Verdade, reapresentação da realidade, ponto de vista?
Elaine dos Santos:
‘Verdade, reapresentação da realidade, ponto de vista?
Talvez, uma das tarefas mais difíceis de um professor de Literatura, tanto no ensino médio quanto no curso de graduação em Letras, seja ensinar o conceito de mimesis, conforme definida por Aristóteles, em sua ‘Poética’.
Em palavras bem corriqueiras, mimese é uma reapresentação da realidade que o artista faz. Vá lá, grosseiramente, uma cópia – ou, ainda, uma tentativa de cópia daquilo que ele viu (ressalve-se que eu adverti: é uma definição grosseira).
Eu costumava colocar uma cadeira em cima de uma classe e perguntava o que os meus alunos viam. A resposta era uma só: cadeira. Eu dizia que não. O revide era imediato: “Que é professora, ‘tá’ querendo inventar a roda?”
Principiava, então, a explicação: fomos ensinados a ver aquele objeto como cadeira, em sua totalidade, mas o que vemos são partes daquele objeto, raros alunos enxergavam, por exemplo, o assento.
Eis o papel do artista: desvelar aquilo que as demais pessoas não enxergam, não percebem. Ele reapresenta a realidade, sob uma nova ótica. Pode ser que muitos mortais, como nós, não entendamos as obras de Anita Malfatti ou de Picasso, mas a realidade está reapresentada ali.
Falta, para a maioria da população, é conhecimento para entender, ler, analisar obras artísticas de um modo geral. Experimente ‘ler’ os quadros de Van Gogh e desfrute a beleza daquelas obras. Por que nos deliciamos tanto com as obras de Machado de Assis?
Este escrito surgiu de uma conversa banal: “A senhora não sabe a verdade sobre os fatos!” E a senhora, no caso a professora de Literatura, questionou-se: “Qual verdade? O teu ponto de vista sobre a cadeira? E se a verdade estava justamente sobre o assento, nenhum de nós conseguiu alcançá-la?
Se a obra literária, em particular, os romances, que são mais difundidos hoje em dia, reapresenta a realidade, convém pensar a realidade sob diversos prismas, pontos de vista e nem sempre aquilo que eu sei corresponde, em sua integralidade, aos fatos decorridos.
Tivemos uma eleição polarizada e eivada por ‘Fake News‘; já, em 2022, uma parte da população estava mais atenta e, ontem, eu li a história de um candidato a prefeito que estaria sendo acusado de algo que não prometeu: a promessa estaria gravada em áudio. O meu sinal de alerta soou: uso de inteligência artificial?
Encerro, pois, misturando alhos com bugalhos (que era o meu propósito desde o início): estamos preparados para ver além da totalidade, esmiuçar a verdade e enxergar o assento da (minha) cadeira usada em sala de aula para meus alunos analisarem, ou ainda cremos que a verdade é una, apenas um grupo a detém, enquanto os outros devem ser silenciados?
115 Anos da morte de Machado de Assis: relembre as obras do escritor
Um dos maiores nomes da literatura nacional também ganhou destaque nas últimas décadas com publicações em inglês, alemão e castelhano
É evidente que Machado de Assis é um dos maiores nomes da literatura brasileira, mesmo 115 anos após a sua morte em 1908. Entre suas obras mais conhecidas estão: Dom Casmurro, Quincas Borba, Memórias Póstumas de Brás Cubas e contos famosos, como O Alienista.
Neto de pessoas escravizadas que foram alforriadas, Joaquim Maria Machado de Assis foi criado numa família pobre e não teve uma instrução regular, porém, devido ao seu interesse pela literatura, conseguiu se instruir por conta própria.
Em 1860, passou a colaborar para o ‘Diário do Rio de Janeiro’ e é dessa década que datam quase todas suas comédias teatrais e ‘Crisálidas’, um livro de poemas. Em seguida, Machado de Assis teve acesso à literatura portuguesa e inglesa e, na década seguinte, publicou uma série de romances, sendo reconhecido pelo público e crítica.
