De volta ao meu jardim
Verônica Moreira: ‘De volta ao meu jardim’


Estou voltando pra mim
Estive fora por um tempo,
fora das reais prioridades,
encontrei meras vaidades.
Hoje, retorno ao caminho,
àquilo que me é princípio,
início, raiz, compromisso,
o que me faz pulsar e viver.
Volto ao primeiro amor,
retorno às primícias,
aquelas que deixei para trás,
as que me traziam paz.
Voltei para dentro de mim,
encontrei poesias solitárias,
libertei-nas nesta manhã,
quando abri meu jardim.
O jardim das amoreiras,
aquele que outrora cultivei.
Encontrei espinhos e cardos,
e amoras caídas ao chão.
Quanto tempo não sinto
nem doce nem amargo,
o azedo da fruta verde
ou o doce da fruta madura.
Há muito não sinto o cheiro,
nem perfume de flores.
Quanta poesia sufocada,
inúmeros versos perdidos.
Mas hoje, simplesmente,
voltei ao meu jardim,
destranquei sua porta
e degustei suas delícias.
Abracei o passado,
perdoei os animais,
até beijei as lembranças,
as marcas nem vejo mais.
Eu disse em voz alta
aos invasores de outrora:
— Saiam… eu os liberto agora.
Meu jardim voltará a florir.
Eu posso sentir os versos,
eles dançam ao meu redor.
A poesia me abraça forte,
já posso ser dela outra vez.











