A escuridão e o medo ao luar

Clayton Alexandre Zocarato: ‘A escuridão e o medo ao luar’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
Criador de Imagens no Bing – Da plataforma DALL·E 3

O garoto nasceu cercado de todos os mimos possíveis e impossíveis, pois era muito frágil em sua saúde.

Era herdeiro de um vasto império latifundiário e industrial, e, provavelmente, quando chegasse à fase adulta não se lembraria de que muitas pessoas trabalharam por debaixo dos panos, para manter toda a sua pompa e vida mansa, ao longo de décadas

Nasceu em uma noite de grande luminosidade da Lua, quando ela estava mais próxima da Terra, porém seus pais místicos como poucos ofereceram à rainha da noite celestial seu filho, como uma forma de um estranho culto para que assim viesse a proteger das armadilhas do destino, e também sua integridade física e mental.

A escuridão de um mundo de ambição  que o cercava por todos os lados, e seus pais como bons idólatras do dinheiro, culminaram astutamente o juramento e dar sua proteção aos raios lunares,  mas  quando o primogênito atingiu certa idade, praticamente deixaram a Lua de lado, o que fez com que o grande astro gerasse uma fúria enorme em castigá-los por tamanha afronta e audácia, em invocar seus poderes e depois jogá-la praticamente de lado, isso iria custar muito caro para aquela família.

Com o passar dos anos, a criança foi se tornando um belo e esbelto jovem que, assim como seus progenitores, não tinha a menor tangência em sublinhar uma ética que viesse a se compadecer de empatia pelos mais necessitados, sempre os tratando  com zombaria e altivez, e o que importava era somente usufruir de todo o potencial de capital que viria a herdar de seus pais abastados.

“Passava por seus empregados e servos, sem conter a mínima dignidade de respeito por  cada um deles não tendo a  menor formalidade de afeto possível, sempre se reerguendo em um pedestal de arrogância e indiferença o orquestrava a zelar individualmente como uma melodia de orgulho pujante,  que o universo estava sempre contendo uma pré-disposição a saciar todos os seus desejos mais banais.

Mal sabia ele que sua guardiã astronômica estava se olho em todos os seus atos.

Certa  noite, começou a sofrer com pesadelos terríveis, como sendo que alguma coisa ou criatura vinha a sufocá-lo, tirando toda sua energia, fazendo, assim, com que acordasse com uma cara de poucos amigos, devido à insônia de várias noites seguidas.

Isso foi se transformando em uma grande fobia, o que o levava ao desespero toda vez que a noite caia.

Nenhum calmante ou receita poderia vir acalmá-lo, mesmo com toda a fragrância entorpecente que se seguia dos mais potentes remédios tarjas pretas, e que assim viessem até a causar uma grande alucinação, fazendo com que não mais conseguisse distinguir do que era realidade ou fruto de suas neuroses, causada pela falta de sono e em não conseguir dormir.

Passou por alguns renomados terapeutas, e em todos sempre relatava que via uma imagem redonda branca perante a escuridão, com um ar  amedrontador, de que em algum momento aquele estranho corpo sustentado no ar de uma raiva estridente  iria devorá-lo sem nenhum tipo de piedade ou clemência.

Uma imagem redonda branca e gigantesca que causava temor, perante as trevas da noite, que para ele parecia nunca ter fim.

Seu medo crescia sucessivamente, fazendo-o cair em um isolamento sombrio, praticamente vivendo no seu mundo particular, dentro do seu quarto repleto de toda pompa, mas que não tinha nenhum agrado que o fizesse assim tentar ser igual aos outros garotos de sua idade.

A sua razão estava sendo entorpecida pelo medo, o que fazia que seus pais entrassem em um profundo desespero, pois não sabiam mais que tipo de atitude tomar com o filho.

