Soneto para Beethoven

Maze Oliver: ‘Soneto para Beethoven’

Maze Oliver
Maze Oliver
Ludwig van Beethoven

Oh, Ludwig Van Beethoven, atual
Música com mistério, multidões…
Encanto e magia, luzes sem igual,
Lindas sinfonias cantam corações.

Nos teus lindos acordes, o primeiro
Ludwig, um Imortal incontroverso
Movimento romântico, o pioneiro
Teve grande paixão, amor imerso.

A crítica falou: obra genial!
A nona sinfonia, fama devir
É erudita, som universal.

Como pôde tu, mesmo sem ouvir,
Executar canção tão magistral?
Só tu mesmo adorado, és porvir.

Maze Oliver

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Você foi

Verônica Moreira: Poema ‘Você foi’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
"Hoje consigo aceitar que você simplesmente foi e agora não passa de uma memória vaga e sem futuro."
“Hoje consigo aceitar que você simplesmente foi e agora não passa de uma memória vaga e sem futuro.”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Você representou o mais belo amor, porém o mais angustiante.

O mistério mais fascinante, porém o mais desafiador de desvendar.

Você foi a loucura mais intensa, o doce mais puro, provei de seus lábios.

Conheci a nudez crua ao despir sua roupa.

Você me inspirou e me deu a coragem de ser autêntica, entregando-me de todo coração ao prazer da sedução.

Você foi a ausência mais presente, mas ao mesmo tempo o presente mais ausente que a vida me deu.

Mas afirmo, sem receio do futuro, que você foi tudo o que meu coração precisava para compreender que, muito além de você, outro alguém me amava.

Hoje consigo aceitar que você simplesmente foi e agora não passa de uma memória vaga e sem futuro.

Verônica Moreira.

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A porta

Sergio Diniz da Costa: Conto ‘A porta’

(Contos da adolescência)

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Uma porta misteriosa, semiaberta
Uma porta misteriosa, semiaberta
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

Todos corriam em direção à porta semiaberta. Dia e noite era sempre a mesma coisa, a mesma correria frenética, incontrolável.

Era gente que perguntava, gritava, implorava para ter sua passagem livre àquele lugar de procura, de angústia e de incerteza.

O que haveria atrás dela? Ninguém sabia, mas todos a procuravam. E a cada dia, mais pessoas chegavam àquela passagem enigmática.

Loucas correrias. Pessoas que caiam e não mais se levantavam. Os mais fortes subjugavam os mais fracos; os mais ricos esmagavam os mais pobres. E tudo, para ter o privilégio de ser o primeiro a transpor o enigma indecifrável. Diante desses fatos, os fracos e os pobres ficavam sempre por último.

Uma multidão acabou se prostrando diante da porta. Em seus rostos via-se o estigma deixado pelo supremo esforço. Rostos encarquilhados, faces emaciadas pela energia gasta na terrível batalha competitiva.

Alguém, do meio da turba, reunindo suas últimas forças, sobressaiu-se e, caminhando em direção à porta, abriu-a. A multidão, arrefecida pelo cansaço, adquiriu novo alento e arremessou-se pelo portal adentro.

Todos cometeram, porém, o mesmo engano: na pressa, ninguém se lembrou de levar alguma coisa consigo, e no interior da porta não havia luz, somente o silêncio de um sepulcro violado.

O terror começou tomar conta daquela gente. Um frio seco se infiltrou no sangue de todos, que passaram a procurar agasalhos e, como nesse local não os havia, os mais fortes atacaram os mais fracos e os mais ricos compraram dos mais pobres.

Ao fim de algum tempo, os mais fracos e os mais pobres pereceram. O frio, no entanto, continuava intenso. E manifestou-se a fome. E não havia alimentos.

Pressionados pela fome, os que restaram começaram a negociar. Entretanto, por mais soluções que tentaram encontrar, nada apagou a lembrança do alimento. Desta forma, como por um acordo tácito, os sobreviventes começaram a se devorar. E, no final, não restou ninguém, pois o último homem se autodevorou.


Sergio Diniz da Costa

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O estranho

Sergio Diniz da Costa: Conto ‘O Estranho’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
O estranho
O Estranho
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A porta entreabriu-se lentamente. Lá fora era noite. A noite mais fria do ano. Uma neblina de morte pairava nas ruas da cidade adormecida. Tudo era silêncio. Raro era o instante em que se ouvia um ganido de cão vadio perdido na névoa viscosa, que abraçava as ruas sujas e sem ecos humanos.