Até então a produção literária do escritor era marcadamente romântica, mas na década seguinte sofreu uma grande mudança estilística e temática, iniciando o movimento realista no Brasil com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e as obras Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899), este considerado como a sua obra-prima.
Nesse período, a ironia, o pessimismo, o espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade tornam-se as principais características da escrita do autor, que também abrange poemas, contos, traduções e peças teatrais.
No início do século XX, após fundar a Academia Brasileira de Letras e perder a esposa Carolina (com quem se casou em 1869), passou a isolar-se e a sua saúde se deteriorou. Dessa época, datam os seus dois últimos romances: ‘Esaú e Jacó’ e ‘Memorial de Aires’.
Machado de Assis morreu em sua casa no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908 e o seu enterro foi acompanhado por uma multidão. Mesmo após um século, o escritor segue sendo admirado não apenas pelos brasileiros, tendo edições de Memórias Póstumas de Brás Cubas publicadas em alemão, castelhano e inglês.
No Brasil, a Editora Landmark possui livros em capa dura e edições requintadas de Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. Além de ser a primeira editora a lançar edições bilíngues (Português-Inglês) das obras Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas e Machado de Assis no país.
Abaixo, relembre algumas obras de um dos maiores escritores do Brasil:
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Publicado pela primeira vez entre março e dezembro de 1881 numa revista brasileira, no formato de folhetim, a história de Brás Cubas revolucionou a literatura brasileira através da subversão dos padrões literários da época. Com a adoção de um número grande de capítulos, muitos deles curtos, e uma linguagem própria que o aproxima das primeiras manifestações modernistas do século seguinte.
O livro tem como marcas um tom cáustico e é o primeiro de um novo estilo dentro da obra de Machado de Assis, apresentando audácia e inovação temática dentro do cenário literário nacional. Além de apresentar uma crítica sobre a sociedade burguesa do Rio de Janeiro do século XIX, Brás Cubas reconta e reconstrói a sua vida, os seus amores e os seus fracassos, ao mesmo tempo em que revela os labirintos da alma humana.
Dom Casmurro
Esse é um dos livros mais conhecidos do autor e foi escrito de modo que admite sentidos diversos – mesmo incompatíveis entre si –, uma vez que o narrador pode ou não estar deturpando os acontecimentos de sua vida. Devido a presença de um narrador que não é confiável, a conclusão final sobre a história de Bentinho e Capitu fica a cargo do leitor. Capitu realmente traiu Bentinho com Escobar ou Bento Santiago estava imaginando coisas?
O livro confirma o olhar crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade. Trazendo a temática do ciúme, o livro provoca polêmica em torno do caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira. Essa ambiguidade é uma das características marcantes de Machado de Assis, que explora as contradições da mente humana e a subjetividade da realidade.
Quincas Borba
Parte do movimento literário intitulado realismo – que se propõe a analisar as relações humanas de forma mais real –, o livro conta a história de Rubião, um professor de matemática que herda toda a fortuna de seu amigo, o excêntrico filósofo Quincas Borba. Após a morte do amigo, Rubião passa a viver uma realidade completamente diferente, cercado de luxo, e se torna objeto de manipulação por parte de seus “amigos”.
Por meio de personagens e diálogos complexos, o autor questiona a noção de progresso e de sucesso material, levando o leitor a refletir sobre a natureza humana e as consequências de nossas ações. Essa é uma obra que mescla drama, sátira e ironia, características marcantes do estilo literário de Machado de Assis.
Os livros estão disponíveis na Amazon, nas principais livrarias do país e no site oficial da Editora Landmark, clicando aqui.
Sobre a Landmark
A Editora Landmark vem desde sua criação desenvolvendo sua linha editorial com o intuito de trazer ao público-leitor brasileiro o acesso à boa literatura, seja ela nacional ou estrangeira. Deste modo, desenvolvemos linhas editoriais com textos e imagens que se complementam através de projetos elaborados especialmente para oferecer ao leitor cultura, entretenimento e momentos de lazer.