Estaria de fato enlouquecendo? Sofrendo de algum tipo de esquizofrenia? Algum tipo de feitiço teria sido feito contra ele, como uma forma de se vingar da sua família que vivia em uma  prepotente vontade de poder alucinante, não importando em ceder as piores atrocidades possíveis para se manter no seu pedestal de glória.

As coisas estavam piorando bastante para o jovem, que praticamente era herdeiro de um vasto império.

E sempre falava de um ser enorme e branco que habitava seu quarto, como que iluminando seus piores pesadelos, deixando um rastro de destruição da sua racionalidade e não havendo brechas para que se, pudesse entender, quais eram seus temores, pois diante de tanto a medo, a afasia começou a ser sua companheira diária.

As terapias e visitas médicas foram muitas, mas diante de polivalentes medicinais formas de tentar trazer sua mente para realidade, o que chamou a atenção de muitos psiquiatras foi a descrição dessa estranha imagem redonda, que sempre se tornava mais reluzente nas noites de lua cheia, e era descrita sempre pelo demente jovem.

Isso bastou para que o casal percebesse o terrível erro que havia cometido, diante as suas práticas ocultas e pagãs de batismo.

Tinham oferecido o batismo da criança para irmã Lua, e diante a grande alegria da chegada do filho tão desejado, o haviam deixado ela de lado, e agora ela estava enfurecida e procurando vingança.

Sim! A Lua queria literalmente devorar e levar seu menino, e também como sendo uma forma par lembrar para tosco casal, que eles não representam nada diante o poder dos astros e da natureza.

Os pais do garoto demoraram a perceberem tal falha,  e que estavam diante de uma força muito maior, do que poderiam imaginar, e para assim conseguir o seu perdão, somente com algum ato bem grandioso alcançariam estarem em um sublime sentimento de redenção a  conseguirem  terem alguma paz, diante as formas sombrias com que seu guru celestial o estavam tratando.

O garoto sentia-se cada vez mais medo, de ficar sozinho quando as trevas davam suas caras, e assim a luz da lua iluminava todo o seu aposento, se apresentando como um leão pronto para dar bote em sua caça, e nada poderia fazê-la  ficar longe, com o pavor daquela luz branca, que a cada instante estava cada vez mais próxima e não pouparia nenhum tipo de esforço para tê-lo para sempre junto as suas nuanças espaciais.

E assim, seu medo foi se transformando em crises de ansiedades, que já estavam caminhando para um ritmo frenético de psicose, e o desejo de acabar, como todo aquele sofrimento de não conseguir dormir, estava o deixando mais e  mais agotado* fisicamente..

Até mesmo durante o dia a escuridão e o medo, estavam o acompanhando a cada momento, e a cada instante, não importando o quanto pudesse fingir  negar tal situação, ou para qual local desejasse ir, a tentativa de esquecimento feito para a Lua, teria um sabor de vingança cruel e sórdido e nada a deteria.

Os pais estavam desesperados, recorreram a todo tipo de reza, oração, padre, pastor, pai de santo, médium, mas nada parecia diminuir a fúria do grande astro.

O garoto ficou em um desespero atônito, a escuridão da luz demoníaca da lua, além de causar pavor, agora tanto seu corpo, como sua alma, seria uma forma a lembrar de que toda promessa deve ser cumprida, e que se deve pensar antes de prometer qualquer coisa seja quem for, ao qual ser, for.

E assim se deu.

O menino em certa madrugada não amanheceu para ver o brilho do Sol, mas estava bem saliente com uma elevada concentração de neurolépticos e  psicofármacos do lado da sua cama, que o deixaram finalmente em  um sono profundo, que ninguém  mais poderia tirá-lo do seu além-túmulo.

Nem a Lua, e nem os pais conseguiram segurar aquela bela criatura para si, toda via o grande astro da noite  nasce todo dia, em todas as partes do mundo.

Já os pais mergulharam na escuridão, de não poderem mais ter a luz da criação e geração de algum  infante, pois ambos eram inférteis é só conseguiram terem um filho através de uma  barriga de aluguel muito bem paga.

