Luz e trevas
SAÚDE INTEGRAL
Joelson Mora: Artigo ‘Luz e trevas’


“Para ti, a escuridão não é escura, e a noite é tão clara como o dia; para ti,
a escuridão e a luz são a mesma coisa.” (Salmo 139:12 – NTLH)
Desde o princípio, o ser humano aprendeu a separar — bem e mal, certo e errado, luz e trevas. Mas, à medida que a consciência se expande, compreendemos que o Criador nunca viu o mundo por metades.
Para Deus, segundo o salmista, a luz e as trevas são a mesma coisa. Ambas pertencem à mesma origem, à mesma energia, à mesma sabedoria.
Hermes Trismegisto, no Caibalion, já ensinava:
“Os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau.”
A luz e a sombra são expressões de um mesmo princípio. Assim como o quente e o frio são variações de uma única substância — o calor —, a luz e as trevas são gradações de uma mesma realidade espiritual.
No livro de Isaías 45:7, encontramos:
“Eu crio a luz e também a escuridão; trago a paz e também as desgraças. Eu, o Senhor, faço todas essas coisas.”
Há uma sabedoria divina em tudo o que existe, inclusive naquilo que não compreendemos. As trevas não são o oposto da luz, mas o campo fértil onde a luz nasce e cresce.
Na jornada interior, chamamos de sombra aquilo que ainda não foi iluminado dentro de nós — memórias, dores, traumas, culpas e medos. Mas é nesse território sombrio que o autoconhecimento se torna cura.
Como ensinou Jung, “não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas tornando consciente a escuridão”.
A saúde integral, nesse sentido, não é ausência de trevas, mas a integração delas.
Jesus disse em João 1:5:
“A luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la.”
A luz espiritual é a consciência desperta, aquela que permanece mesmo em meio às tempestades da vida.
E quando essa luz se acende dentro de nós, ela revela não apenas o que é belo, mas também o que precisa ser restaurado.
O apóstolo Paulo reforça essa visão em 2 Coríntios 4:6:
“O Deus que disse: ‘Que a luz brilhe no meio da escuridão’ foi quem fez a sua luz brilhar no nosso coração…”
Essa luz interior é a força da cura, o ponto de equilíbrio entre o físico, o mental e o espiritual — o verdadeiro sentido da Saúde Integral.
No corpo, esse equilíbrio se manifesta nos ciclos naturais: sono e vigília, inspiração e expiração, movimento e repouso.
Na alma, traduz-se em aceitação e perdão.
E no espírito, em reconciliação com o todo — com a unidade de onde viemos.
Em Efésios 5:8-9, lemos:
“Antigamente vocês viviam na escuridão; mas agora que pertencem ao Senhor, vocês vivem na luz. Por isso, ajam como pessoas que vivem na luz.”
Viver na luz é viver com consciência, sem negar a sombra — é acolher o que dói e permitir que a dor se transforme em sabedoria.
Na criação, está escrito em Gênesis 1:3-4:
“Então Deus disse: ‘Que haja luz!’ — e a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão.”
A separação não é exclusão, mas harmonia. O dia precisa da noite. O descanso dá sentido ao trabalho. O silêncio sustenta o som.
Assim também é em nós: a verdadeira luz não destrói as trevas — ela as acolhe e as transforma.
Quando compreendemos isso, entramos em um estado de unidade, onde corpo, mente e espírito se alinham à frequência da vida.
A Saúde Integral começa quando deixamos de lutar contra o que somos e passamos a integrar tudo o que somos — luz, sombra, dor e amor.
Nesse ponto de encontro entre Hermes e o Salmista, entre o humano e o divino, está o segredo do equilíbrio, da cura e da paz.
“A verdadeira luz não teme a escuridão, porque ela sabe que é de lá que veio.”