Estas linhas desenvolvidas apresentam-se em ficção brasileira, ficção estrangeira, crítica literária, ensaios sobre História e Filosofia, análise e apresentação de textos originais sobre os principais formadores da Sociedade Brasileira.
Apresenta também novas versões, sempre em edições bilíngues, para grandes textos e obras da Literatura Universal, ampliando com isso a oportunidade do público brasileiro no acesso aos textos originais de grandes autores, muitas vezes esquecidos ou deixados em segundo plano, mas essenciais na formação do espírito crítico. Saiba mais em: editoralandmark.com.br
Elaine dos Santos: Artigo ‘Esaú e Jacob, de Machado de Assis’
Machado de Assis é um dos autores mais laureados da Literatura brasileira.
Ele é considerado o grande nome do Realismo no Brasil , tendo escrito romances consagrados como ‘Memórias póstumas de Brás Cubas‘ , a história contada por um defunto-autor ou um autor-defunto, e ‘Dom Casmurro‘ , a emblemática história da traição ou não de Capitu (o que menos importa é se ela traiu, o enigma é a grande chave do romance).
No entanto, eu gosto muito de outro romance, trata-se de ‘Esaú e Jacó‘.
No livro do ‘Gênesis‘ , portanto, na Bíblia sagrada, encontramos a história primeira de Esaú e Jacó, que foram filhos de Isaque e Rebeca, netos de Abraão. Esaú, o primogênito, era um caçador habilidoso, enquanto Jacó mantinha uma vida simples e seguia as ordens do Senhor. Isaque demonstrava amar Esaú; Rebeca parecia amar mais Jacó.
Na verdade, desde a concepção, Rebeca percebera um conflito entre os irmãos:
E as crianças lutaram juntas dentro dela; e ela disse: Se é assim, por que estou assim? E foi consultar o Senhor. E o Senhor disse para ela: Duas nações estão em teu ventre e dois tipos de pessoas serão separadas de tuas entranhas; e um povo será mais forte do que o outro; e o mais velho servirá ao mais jovem (GÊNESIS: 25, 22-23).
Esaú, de toda forma, nasceu primeiro, contudo, certa feita, faminto, propôs trocar a progenitura por um prato de comida junto a seu irmão Jacó.
Segundo os estudiosos da tradição cristã. Esaú mostra um grande desapego com os desígnios divinos e mesmo com as tradições humanas, afinal, o filho primogênito é aquele que herda a liderança da família e a autoridade do pai. Quando Isaque, o pai, já estava velho e cego, Rebeca articula para que ele abençoe Jacó com o direito da primogenitura.
Muitos historiadores destacam a impulsividade, a imprudência e o egoísmo de Esaú, contudo, é preciso também ressaltar que o espírito enganador de Jacó aparece no episódio em que, com a ajuda da mãe, recebe a benção da progenitura do pai.
O que se ressalta, para refletir sobre o romance ‘Esaú e Jacó’, de Machado de Assis, é o caráter da gemelaridade, a convivência relativamente fraterna, mas também os espíritos, os gostos, os desejos que se opõem entre os dois personagens centrais da narrativa.
‘Esaú e Jacó’, o romance de Machado de Assis, foi lançado em 1904 e traz o Conselheiro Aires como narrador e personagem – com isso, para quem lida com Literatura num plano profissional, fica claro que se tem uma visão parcial dos fatos: a visão de uma personagem.
O Conselheiro Aires é um observador privilegiado, pois interage com Natividade, a mãe dos gêmeos Pedro e Paulo, protagonistas do romance e que têm temperamentos opostos em tudo. Assim, há um interessante jogo entre semelhanças (eles são gêmeos) e oposições.