A Lua continuou com sua luz na escuridão, já os pais mergulharam no sombrio silêncio de conter somente o medo e o temor de sempre recordar do filho, que se perdeu em meio ao iluminar das suas  falsas promessas de felicidade e candura, sendo sugado por um terror constante e incessante, pelo  selene* de fel cruel e sem nenhum pudor, causando muita dor, com muito  pouco amor.

*Selene – Lua, em Grego antigo

*Agotado – Em espanhol, esgotado

Clayton Alexandre Zocarato

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Eu sou

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Eu sou’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
O Sol dourado que abre os olhos do dia, resplandece e reluz,
vicejando nos jardins floridos da manhã.
O Sol dourado que abre os olhos do dia,
resplandece e reluz, vicejando nos jardins floridos
da manhã.
– Imagem criada pela IA do Bing

O Sol dourado que abre os olhos do dia,
resplandece e reluz,
vicejando nos jardins floridos
da manhã.

Na fase lunar,
a Lua cheia refulge plena e intensa,
de magia e pudor,
se derrama solitária
enevoando as estrelas.

A pedra lapidada, forte à ventania,
às tempestades,
a solidez no murmurejo das águas,
mistérios, segredos.

O tempo que existe
na poesia da bela tarde,
sob um Sol que finge não querer se pôr,
o sonho realizado,
a arte de amar e ser amada.

A terra e seus enigmas
origem da vida, base firme,
diversidade,
beleza que encanta.

O ar que respiramos,
o sussurro do vento inconsútil
e seus murmúrios
na solitude da tarde.

A água indispensável à vida,
ondas do rio/mar resvalam sorridentes,
beijam as areias,
mergulham
na paisagem dourada
no limiar do dia.

Ao fogo ardente da paixão avassaladora, um
lampejo ao eterno e sublime êxtase.
Eu sou o Amor,
eu sou.

Ceiça Rocha Cruz

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O forró

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘O forró’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz

A noite chega e espreita sorridente
o céu do Nordeste,
celebrando a tradição
e a cultura do seu povo.

Sob o brilho das estrelas
e a luz prateada do luar calado,
numa mistura de arrasta-pé,
xote, xaxado e baião,
o forró embala os festejos juninos
e a alegria impera.

Nas noites frias de inverno,
ao som da música fremente,
sons descortinam-se
nos acordes da sanfona,
do zabumba e do triângulo;
e forrozeiros cantam em versos,
doces canções,
rasgando a madrugada.

No chão pelo clarear da Lua
o deslize dos pés
e sob o eco sublime da melodia,
dançarinos se divertem
ao ritmo pé-de-serra.
E no aconchego do abraço,
sussurram palavras, cantam o amor,
acendem o fogo da paixão.

Embevecidos pela cultura viva,
do eterno rei do baião, do saudoso Luiz Gonzaga,
o forró segreda e reverbera,
canta sua história,
retrata o amor, a saudade,
enfim, a vida do povo nordestino.
Viva o Nordeste! Viva o Forró! Viva o Mestre!

Ceiça Rocha Cruz

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Ventos a soprar

Irene Rocha: Poema ‘Ventos a soprar’

Irene Rocha
Irene Rocha
Ventos a soprar
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Nos ventos a soprar, encontro minha voz,
Coragem e fé, na jornada sem repousar.

Estrelas guiam, estradas se revelam,
E no mar sereno, o brilho que se espelha.

Sol e Lua, eternos guardiões da emoção,
Ao meu lado, a vibração da inspiração.

Pássaros, pedras, seres em harmonia,
Na terra e ar, a vida em sinfonia.

Amor em cada batida, em cada olhar,
Dias cavalgados, horas a navegar.

Sonhos que tecem cada instante fluente,
A vida dança, poesia eloquente.

