Resenha do livro ‘Parte de mim vai embora’, de Alexandre Fonseca, pela Editora Suik
RESENHA
Alexandre, ousadamente, começa este livro do fim.
Sim! ele começa com o fim do trabalho, do casamento e a morte do pai da protagonista Ota.
Mas, então, o que resta para nós leitores?
Uma narrativa excelente!
Este livro não veio nos falar de perdas e finais, e sim, de recomeço, redenção, autoestima, autoconhecimento e vida!!
A obra é avessa ao comum, mas traz muito mais do que imaginamos.
Um livro intenso, denso e dinâmico.
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SINOPSE
A vida de Luiz Otávio desabou em uma semana, perdendo o amor, o emprego e a família, mergulhando em um luto interior.
Em busca de reação, ele enfrenta os desafios de sua alma e questiona seu futuro.
Até que ponto podemos mudar nossa trajetória? O livre arbítrio se confronta com o destino, enquanto ele busca respostas e descobre novos caminhos.
SOBRE A OBRA
Alexandre começou a publicar em 2012, aos 30 anos.
Este é o seu quinto livro solo.
Neste seu primeiro romance, o autor fala sobre luto, covid19 e resiliência.
Sua narrativa tem a intenção de subverter a ordem, pois a história começa do fim, e se desenrola com o objetivo de mostrar uma trajetória de resiliência e superação.
Entre suas obras estão crônicas, poemas e poesias.
Autodenomina-se inquieto, com gosto por experimentar o novo.
SOBRE O AUTOR
Alexandre Pereira Fonseca tem 42 anos, é Assistente Social e PCD.
Marido de Helena, pai de Malu e um apaixonado por reflexões por meio da literatura.
Dentre todas as suas publicações há poesias e poemas, crônicas diversas e este, que é seu primeiro romance.
A tarde agonizou… na penumbra do poente, o grande precursor da poesia, ao versejar “no meio do caminho”, seu célebre poema, sorriu.
Desse modo, ao debruçar-se no portal do tempo, o poeta modernista, luminar da literatura brasileira também versou com aprazível inspiração, o amor que ultrapassa limites, as lembranças da terra natal, a família; exaltou a existência humana, o conflito social, e a visão do mundo, retratando a solidão e a morte.
Entretanto, em sua plenitude, o mestre e gênio literata mineiro, persistente em seu poetizar, redigiu versando com destreza, a vanguarda modernista, o concretismo, a temática sociopolítica, num relato requintado.
Enfim, na quietude sombria, o poeta, contista, cronista, “O Pensador” como era chamado, deleitou-se em sua poética. Sussurros despojaram seus versejos, encravando na história literária seu legado desmedido, afinal, a magnitude de suas obras são tão eternas quanto o tempo!
José de Alencar, escritor que está entre os maiores expoentes da nossa Literatura Brasileira, na atualidade é pouco citado nos meios acadêmicos, no entanto, em qualquer lista de grandes nomes de escritores brasileiros que se possa vir a ser feita, ele estará sempre entre os dez melhores. Citando Augusto Meyer, que nos disse:
“Bastaria Iracema para consagrá-lo o maior criador da prosa romântica, na língua portuguesa. Mas além disso, lá na Câmara escura da nossa íntima devoção, onde começa o cinema interior. José de Alencar soube esboçar a largo traço um grandioso afresco, que não se encontra paralelo na ficção americana”.
José de Alencar desde muito jovem tornou-se famoso com suas pérolas: Iracema, O Guarani, Ubirajara, As Minas de Prata, O Ermitão da Glória, Guerra dos Mascates, Cinco minutos, A Viuvinha, Lucíola Diva, Senhora, A Pata da Gazela e tantos outros livros que produziu para o deleite da sociedade do segundo reinado.
Antes de ser nomeado Senador da República, o Imperador Dom Pedro II o considerava muito jovem para nomeá-lo Senador e ele disse na festa da nomeação do indicado: ”Vossa Majestade deveria ter rasgado a bula que o nomeou imperador”, já que o Imperador foi sagrado aos 14 anos e essa frase o colocou em rota de colisão com Dom Pedro II; no entanto ele soube reconhecer a grandeza de José de Alencar e em outra oportunidade o nomeou Senador da Republica.
Para os cearenses, Alencar foi a voz do Ceará que fazia ecoar no centro da capital do reinado, e até hoje, na cidade de Messejana-CE, Alencar comunicava as paixões da nossas gente e das nossas coisas do dia a dia, um autor profundamente voltado para as mazelas nacionais.