Pedro é monarquista (a Monarquia foi suplantada em 1889) e estuda Medicina no Rio de Janeiro; Paulo é republicano e decidiu-se por estudar Direito em São Paulo. Porém, ambos se apaixonam por Flora, o que acirra a rivalidade entre ambos.
Parece claro que o narrador traz a luta ideológica dominante no período entre monarquistas e republicanos – cá estamos diante da Literatura como representação de uma sociedade e do ideário que se acha presente nela – é bom que se diga que Flora não se decide por nenhum dos irmãos, o que evita a opção por um dos sistemas de governo.
Haveria, ademais, uma metáfora sobre a própria política, que interessaria apenas para alguns, mas que é capaz de gerar inimizades entre irmãos. Natividade, a mãe, consegue que, por um ano, os dois irmãos mantenham uma relação fraterna, porém, a sua morte desencadeia novas brigas, a inimizade retorna.
Não nos olvidemos, contudo, que os anos finais do século XIX e o princípio do século XX, foram marcados pela modernização do país. A capital federal, o Rio de Janeiro, desde 1903, tinha um novo prefeito, Pereira Passos , que foi responsável por sua transformação, no que ficou conhecido como ‘Bota-Abaixo‘ ; vivia-se a Bèlle Èpoque à brasileira , tanto em Manaus, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, especialmente; entre outros aspectos.
Dessa forma, faz-se possível inferir também que Pedro fosse a metáfora do Brasil do século XIX – do Brasil que se deixava para trás. Ele, inclusive, traz o nome dos imperadores, enquanto Paulo representava o Brasil de um novo século, que seria palco de grandes transformações.
Alguns estudiosos identificam um tom melancólico no romance. É certo que Machado de Assis já havia atingido a maturidade literária e que ultrapassara a idade de 60 anos (1904 é também o ano de falecimento de sua esposa, Carolina , mas a obra é rica, “saborosa” e merece ser lida, ainda mais se considerarmos os tempos de polaridade ideológica.
Magna Aspásia Fontenelle: Crítica literária ‘Quincasblog, meus encontros’
Quincasblog é um blog que foi transformado em livro, denominado ‘Quincasblog, meus encontros‘, escrito pelo Embaixador Dr. Lauro Moreira, com 416 páginas, publicado pela editora Art Point em 2019, cujo título faz menção ao escritor brasileiro Machado de Assis.
A compilação é constituída por registros de suas vivências e trajetórias profissionais, que foram documentados em seu Blog desde 2012. O conteúdo é caracterizado por uma abordagem narrativa poética, metafórica e histórica.
A literatura, por meio de sua abordagem poética, sem considerar as variações dialetais, sotaques, nacionalidades, constitui-se um elo essencial para a união dos povos através das Letras. Promover o idioma de um país e divulgá-lo, insere-se na formação humana permitindo seu pleno crescimento pessoal, laboral, cultural e social.
O criador trabalha com imagens, sons, dialetos, culturas, valores, religiosidade, políticas e ideologias em um espaço temporal semiótico através de concepções que sempre correspondem a uma verdade singular e acerta quando segue sua intuição genial e a deixa aflorar por meios de seus escritos.
Ao longo de sua história, o escritor se relacionou com figuras importantes da literatura brasileira, como Clarice Lispector e Manuel Bandeira, que foram seus padrinhos de casamento com a poetisa Marly de Oliveira, mãe de suas duas filhas, assim como, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Aurélio Buarque de Holanda, Antônio Houaiss, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, dentre outros.
[…] Eu tive o privilégio., embora não sendo poeta mas gostando tanto de Poesia, de viver sempre muito próximo dela e de vários de seus cultores e criadores, alguns de altíssima linhagem como Cecília Meireles[…]. (p.57,parágrafo 3º,linha 1-4.)
[…]Conviver com homens é mais terrível do que com deuses. E ninguém conhece epopeia mais dolorosa que a de moldar dia a dia, clara e verdadeira, a fugitiva condição humana.
