aspectos emocionais dessa fase tão importante da vida de um bebê.

OBRA DA AUTORA

Como lidar com a amamentação
Como lidar com a amamentação

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Na Terra da Asa Branca

Virgínia assunção:

‘Na Terra da Asa Branca- Uma bricolagem literária com Luiz Gonzaga’

Virgínia Assunção
Virgínia Assunção
Imagem criada por IA do Bing - 16 de junho de 2025,  às 18:20 PM
Imagem criada por IA do Bing – 16 de junho de 2025,
às 18:20 PM

Naquela tarde, quando “a asa branca bateu asas do sertão”, seu Luiz já sabia: era dia de arrastar o pé. A sanfona gemia no canto da sala, chamando feito menino pidão. E lá vinha ele, chapéu de couro, olhar matuto e um sorriso que dizia mais que mil palavras: “Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo…”

A vizinhança já se ajuntava na frente da casa. Dona Maria vinha rindo com o vestido de chita novo, florido, toda faceira:
— Hoje tem forró, seu Luiz?
— Tem sim, sinhá! “Simbora, sanfoneiro, bota o fole pra chiar!” Vem cá cintura fina, cintura de pilão, porque tá é danado de bom.“

E assim começava a festança. No terreiro, o pó da estrada dançava com o povo. “Qui nem giló” era só no prato, porque tristeza ali não entrava. Até a moça mais enfezadinha, aquela da cidade grande, soltou um “eu só quero um xodó, que alegre o meu viver”, e foi logo rodando com Zé da Cacimba.

“Respeita Januário!” — gritou alguém, quando o sanfoneiro tentou improvisar demais. O velho Januário, pai de Luiz, só olhou e sorriu de canto, como quem diz:
“Esse menino vai longe…”

E foi.

No meio da dança, Luiz contava causos, misturando histórias com versos:
“Seu doutor, uma esmola pra um homem que é são…”
“Mas seu Luiz, isso é música ou apelo?”
— “É só verdade, compade.”

O sanfoneiro mudou o tom e puxou um baião:
— “Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião… meu amor não vá simbora,
fique mais um bucadinho, vamo dançar mais um tiquinho?
E não é que até o padre entrou na roda, de batina e tudo?

A Lua subia no céu de festa, e o povo cantava junto: — “A vida do viajante é andar por esse mundo de meu Deus…” Mas ali ninguém queria partir. Cada música era um abraço. Cada riso, um retrato de um
Brasil que dança mesmo com a dor no coração, ao som do rei do baião… tem pena d’eu…

Teve menino cantando “Xote das meninas”, teve vó que se lembrou do tempo em que dançava “Assum Preto” agarradinha.
— “Lá vai a marruá…” — gritou um dos netos, correndo com o cachorro atrás.

O forró seguia firme, sem hora pra acabar. “O que me enche o coração é o olhar
dessa moreninha, meus amô!“
Até que seu Luiz, cansado de tanto fole e suor, sentou
na cadeira de palha e disse:
“Oia eu aqui de novo…”
— “Vai embora não, seu Luiz!”
— “Mas já? Ainda tem “Pau de Arara”
pra cantar!

E assim, entre um xote e um chamego, “um se deita em meu cangote”, um “pedi pra São João antigo trazer mais alegria, tinha tanta poesia, amor e animação”, no São João do passado, a noite virou poesia viva. Seu Luiz sorria, e no seu sorriso cabia o sertão inteiro — com seca, com festa, com fé.

Na despedida, ele ainda cantou baixinho:
— “Se a gente lembra só por lembrar do amor que a gente um dia perdeu…”
E o povo respondeu em coro:
— “Saudade inté que assim é bom, pro cabra se convencer que é feliz sem saber…”

Foi-se a festa, mas ficou no ar o cheiro do baião, o som do fole e a certeza de que, enquanto houver sanfona e o coração de um nordestino batendo, Luiz Gonzaga nunca vai embora de verdade.