Um exímio romancista que nos deixa saudades de sua grandeza deixado externado em sua última frase na última página do livro Iracema: ”E tudo passa sobre a Terra”.
José de Alencar será sempre um exemplo a ser seguido pelos atuais escritores que representam a modernidade de nossa Literatura e a ele devemos tirar o chapéu para reverenciá-lo.
Quando trabalhava com turmas de ensino médio – exonerei-me da escola pública em 2009 -, os meses de outubro e novembro eram destinados a abordar três ‘monstros sagrados’ da Literatura brasileira: João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
Dispunha para tais atividades de 16 ou 18 horas-aulas, de modo que o tempo precisava ser ‘milimetricamente organizado para que houvesse uma abordagem racional das obras mais significativas ou em voga.
Principiava com um trecho do seriado Morte e vida severina, de João Cabral, para que houvesse a contextualização: o território da seca e a dificuldade de sobrevivência naquele ambiente.
Analisava trechos do poema. Eu estava diante de alunos entre 16, 17, no máximo, 18 anos e refletir sobre “É de bom tamanho./ Nem largo nem fundo./ É a parte que te cabe./ Deste latifúndio./ Não é cova grande./ E cova medida./ E a terra que querias”, no trecho que apresenta o funeral do lavrador, costumava ser um exercício dolorido sobre posse da terra em um estado da federação em que as campinas verdejantes dão exatamente a sensação de propriedade, liberdade, amplidão.
Alguns alunos – raros, é bem verdade – faziam uma analogia, neste caso, com os escravos de ‘O navio negreiro‘, poema de Castro Alves: a opressão, a miséria física, a desesperança, como se fosse uma linha de continuidade que nos acompanha no tempo, na História, na sociedade.
De Guimarães Rosa, os alunos tinham uma experiência prévia com Contos gauchescos, de Simões Lopes Neto. Refiro-me à linguagem regionalista que marca a produção dos dois autores – ainda que Simões Lopes Neto seja gaúcho, os jovens já não dominam o vocabulário do homem rural.
Não havia possibilidade de analisar Grande sertão: veredas, por isso, trabalhava, em geral, dois contos, buscando características, ambientação, vocabulário. Evidentemente, que referia as obras romanescas, um autor da magnitude de Guimarães Rosa é ‘marcado’ por seus textos mais famosos.
E, finalmente, havia Clarice Lispector e sua introspecção.
Ela nasceu Chaya Pinkhasivna Lispector em 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia e morreu Clarice Lispector em 09 de dezembro de 1977.
Naquele início do século XXI, a leitura exigida pelas universidades da região era A hora da estrela, a história da Macabea e a sua epifania à beira da morte. Analisava a obra, mas antes contextualizava uma parte da biografia da autora.
Como esposa do diplomata Maury Gurgel Valente, ela foi cidadã do mundo, colhendo experiência em outras culturas. O filho Pedro nasceu em Berna, na Suíça; o filho Paulo veio ao mundo em Washington D.C., Estados Unidos. Pedro era esquizofrênico, o que lhe exigiu muita atenção.
Bem antes do nascimento dos filhos, lançou um dos livros que mais furor causou na Literatura brasileira pela temática, pela forma de escrita foi Perto do coração selvagem, em 1942.
A crítica teceu inúmeros elogios comparando-o a escritores como James Joyce, Marcel Proust e Virgínia Woolf, o que teria irritado a autora, que afirmaria à época não ter lido os supostos influenciadores de sua obra.
Macabea era o fechamento das aulas naqueles já quentes dias do mês de novembro. Muitos alunos comparavam-na a Fabiano do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos. Dois infelizes.
Sob certo aspecto, essas comparações faziam-me satisfeita, estavam sendo estabelecidas interrelações entre o conhecimento adquirido e o novo saber, as novas informações. Também era frequente que eles afirmassem que Clarice Lispector e Machado de Assis, particularmente em Dom Casmurro, ‘dessem um nó’ ao longo de seus romances, exigindo concentração.
Para um professor de ensino médio, eu costumava dizer: se o aluno leu a obra, compete-me fazê-lo entender. Se ele não entendeu, cabe-me fazê-lo interessar-se por ela. Cidadãos críticos são formados justamente pela capacidade de estabelecer relações entre o que é lido, o que verificam na realidade e pelo ‘nó’ que lhes confere a realidade em que vivem: a indagação.