Na sua emocionada e emocionante Elegia obre a morte de Ghandi repetia as palavras desoladas ouvidas do próprio
Mahatma, ”Les hommes sont des brutes, madame”…] (p.62,parágrafo 2º,linha 1-9.).
‘[…]Les hommes sont des brutes, madame”[…]
O vento leva a tua vida toda, e a melhor parte da minha.
Sem bandeira.
Sem uniformes.
Só alma, no meio de um mundo desmoronado.
Estão prosternadas as mulheres da Índia,
Como trouxas de soluços.
Tua fogueira está ardendo.
O Ganges te levará para longe,
Punhado de cinzas que as águas beijarão intimamente,
Que o sol levantará das águas até as infinitas mãos de Deus.[..]
Nessa nuance, o timoneiro Lauro fundou o grupo musical ‘Solo Brasil‘, promovendo a música brasileira no Brasil e exterior, como explicado em sua narração.
[…] Ao longo das apresentações de mais de cinquenta canções consagradas ,distribuídas em blocos cronológicos contextualizados por breves comentários de um narrador, o espetáculo traça um rico panorama da música popular brasileira, de Chiquinha Gonzaga a nossos dias do chorinho ao samba, do frevo à bossa-nova, além de oferecer uma visão da música típica de várias regiões geográficas do país[…] (p.196, paragrafo 1, línea 6-17).
Lauro faz alusão a Machado de Assis: […] Tive que preparar uma comunicação obre uma obra de meu patrono. Escolhi “Dom Casmurro”. Foi um choque para mim: senti-me diante de algo completamente novo. E apaixonei-me por Machado de Assis. Por seu estilo enxuto, avesso aos arroubos sintomáticos da escola romântica, por suas entrelinhas, seu humor fino, e até por seu desencanto filosófico, tão desconcertante para um jovem de quinze anos[…](p. 22,parágrafo 1,línea 5-9).
Machado de Assis,(1839-1908) é um dos maiores representantes da literatura brasileira. Instalou o Realismo, iniciando com a obra ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, publicada em 1881. Machado deixou um conjunto vasto de obras. Foi contista, cronista, jornalista, poeta e teatrólogo, além do que é o fundador da cadeira n.º 23 da Academia Brasileira de Letras.
Lauro, nos conta:
[…] Um dia, após quase dois meses de espera fora chamado ao Gabinete do Senhor Ministro, fora recebido pelo Diretor IRB, que lhe informou, que mesmo o Senhor Ministro gostando do texto, Parecia ser muito profundo e portanto, não apropriado para uma cerimonia de amenidades como deve ser uma formatura. Aliás, se o senhor quiser poderá apresentá-lo como conferência aos alunos do Rio Branco[…].(p. 265, parágrafo 2, linea 23-26).
Naquele momento a censura tolhia a voz dos estudantes…
O Diretor dissera a Lauro que era natural sua preocupação, mas, que ninguém queria saber disso. Lauro rebateu e disse-lhe: ”não sei fazer discurso de amenidades…”
Lauro reuniu a turma e informa o acontecido, leu o discurso, pede um parecer, e informar sobre sua desistência da função de representante da turma, ninguém aceitou tal fato. Com isso formaram uma comissão e solicitaram uma audiência com o Senhor Ministro para esclarecimentos.
A reunião fora longa, após argumentos, fora dito que não precisaria falar de amenidade, mas sim, que fosse modificado alguns pontos no texto, pois ao proferir o discurso, corria-se o risco de Jornal Correio da Manhã publicar: […] Jovem diplomata dá aulas ao Presidente da República mostrando que democracia social é o caminho para o Brasil[…](p.267,paragrafo 1º, línea,28-30).