Irene Rocha

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Sou noite sem Lua e sem você

Paulo Siuves: ‘Sou noite sem Lua e sem você’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
"Anoiteci em minha alma, Tornei-me denso e solitário"
“Anoiteci em minha alma, Tornei-me denso e solitário”
Micrfosoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Anoiteci em minha alma,

Tornei-me denso e solitário,

Noite sem lua, brisa ou risos, noite vazia.

Toldei sem o amor da mulher amada,

A quem entreguei meu ser, por quem me doei

Sem inspiração, findou meu dia em tormento,

Anoiteci e ainda não há Lua nem estrelas, sem o teu fulgor.

As luzes da cidade vão surgindo ao longe

Casais se beijam, em seus laços se iluminam.

Em minha noite não há carícias, apenas o enfado,

Não tenho risos, nem motivos para sorrir

sem ceia, sem calor, sem companhia.

Não tenho sono, nem seu amor a me aquecer,

Nada tenho, mas nada mais precisava,

Só o teu amor me bastava para que eu fosse dia.

Anoiteci e a aurora se foi, roubada,

Fostes meu tudo, minha água, meu vinho, meu canto.

Meu pão pela manhã, meu poema à tarde inspirada…

Anoiteci em pleno dia, meu ser esmaecido.

Quando te foste, a noite me tragou, densa e fria,

Sem o amor da mulher que tanto amei.

A tristeza roubou minha inspiração, meu lume,

Em silêncio, meu coração se afundou em trevas.

Sem ti, não há luas nem estrelas em meu céu,

Já não sou dia em minha alma, solidão.

sem você sou saudade e escuridão.

Paulo Siuves

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Sol e Lua

José Antonio Torres: Poema ‘Sol e Lua’

Jose Antonio Torres
José Antonio Torres
'Sol e Lua'
‘Sol e Lua’
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

O Sol e a Lua.
O dia e a noite.
Dois amantes apaixonados que se procuram na agonia do desencontro.
Jamais poderão realizar esse amor.
Em certa época, durante um momento fugaz,
Conseguem vislumbrar um ao outro.
O Sol a se deitar
E a Lua surgindo para a noite iluminar.
Por esse breve espaço de tempo se admiram,
Mas logo se perdem outra vez.
Em momentos de profunda tristeza,
A Lua esconde o seu brilho
E deixa uma tênue tira de claridade aparente,
Apenas para que o seu apaixonado saiba que ela está lá,
Na esperança de vê-lo.
Na medida em que essa esperança aumenta,
Ela vai aos poucos se iluminando
Até se tornar esplendorosa em sua forma plena.
O Sol, em sua louca paixão,
Ao menos de longe quer admirar a sua amada.
Envia seus raios de amor
Para que ela brilhe no palco celeste,
Extasiando a humanidade com sua beleza prateada.
Passam os dias e as noites assim, afastados,
Mas ligados pelo magnetismo do amor cósmico.
E o ciclo se reinicia.
A Lua vai se deitar
E o Sol vem surgindo para o dia clarear.
Dois amantes, cada um com seu mister,
Vivenciam um amor platônico,
Fadados à dor da eterna separação.

José Antonio Torres

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Mais do que uma madrugada

Eliana Hoenhe Pereira: ‘Mais do que uma madrugada’

Eliana Hoenhe Pereira
Eliana Hoenhe Pereira
“A janela entreaberta foi invadida pelo olhar da Lua desinibida”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

A música tocava suavemente.

falava de um relacionamento

que, como uma lenda,

nem o vento balançava com o tempo.

Despertava uma aproximação

e instigava a sensação.

A janela entreaberta foi invadida

pelo olhar da Lua desinibida.

À cortina balançava e assoprava

 um perfume de flores que a noite desabrochava.

Mais que uma madrugada,

Vivemos momentos almejados,

sem pecados,

Em meio às magias e fantasias. 

Eliana Hoenhe Pereira

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