Virgínia Assunção




A Brasileira na Montanha

Uma história de amor, otimismo e luz em forma de livro

A Brasileira na Montanha

Faiza Anjos, nome que já carrega poesia em si, compartilha com o mundo um capítulo especial de sua vida — e não está sozinha nessa jornada.

Ao lado de seu companheiro, formam um casal na casa dos 30 anos que exala alegria, otimismo e cumplicidade.

Juntos, decidiram abrir as páginas de sua história e transformá-las em um livro, não como um ponto final, mas como um ponto de encontro: entre eles, entre os leitores e entre as tantas formas de amar.

O livro, ainda envolto em delicadeza e frescor, é uma celebração da caminhada a dois.

Mais do que relatar fatos, ele oferece sentimentos: a descoberta do outro, os sonhos partilhados, os desafios enfrentados com leveza e a construção de uma vida baseada em esperança e parceria.

A obra não se prende a grandes eventos ou feitos extraordinários.

Ao contrário, seu encanto está nas entrelinhas, nos pequenos gestos, nos momentos cotidianos que, juntos, se tornam extraordinários pela força do amor e pela escolha consciente de olhar a vida com bons olhos — mesmo quando ela insiste em testar o fôlego.

Neste livro, há espaço para sorrisos largos, lembranças doces, reflexões sinceras e, acima de tudo, para o afeto que pulsa forte em cada página.

É um convite ao leitor: para sentir, lembrar, sonhar — e talvez até se reconhecer.

Porque histórias de amor escritas com verdade têm esse poder silencioso de tocar o coração do outro.

Os autores construíram um espelho de emoções e memórias, onde cada leitor é livre para se ver, se emocionar e, quem sabe, também acreditar que o amor — quando cultivado com alegria e otimismo — é uma das narrativas mais bonitas que se pode viver.

Assista à resenha do canal @oqueli no YouTube

SINOPSE

Clara nunca teve escolha; precisou ser trabalhadora e organizada para cuidar dos irmãos, avó e pai, apesar de ser tão jovem.

No Rio de Janeiro, ela é guia turística, trabalho que a coloca no caminho de Pedro, um ambicioso executivo português que mora na Suíça.

O encantamento é instantâneo, mas as realidades dos dois, distantes.

Quando Clara decide aceitar o convite de Pedro e ir para a Europa, ela percebe que nunca realmente viveu de verdade.

E quando forças externas e internas ameaçam esse grande amor, os dois terão que decidir se estão prontos para abandonar tudo o que pensam saber e desejar.

A Brasileira na Montanha é uma história inspirada em pessoas e fatos reais, um romance perfeito para quem sonha em viver a vida ao máximo e entregar-se para tudo o que o mundo tem a oferecer.

OBRA DOS AUTORES

A Brasileira na Montanha

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Novo mundo – A face sombria da paz

Resenha do livro ‘Novo Mundo – A face sombria da paz’, de Li Ferreira, pela Editora Uiclap

Novo Mundo - a face sombria da paz.
Novo Mundo…

RESENHA

Em um cenário apocalíptico, de repente, a pequena cidade de Arujá se vê isolada, sem possibilidade de entrada ou saída.

O caos toma conta e, no meio da tragédia, Fernanda, uma mulher comum, se vê obrigada a lutar pela sobrevivência, enquanto cuida de três crianças, sem saber o que o amanhã pode trazer.

Esta narrativa envolvente mergulha no limite das emoções humanas, explorando o quanto somos capazes de suportar e realizar quando a única coisa que nos resta é a esperança.

A trama nos leva a refletir sobre o poder da resiliência e a força interior que muitas vezes nem sabemos que possuímos.

A história de Fernanda é uma verdadeira lição de coragem, mostrando como, mesmo nas piores circunstâncias, o espírito humano pode se renovar e se fortalecer.

Uma leitura que, sem dúvida, vai emocionar e fazer o leitor repensar suas próprias capacidades diante da adversidade.

Incrível!

