Ismaél Wandalika: Poema ‘Coragem do tempo’ (parte 1)
Como o tempo é ilusionista Voa além das estrelas ninja Mira vidas sopra forte ventania Vai longe apaga memória
Como o tempo é capaz De nos fazer lembrar o quanto a gente já foi capaz O tempo fala com sinais Envelhece até os animais Ninguém escapa dele e mais…
Nos faz viajar no tempo Lembrança traz de um momento que torna-se único Ele é mestre da ilusão cinturão preto Faz magia nos corpos muda pensamento.
Muda aspectos Dá luz pela coragem Tempo muda coisas nas ideias da cabeça Transforma lugares e templos.
Nos oferece um desconhecido ombro amigo Mostra a falsidade de alguns amigos nossos Tempo leva tudo Traz tudo do nada É estranho mata quem amamos Não o culpamos Só é tempo mudando a cada instante
Tempo nos faz errar e crescer também As memórias voltam No tempo, o amor vai O coração cai Abrimo-nos para um novo temporal Entregamo-nos ao prazer de sentir Abraços entrelaçados nos corpos Tempo. Deixa-nos sem tempo. Perdidos e achados no tempo.
Paulo Siuves: ‘Visão do futuro, imagem do passado’
“Ébano e marfim vivem juntos em perfeita harmonia Lado a lado no teclado do meu piano, oh Senhor, por que nós não vivemos?” (Ebony And Ivory – Stevie Wonder, Paul McCartney).
A visão do amanhã parece tão real, mas o amanhã não passa disso: uma visão Que se projeta na doce ilusão de um sonhador. Uma flor inverossímil delicada e Irrigada com os doces deleites do salivar dos seus beijos
Que se propagam nas imagens fixadas no passado, Na memória.
A visão ilusória de estar de mãos dadas Se perde no longínquo passado onde Essa imagem está tão distante, Quase perdida na década brincalhona… Amar e desejar se confundem Quando penso em você.
Amo seu olhar, seu sorriso, sua voz, seu querer E quero tanto esse amor sobre meu peito, Quero você cansada e independente dos meus apelos.
Desejo seus cabelos sobre meu rosto E suas mãos salientes, percorrendo meus tendões. Essa imagem ainda não se pregou Nas paredes construídas para o hoje E estruturam o amanhã. Eu amo você!
Em março, o Sesc Sorocaba traz o projeto CineCafé com o tema saberes ancestrais, a memória e potências femininas
No mês de março, a programação do CineCafé apresenta obras que abordam os saberes ancestrais, a memória e potências femininas.
As exibições acontecem gratuitamente às terças às 19h e demandam retirada de ingressos com 1 hora de antecedência na Central de Atendimento. Os lugares são limitados.
Após cada sessão acontece o Cinema em reflexão, um encontro para discutir os aspectos técnicos e teóricos dos filmes apresentados. Este mês com Vanessa Garcia, professora e doutoranda em Educação.
Confira os filmes, para não perder nenhuma sessão:
Inspirado pelos verdadeiros eventos que ocorreram no Reino de Dahomey, um dos estados mais poderosos da África nos séculos 18 e 19, o filme conta a história de Nanisca (Viola Davis), da unidade militar feminina conhecida como “Amazonas” e sua filha Nawi, que juntas lutaram contra as tribos francesas e vizinhas que violaram sua honra, escravizaram seu povo e ameaçaram destruir tudo pelo que viviam. Classificação 14 anos.
12/3 | Yaaba – O amor silencioso
Direção: Idrissa Ouedraogo | Drama | Burkina Faso | 90 min. | 1989 | LEG.
Em uma pequena aldeia em Burkina Faso, Bila, um menino de dez anos, faz amizade com uma idosa chamada Sana, a quem todos chamam de “Bruxa”, e a culpam por qualquer desastre que aconteça na comunidade. Bila a chama de “Yaaba”, que significa “avó”, e quando Nopoko, prima do garoto, fica doente, Bila recorre a Sana para que ela faça um remédio para salvar a menina. Classificação 14 anos.
19/3 | Café com canela
Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio | Drama | Brasil | 100 min. | 2018
Margarida vive em São Félix, isolada pela dor da perda do filho. Violeta segue a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando Violeta reencontra Margarida, inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores. Classificação 14 anos.
19/3 | Isso não é um enterro, é uma ressurreição
Direção: Lemohang Jeremiah Mosese | Drama | África do Sul | 120 min. | 2019 | LEG.
Nas montanhas do Lesoto, uma viúva de 80 anos chamada Mantoa aguarda ansiosamente o retorno do filho, que trabalha nas minas da África do Sul, quando recebe a notícia de sua morte. Ávida pelo próprio fim após a perda do último membro remanescente da família, ela coloca seus negócios em ordem e toma providências para ser enterrada no cemitério local. Seus minuciosos planos são repentinamente perturbados pela notícia de que as autoridades pretendem inundar toda a região para construir uma barragem para um reservatório e, por consequência, reassentar a aldeia onde ela vive.
Ivete Rosa de Souza: Crônica ‘Memórias da saudade’
Saudades são doces memórias, legado que o destino adocicou e colocou em nossas vidas. Sentimos um cheiro bom, de alguma forma lembramos de alguém, algum lugar, ou acontecimento. Ouvimos uma música, lá vem a memória, o doce acorde da saudade.
O amor, a beleza do encontro firmado no tempo. Saudades da meninice, dos folguedos, do carinho e presença de nossos pais, avós e tantas pessoas que de alguma forma nos tocaram o coração.
A alma nos presenteia com sentimentos felizes, gentilmente nos doa essa presença de luz, geralmente em nossos dias de introspecção ou de desencanto.
Abre as portas da memória, para nos fazer sentir, ver a vida transitória. Mostrando nos pequenos momentos que vivenciamos paz, alegria e companheirismo. É assim a vida, feita de pequenos blocos, empilhados um a um, com o nosso tempo vivido com aqueles que compartilharam vida, amor amizade, ou simplesmente um único momento que marcou para toda a vida.
A vida é continuamente feliz se olharmos para trás, constatando as memórias felizes. Claro que todos nós temos nossos percalços, altos e baixos. Tropeços que sabiamente preferimos esquecer. Lembranças tristes causam dor, saudades substituem essas memórias que nos causam dor, por outras costuradas à mão por dias felizes, essas as memórias saudosas, que nos fazem rir, sentir um calor na alma, um lampejo de esperança no coração.
Somos feitos de pequenos e grandes acontecimentos. Saudosos de boas memórias, dos dias das primeiras conquistas. O primeiro dia de aula, o primeiro amor, o primeiro beijo e tantos outros primeiros momentos de grandes acontecimentos.
A primeira palavra de um filho, o primeiro passo não esquecemos, fica gravado e repetidamente visualizamos com alegria e saudade.
Um dia eu e todos os outros humanos com certeza teremos saudades de ter habitado este planeta. E quando alguém, em um momento lembrar de um de nós, seremos essa partícula, esse pequeno bloco de uma memória que esse alguém, sorrindo, lembrará de nós, com saudade.
E tenha certeza, também sentiremos saudades dessa pessoa. Constatando que amamos e fomos amados.