Quanta sede

Evani Rocha: Poema ‘Quanta sede’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Bing - 27 de outubro de 2024,
 às 19:00 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 27 de outubro de 2024,
às 19:00 PM

Quanta sede não saciada
Cacos do que foi inteiro outrora
As folhagens tomam conta da calçada
E a fachada velha, atrás, se desponta

É uma sede da infância ausente
Do corredor largo ao lado da sala
Da mesa posta sob a luminária
E as conversas de gente grande

Quanta sede não saciada
Do pote de barro, só os fragmentos
Se fecho os olhos, já estou de volta
Vejo a poltrona livre na varanda

Há aves em gorjeio no arvoredo
E um céu nublado diz que vai chover
Ouço os pingos grossos no telhado
E aqui dentro um rio a correr

“São as águas de março”
Nas palavras de um poeta
As últimas nuvens a desfalecer
Deixarei levar os restos de saudade
Para em outras águas reviver.

Evani Rocha

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