Assista à resenha do canal @oqueli no Youtube

SINOPSE

Novo Mundo, um lugar carinhosamente planejado para oferecer aos seus queridos moradores uma vida livre de corrupção, violência, desigualdade social e financeira.

Um lugar que te proporcionará saúde de qualidade e excelência na educação”.

Foi essa a proposta do Comando quando fechou Arujá e matou grande parte da população.

Fiquei por dias esperando meu marido vir resgatar a mim, nossos filhos e nossos cachorros.

Mas quando percebi que esse dia talvez nunca fosse chegar; quando percebi que ele poderia nem estar vivo e sem saber quanto tempo tínhamos até a próxima chacina, decidi que continuar vivendo sob a opressão do Comando não é uma opção pra nós.

Eu ainda não sei como e nem quanto tempo vai demorar, mas, tirar minha família deste inferno se tornou minha prioridade.

SOBRE O LIVRO

Até hoje, a autora de Novo Mundo – A Face Sombria da Paz se questiona sobre o ponto de partida de sua criação, mas a resposta ainda parece distante.

O que a motivou, inicialmente, foi uma vontade imensa de escrever algo.

Apaixonada por filmes e séries, sua mente nunca parava de criar histórias baseadas nas tramas que assistia.

A ideia de uma história distópica, com uma protagonista forte e guerreira, surgiu naturalmente.

E para tornar essa narrativa ainda mais pessoal, escolheu Arujá, sua cidade natal, como o cenário principal, embora tenha incorporado locais fictícios ao longo da trama.

Embora a inspiração inicial tenha vindo da série O Conto da Aia, o projeto logo tomou um rumo próprio. Novo Mundo foi se afastando da influência da série e criando uma identidade única, tanto em sua história quanto nos personagens.

Durante esse processo, um incentivo fundamental veio de seu irmão, o que a impulsionou a tomar a coragem necessária para publicar seu livro.

A obra é contada em primeira pessoa por Fernanda, uma mulher comum, trabalhadora, esposa, mãe, amiga e dona de casa. Ela narra, em tempo real, os eventos de um golpe militar que atinge sua cidade.

Quando Arujá é invadida por militares autointitulados “Comando”, que oferecem uma oportunidade para os moradores que desejam sair antes do início de um toque de recolher, a cidade mergulha no caos.

Diante da iminente ameaça, Fernanda tem um único objetivo: tirar sua família da cidade.

Mas, com todas as rotas congestionadas e tomadas pelo desespero, ela retorna para sua casa com seus filhos e sua sobrinha minutos antes de o toque de recolher ser implementado.

Enquanto os moradores tentam processar o que está acontecendo, a promessa de um “Novo Mundo” de paz e igualdade se transforma em um pesadelo quando uma chacina aberta é perpetrada diante dos olhos de todos.

Sem saber o paradeiro do marido e com o peso de cuidar sozinha de seus filhos e sobrinha, Fernanda se vê encurralada.

Com a cidade tomada por um regime opressor e a sensação de que ninguém viria em seu socorro, ela toma uma decisão: se não for ela mesma a resgatar sua família, ninguém mais o fará.

Agora, sem saber exatamente como, mas determinada a salvar seus entes queridos, Fernanda se prepara para enfrentar uma luta implacável.

Ela não medirá esforços para garantir a segurança de sua família, e sua jornada de coragem e superação está apenas começando.

Novo Mundo – A Face Sombria da Paz é mais do que uma história distópica; é uma reflexão sobre o poder da resiliência humana em tempos de adversidade.

SOBRE A AUTORA

Com 38 anos e moradora de Arujá desde o nascimento, Li Ferreira, autora de Novo Mundo – A Face Sombria da Paz é um exemplo de dedicação e perseverança.

Com uma carreira de 18 anos no setor administrativo de uma mesma empresa, ela equilibrava sua rotina de trabalho com a vida pessoal.

Li Ferreira
Li Ferreira

Casada há 21 anos, mãe de dois filhos e tutora de dois huskys, sua vida sempre foi marcada pela convivência familiar e pela rotina intensa.