─ Boa noite! Posso entrar? ─ Foram as únicas palavras que se ouviram de fora.

─ Entre! ─ eu disse, quase que num espasmo.

O estranho adentrou pela sala aquecida por uma lareira crepitosa. Tirou o chapéu de feltro amarrotado e úmido e preparava-se para tirar o sobretudo quando, como se eu despertasse somente naquele momento, reparei numa das mãos do homem; ela segurava uma mala preta que causava uma desagradável impressão. Parecia pesar como um haltere. Mas, não era somente o seu aspecto plúmbeo que assombrava à primeira vista; parecia conter algo sinistro em seu interior.

Talvez essa impressão fosse causada pela pouca luz que se difundira naquele canto da sala, por isso adiantei ao visitante:

─ Por  favor,  queira chegar até aqui! Lá fora está muito frio e nada como uma lareira para descongelar o sangue ─ Falando assim, quis dissipar aquele ar denso que parecia fazer parte do ar noturno que espalhava-se lá fora.

O estranho adiantou uns passos medidos e mergulhou na claridade que escapava da lareira. Seu semblante era rude, como o de um viking em plena batalha de morte. A testa adiantava-se do rosto, deixando os olhos perdidos nas órbitas profundas. E de seus olhos emergiram dois brilhos metálicos, que causavam a sensação de se estar diante de uma fera assassina. O seu nariz aquilino adiantava-se proeminentemente da face encovada, dando-lhe um ar tragicômico. A boca, de lábios finos e rachados, cerrava-se num silêncio lúgubre. Do lado esquerdo de sua face podia-se notar uma cicatriz, causada por um corte profundo, com certeza. O queixo avançado impetuosamente, de arestas marcantes, dava-lhe um caráter resoluto. Seus cabelos, de corte comum, deixavam as orelhas descobertas que, terminando em pontas, davam-lhe uma aparência malévola.

─ O senhor parece assustado ─ balbuciou o estranho, com voz gutural.

─ Ah! É impressão sua ─ menti, com receio de deixar transparecer o meu íntimo. ─ Mas, queria sentar-se, por favor. O senhor deve estar cansado, não?

A massa humana sentou-se sem dizer palavra. Tentei manter um diálogo, a fim de descarregar a eletricidade que tomava conta do ambiente. Entretanto, parecia inútil a tentativa. Por fim, disse-lhe, inopinadamente:

─ A farsa não pode continuar por muito tempo!

O homem pareceu surpreso e, remaniscando, levantou e colocou-se numa atitude de defesa.

─ Sim, a farsa deve acabar! ─ E, virando-se para o meu lado, encarou-me com olhos decididos.

─ Quero dizer que… ─ Não pude continuar a frase; Berta, minha governanta, irrompeu pela sala e, com palavras sussurradas, confiou-me algo ao ouvido.

O estranho inquietou-se ainda mais.

─ Não, Berta, não quero que você continue com aquilo!

─ Desculpe-me, eu não queria… e, sem poder terminar a frase, caiu num pranto copioso.

Olhei pra ela com olhos de compaixão, acariciando seu coque branco. E em voz baixa falei-lhe, delicadamente:

─ Berta, continue com seus afazeres.

Ela saiu, enxugando as últimas lágrimas e desculpando-se, continuamente.

─ Ela poderia ter ficado? ─ indaguei ao estranho.

─ Não! ─ foi sua resposta. ─É melhor que tudo fique entre nós dois.

─ Como queira ─ respondi, com certa humildade.

─ Não devemos prolongar por mais tempo o nosso assunto ─ insistiu o vulto humano. ─ As horas escoam rapidamente ─ arrematou.

─ Sim eu compreendo. Siga-me! O que procura está nos subterrâneos da casa. Venha por aqui.

Virei-me e nos dirigimos ao porão, No caminho, desculpei-me pela arrumação da casa. A entrada do porão estava fechada desde que eu contratara Berta como governanta. Com a Vinda dela, cuidei que seria melhor trancar aquela passagem e ficar com a chave em meu poder. Questão de segurança, simplesmente.

Entramos, com a porta rangendo como um moribundo que foi molestado em seu leito de morte. Densas teias infestavam aquele umbral úmido, que dava ao espírito uma sensação de abandono, de desolação.

─ Eis o que veio buscar ─ disse-lhe, depois de vasculhar aquele interior que há muito não via pessoas.