O texto fora atenuado com algumas palavras sinonimizadas sem alterar seu teor e entregue ao Gabinete do Ministro, o qual nunca deu resposta, nem tão pouco agendou a data da cerimonia de formatura da turma. Com esse relato, Lauro ao meu ver, nunca se furtou de suas ideias, seu patriotismo, e também nunca falou de amenidade no seu labor, tanto que por onde passou, mesmo nas metáforas, elevou o nome do Brasil mundo afora, divulgando a diversidade cultural, literatura, arte e música brasileira.
Apaixonado pela literatura, Lauro, na sua criatividade, cria o recital, […[“Três epopeias brasileiras[…]’(p. 295), que consiste num recital, onde ele reúne poemas de três escritores de maior grandeza brasileira, y Juca Pirama, de Gonçalves Dias, O Navio Negreiro de Castro Alves, e Caçador de Esmeraldas de Olavo Bilac.
Os três poemas épicos fazem alusão à formação histórica e cultural do Brasil, ou seja, a forte presença do índio nativo, a conquista e alargamento do território pelos bandeirantes, finalmente, a imensa e sofrida contribuição do negro africano escravizado. Da fusão étnica e cultural dessas três raças básicas nasce o Brasil[…] (p. 295, parágrafo 1-2, línea 1-12).
Um outro Embaixador, dessa vez das Gerais, autor da grande obra brasileira Sagarana, (1946), Guimarães Rosa, tornam-se amigo e colegas no Instituto Rio Branco, amizade pra toda vida.
Rosa, escritor que canta em suas obras o sertão; […[ Portanto, torno a repetir: não do ponto de vista filológico e sim do metafísico, no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoiévski e Flauber, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão,[…]. (p. 347,parágrafo 3º, línea12-17).
Nesse misto de saudades, um outro sertanejo maranhense Gonçalves Dias, considerado o pai do romantismo brasileiro, em seu poema escrito no exílio, denominado “Canção do Exílio”,(publicado em 1857 no livro, Primeiros Cantos), canta em versos seu amor, e a saudade de sua terra natal;
Transcrevo o estribilho:
“Minha terra, tem palmeiras,
Onde cantam as sábias,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá,
Não permitas Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá,
Sem que aviste as palmeiras onde cantam as sábias…”
Além das narrativas aqui mencionadas, Lauro aborda em sua obra fatos como: futebol, morte, imortalidade acadêmica, lusofonia, filosofia, CPLC, figura representativa de sua terra natal Goiás, países onde atuou como Embaixador, andanças literárias, dentre outros.
Desse modo, por meio de suas evocações multicoloridas, podemos conhecer uma parte de sua trajetória através da obra ‘Quincasblog, meus encontros’, que perpassa pelo pretérito, estendendo-se no presente e avançando ao futuro numa abordagem histórica singular exercendo influência direta sobre o leitor, levando-o ao prazer estético que provoca uma reflexão acerca das várias fases da vida do autor, num reviver metafórico no contexto social, politico e cultural no qual o escritor encontra-se inserido no mundo contemporâneo.
FEBACLA prestará homenagem à memória de Machado de Assis, com a outorga da COMENDA DO MÉRITO LITERÁRIO MACHADO DE ASSIS – PATRONO DA LITERATURA BRASILEIRA
O romancista, contista, dramaturgo, poeta e cronista, que faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, foi o principal representante do realismo brasileiro
Machado de Assis foi um escritor brasileiro que escreveu tanto obras românticas quanto realistas. Um de seus livros mais famosos é ‘Memórias póstumas de Brás Cubas’.
“Machado de Assis é um dos mais importantes escritores brasileiros. Ele nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Mais tarde, trabalhou como aprendiz de tipógrafo e revisor, além de ser funcionário da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
O romancista, contista, dramaturgo, poeta e cronista, que faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, foi o principal representante do realismo brasileiro. Assim, em romances como Memórias póstumas de Brás Cubas, ele trabalhou com a temática do adultério e fez críticas à elite burguesa do século XIX.”