Recentemente, ela e o marido decidiram se aventurar em um novo ramo de negócios e adquiriram uma loja de distribuição de chaves e ferramentas no centro de São Paulo.

Enquanto seu marido é responsável pelo setor comercial, ela cuida da parte administrativa e financeira do empreendimento.

Mesmo com a agenda lotada e os desafios diários de conciliar a vida profissional e pessoal, ela sempre se empenha para dar o seu melhor em tudo o que faz.

Foi nesse cenário agitado que, contra todas as dificuldades, ela encontrou tempo e força para concluir Novo Mundo – A Face Sombria da Paz, seu primeiro livro.

Sua história é um testemunho de como, mesmo em meio ao caos da vida cotidiana, é possível encontrar a determinação necessária para realizar grandes feitos.

OBRA DA AUTORA

Novo Mundo- A face sombria da paz.
Novo Mundo…

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Resenhas da colunista Lee Oliveira




A Vida Tem as Cores que Você Pintar

“O Desenho”, a primeira obra solo da autora, Lee Oliveira, celebra a infância, as memórias afetivas e a liberdade de expressão.

Capa do Livro infantil "O Desenho" da autora Lee Oliveira

Resenha

O livro Infantil, O Desenho, é uma obra sensível e nostálgica de Lee Oliveira, que transforma uma memória de infância em uma mensagem poderosa e universal.

Através de uma linguagem poética e fluida, o livro resgata uma experiência pessoal marcante: a de uma criança que ousa ver o mundo de maneira diferente e que encontra apoio em uma professora inspiradora.

O cenário é simples — uma sala de aula e desenhos para colorir — mas a mensagem carrega profundidade: a vida tem as cores que decidimos pintar.

A narrativa, dividida em versos delicados, conquista pela simplicidade e autenticidade.

Lee utiliza as palavras com cuidado, criando imagens vívidas que nos remetem à nossa própria infância.

O céu colorido, que tanto impressionava a protagonista, simboliza liberdade, criatividade e a coragem de ser diferente.

O conselho da professora Neyde Portella, que inspirou a história, ressoa como um mantra:

O céu, a vida e o amor é da cor que você pintar“.

Além do conteúdo poético, a obra traz ilustrações cuidadosas feitas por J.H. Martins.

O livro infantil, portanto, é também um trabalho visualmente encantador, combinando a escrita com o desenho, como um verdadeiro ato de amor à arte.

Sobre a Autora: Lee Oliveira

Lee Oliveira, nascida em Mauá-SP, é uma escritora multifacetada que transita com maestria entre as palavras e o artesanato.

Empresária, influencer literária do canal @O.QUE.LI., poeta, artesã e colunista deste maravilhoso Jornal, ela é uma figura respeitada no cenário literário.

Foto da autora Lee Oliveira

Sua paixão pela literatura a levou a participar de diversas antologias, mas é em O Desenho que ela revela, de forma singular, sua voz autoral e afetuosa.

Além de escrever, Lee Oliveira destaca-se como editora setorial de Literatura do Jornal Cultural Rol, uma plataforma dedicada a promover a arte e a literatura brasileira.

Sua trajetória reflete sua sensibilidade como artista e o compromisso em inspirar outras pessoas a acreditarem em suas próprias histórias.

Com O Desenho, Lee nos presenteia com uma narrativa simples, mas impactante, que nos lembra da importância de honrar quem somos e das cores que trazemos ao mundo.

Seu livro é uma homenagem às professoras que incentivam a criatividade e um convite para todos nós: nunca deixemos de pintar o céu com as cores do nosso coração.

Lançamento

O livro infantil O Desenho é a primeira publicação solo de Lee Oliveira, e já está disponível para aqueles que desejam se emocionar e resgatar a infância com um olhar poético e cheio de esperança.

É um excelente presente para as crianças.

Onde Adquirir essa Obra

Você pode adquirir o livro na UICLAP e na AMAZON.


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