O estranho assentiu com a cabeça e avançou para pegá-la, quando se ouviu um grito lancinante cortar o silêncio que reinava naquele lugar desconfortável.

─ Berta! ─ exclamei, lembrando que a simpática velhinha ficara sozinha lá em cima.

Tive o ímpeto de correr para a parte superior da casa, quando fui subitamente preso pelo braço hercúleo do visitante.

─ Não vá! ─ disse-me, energicamente. ─ É melhor para você permanecer aqui. É muito tarde para Berta. O que tinha que ser feito, o foi.

Num gesto brusco, desvencilhei-me daquela garra poderosa que esmagava meu braço. Colocando as mãos no rosto, solucei em voz alta:

─ Meu Deus! Como pude me esquecer de Berta? Eu deveria saber que ela seria incapaz de se defender sozinha.

─ Infelizmente Berta não servia para os meus planos.

Aquela voz estentórica martelou meus ouvidos e, numa agonia de morte, perguntei-lhe:

─ E eu? O que acontecerá comigo? Cumpri com a minha parte, não?

─ Sim, você foi muito útil. Deixarei esta mala; quando eu estiver fora desta casa, poderá abri-la. Adeus!

E, virando-se em direção à porta, sumiu pelos degraus ascendentes. Pude ouvir o barulho da porta da frente se fechando.

Fez-se alguns segundos de silêncio que pareceram toda uma eternidade. Logo após, abri o fecho daquela mala fatídica.

Nas ruas gélidas da velha cidade adormecida, quebrou o silêncio cúmplice um grito final, que se perdeu em alguma ruela imunda. Depois, fez-se silêncio, novamente, raramente quebrado pelos ganidos de algum cão vadio que perambulava sem rumo pela cidade perdida na neblina.

Sergio Diniz da Costa

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Romance noir expõe violências de um Brasil decadente

Em ‘Bas Fond – Um conto urbano e suburbano’, Felipe Benício tece críticas à moral e aos costumes com um enredo policial ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1990

Capa do livro ‘Bas Fond – Um conto urbano e suburbano’, de Felipe Benício – Divulgação / Felipe Benício

Em Bas Fond – Um conto urbano e suburbano, os leitores imergem no passado de um Rio de Janeiro que se distancia da alcunha de ‘cidade maravilhosa’. Ambientado na década de 1990, o livro escrito por Felipe Benício mescla elementos das narrativas policiais e de mistério para contar a história de um crime que estremece a sociedade brasileira apegada aos bons costumes.

No enredo, Mário Mariano é um jornalista recém-formado que, sem muitas oportunidades, aceita um trabalho como repórter em um jornal prestes a falir. Durante os primeiros dias no novo cargo, publica uma matéria exclusiva sobre uma prostituta vítima de abuso sexual. Mas, com as atualizações do caso, o protagonista inexperiente vai descobrir o envolvimento de nomes importantes da polícia da região, ao mesmo tempo que expõe as desigualdades sociais e de poder na capital.

Desterro angustiava-se lembrando dos tempos de dureza, em que fora obrigada a trabalhar como telefonista, secretária e manicure, morando em Costa Barros, sempre longe do trabalho da vez. O dinheiro mal dava para pagar aluguel e alimentação em uma pequenina casa de dois cômodos, sem banheiro, perto do Morro da Pedreira. (Bas Fond – Um conto urbano e suburbano, pg. 64)

Esta narrativa é inspirada nas vivências pessoais do autor, que começou a carreira como repórter policial. A partir do contato direto com o ofício, ele traça um panorama histórico do jornalismo brasileiro. A trama também conta com detalhes descritivos do Rio de Janeiro: mesmo aqueles que nunca conheceram a cidade caminham junto com os personagens pelo Catete, bairro que, no passado, sediou o palácio da Presidência da República.

Felipe Benício utiliza vários recursos narrativos para complementar a leitura, como os flashbacks, que levam o público do subúrbio carioca até a alta sociedade de Belém nos anos 1960. Além disso, os capítulos são curtos: alternam pontos de vista entre os narradores e os diálogos são diretos para se aproximar da crueza da realidade. Mas a trajetória de Mário Mariano não acaba em Bas Fond: novos livros darão continuidade ao percurso profissional do jornalista, que se conectará a outros momentos-chave da história brasileira.