As solenidades de outorgas serão realizadas nas seguintes datas:
Data: 24 de agosto de 2023, às 18h. LOCAL: CEMI de Cruzeiro SRES Área Especial, Cruzeiro Velho Brasília – DF. CEP. 70297-400
Evento virtual dia 25, às 19h. (Plataforma Google Meet)
Experimento Espelho 2.0 faz apresentações online de 26 de fevereiro a 21 de março
Experimento Espelho 2.0 é um espetáculo adaptado do conto O Espelho – Esboço de uma nova teoria da alma humana, de Machado de Assis
Experimento Espelho 2.0 é um espetáculo adaptado do conto O Espelho – Esboço de uma nova teoria da alma humana, de Machado de Assis. Neste trabalho, sob a orientação do premiado diretor Luiz Fernando Marques (Lubi), o grupo teatral Núcleo Instável investiga cenicamente a pluralidade de significados e a relevância, ainda atual, das questões levantadas no conto e sua conexão patente com os dias de hoje.
A temporada será de 26 de fevereiro a 21 de março, às sextas, sábados e domingos, às 21h pelo site da companhia.
No espetáculo, a poética da transmissão ao vivo é explorada como linguagem e como conteúdo, abordando a presença da tecnologia nas relações humanas. Experimento Espelho 2.0 utiliza a captação e a transmissão ao vivo de imagem e som para além de um simples registro passivo da ação que acontece no palco. Os recursos técnicos de transmissão online fazem parte da narrativa do espetáculo: atores e personagens operam de dentro de cena as câmeras, celulares, televisores e computadores. Mesclando as vidas de três jovens atores durante a pandemia de 2020 com uma história de 1882, Experimento Espelho 2.0 apresenta uma releitura atual do conto de Machado de Assis.
Experimento Espelho 2.0 é uma recriação do espetáculo teatral Experimento Espelho que estreou em novembro de 2016 e cumpriu quatro temporadas de apresentações, na Escola Livre de Teatro de Santo André; na Casa Pelada – Espaço Cênico de Experiências; no Teatro de Contêiner da Cia Mungunzá; e na Oficina Cultural Oswald de Andrade – todas com salas cheias e recepção extremamente positiva por parte do público.
Sinopse
Em um espaço atulhado de objetos – algo entre um quarto bagunçado e um depósito de memórias de uma geração – três atores se deparam com um conto de Machado de Assis. Confrontando as ideias do autor com suas próprias vivências, na busca de entender e encenar o conto, os jovens compartilham com a plateia não somente o conto em si, mas sua construção cênica e virtual nos dias de hoje.
Utilizando tecnologias obsoletas e atuais, operando de dentro da cena dezenas de câmeras, computadores – além da transmissão ao vivo do próprio espetáculo – os atores desmancham os limites entre os planos da narração machadiana, da realidade e da memória.
O resultado é uma sobreposição de duas épocas, de dois Brasis: um reflexo incerto e perturbador – assim como aquele com o qual a personagem Jacobina, do conto de Machado, se depara no grande espelho da casa.
Sinopse curta
Em um espaço atulhado de objetos, três jovens confrontam o conto O Espelho, de Machado de Assis, com suas próprias vivências na era da informação e da imagem. Manipulando dezenas de câmeras, computadores, celulares – e a própria transmissão do espetáculo – fazem emergir a atualidade das questões humanas na obra de Machado.
Ficha Técnica
Criação e adaptação para versão online:
Núcleo Instável – André Zurawski, Marcelo Moraes e Thomas Huszar
Ficha técnica do espetáculo original (2017):
Texto: André Zurawski, Marcelo Moraes e Thomas Huszar a partir do conto O Espelho – Esboço de uma nova teoria da alma humana, de Machado de Assis
Concepção e direção: André Zurawski, Marcelo Moraes e Thomas Huszar
Orientação: Luiz Fernando Marques
Elenco: André Zurawski, Marcelo Moraes e Thomas Huszar
Cenografia e direção de arte: Nina Farkas e Paola Ornaghi