FICHA TÉCNICA

Título: Bas Fond – Um conto urbano e suburbano

Autor: Felipe Benício

Editora: Ases de Literatura

ISBN: 978-65-54282-31-4

Páginas: 156

Preço: R$ 43,90 (físico) | R$ 24,99 (e-book)

Onde comprar: Amazon

SOBRE O AUTOR

RIO DE JANEIRO (RJ), 13/07/2023 – LITERATURA / ARTE/ CULTURA – Sessão de fotos com o escritor Felipe Benicio, autor do livro Bas Fond, com noite de autógrafos prevista para o dia 30 de agosto, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon., na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Jornalista com especialização em Comunicação Corporativa pela ESPM-Rio, o carioca Felipe Benício atualmente é responsável pela área de relacionamento com a mídia da Vibra. Durante a carreira, trabalhou como repórter de vários veículos de comunicação, como Última Hora, Rádio Manchete e Bloch Editores – que serviram de inspiração para a publicação do primeiro livro ‘Bas Fond – Um conto urbano e suburbano’.

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Quando as cordas vibram

Resenha do livro “Quando as cordas vibram” de Renan Barros, pela Editora Frutificando.

Livro "Quando as cordas vibram" de Renan Barros, pela Editora Frutificando

RESENHA

O livro conta a história de um violoncelista que faz parte de um quarteto de cordas.
Vê seus ensaios em casa arruinados por Fátima, sua vizinha do andar de cima.

De lá vinham barulhos horríveis, sons altos e ruídos perturbadores, inclusive pedidos de socorro.

À medida que os dias foram passando, cada vez mais Roberto se preocupava com o que estava acontecendo, e resolve confrontar a vizinha.

Mas aí a história toma outros rumos

Uma trama de mistério e desencontros, que aguça a curiosidade de quem lê.

Uma narrativa surpreendente numa escrita muito bem elaborada.

Um livro ótimo! Super recomendo!!

Leiam!

Assista à resenha do canal @oqueli no Youtube

SOBRE A OBRA

Renan Barros, sempre quis escrever alguma história que estivesse relacionada à música.

Houve um período em que fez uma tentativa de aprender, ainda na pré-adolescência, a tocar violoncelo, na Guri Santa Marcelina, instituição que ensina música aos jovens de forma gratuita.

Mas acaba percebendo que precisaria de mais dedicação do que imaginou para ser um violoncelista digno.

Afinal, um instrumentista de verdade encara a música como um amor que leva para a vida toda, o que ele realmente sentia era uma paixão, que logo esfriou.

Porém, o amor à música clássica, principalmente por instrumentos de corda, perdura até hoje.

Além disso, há outras coisas que serviram de inspiração para “Quando as Cordas Vibram”, como por exemplos filmes “Whiplash: Em busca da perfeição” e “A perfeição”.

Ambos falam do sucesso e das infelicidades que a dedicação excessiva às partituras pode trazer para um músico. Esse contexto ajudou a criar o clima para a história.

Outras obras também serviram de inspiração, tais como “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz, e de “Laços de família”, de Clarice Lispector. Especialmente o conto “Amor” (da antologia de Clarice) serviram de auxílio.

Lidas e apreciadas pelo autor, alguns personagens destas obras foram nortes e base para que fossem desenvolvidos os personagens de sua obra.

Renan traz em sua obra a singularidade de um mistério cheio de leveza, uma história de família dramática apresentada aos poucos, trazendo a narrativa um desenrolar contínuo e tranquilo.

SINOPSE DO LIVRO

Roberto é um violoncelista que precisa de dedicação, mas os ruídos de Fátima — vizinha que mora no apartamento acima — acabam desconcentrando-o.

Os barulhos aumentam a cada dia e tudo se acentua quando o músico pensa ouvir um pedido de socorro vindo da moradia da mulher…

SOBRE O AUTOR

Foto do escritor Renan Barros

Renan Barros da Silva, paulistano do Grajaú, (zona Sul de São Paulo),nasceu em 2002.

Tomou gosto maior pelos livros no último ano do Ensino Médio, após a leitura de “Dom Casmurro”.

Daí em diante, o interesse pelos Clássicos Nacionais aumentou, e a vontade de aprender mais sobre o próprio idioma.

Influenciado por tudo isso e com todo apoio da sua professora de Língua Portuguesa, hoje é graduando em Letras.

OBRAS DO AUTOR

Capa do livro "Quando as cordas vibram" de Renan Barros, oela Editora Frutificando

ONDE ENCONTRAR O LIVRO


Resenhas da colunista Lee Oliveira