Chuva que acalma

Verônica Moreira: Poema ‘Chuva que acalma’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
Imagem gerada por IA do Bing
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Chuva serena, que acende a noite,
Diamantes dispersos na escuridão,
Gotas brilhantes, lágrimas celestes
Que lavam a mágoa do meu coração.

Ah, chuva que tanto amo,
Quisera sentir-te sobre mim,
Da janela observo-te, etérea e bela,
Como um manto de seda a cobrir o jardim.

Chuva que cai em marés de saudade,
Como a quero com toda a verdade!
Já não dói a fria solidão,
Mas dói a seca que rasga meu pobre coração.

Tu, ó chuva de outubro, abençoada,
Com ternura regas o mundo ao teu toque,
Em mim, purificas a alma cansada,
Libertas o sofrer que em mim deságua.

Verônica Moreira

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Fuga

Sergio Diniz da Costa: Poema ‘Fuga’

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Imagem gerada com IA do Bing - 19 de outubro de 2024
 às 11:37 AM
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às 11:37 AM

Quisera, ao sol do dia,
Esconder minha presença
Em profundo poço.
Dormir o sono longo
Dos justos, dos cansados.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma pedra
Numa gruta distante.

Quisera, ao sol do dia,
Ser apenas uma folha
Num livro com folhas
Sem fim.

Quisera viver somente à noite:
Hora mágica do dia!
Que ventura ao espírito!
Quão liberta e suave
A vida noturna,
Em que a alma se despoja
Dos grilhões da rotina diária
Em que nossos sentimentos se abrandam
Ao contato de outros seres.

Hora mágica,
Dos cantores de poesia
Dos suspiros românticos
Dos aromas de mel
Da lua irradiando saudades!

Triste dia que chega
Ao canto do arauto emplumado!
Triste vida luminosa
E, também, escura
Que clareia o inimigo
Que, à noite, era irmão!

Sergio Diniz da Costa

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Dentro

Loide Afonso: Poema ‘Dentro’

Loide Portugal
Loide Portugal
"Por dentro/ Se desfez/ Tudo que era/ Completo, esmagou"
Imagem gerada por IA do Bing - 14 de outubro de 2024 
às 3:17 PM
“Por dentro/ Se desfez/ Tudo que era/ Completo, esmagou”
Imagem gerada por IA do Bing – 14 de outubro de 2024
às 3:17 PM

Já era noite
Quando
Tudo começou
Ficou
Preto

Por dentro
Se desfez
Tudo que era
Completo, esmagou

Mas eu queria
Juntar
O que estava descolado
Sei lá, colar

Pra voltar
A ser
Completo
Embora discreto
Mas já era noite.

Loide Portugal

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Noites e luas num portal

Letícia Mariana: ‘Noites e luas num portal’

Leticia Mariana
Letícia Mariana
Imagem do Banco de Imagens do Canva
Imagem do Banco de Imagens do Canva

Era noite. Algo ocorria dentro de mim. Eu não era a mesma pessoa.
Após tantas letras, alguns números rodeavam minha cabeça. Uma lógica confusa. Meus versos se tornavam além das estruturas – das minhas estruturas. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo.

“Onde estou?”, pensava. Na pracinha do Bairro Peixoto, algo estranho acontecia. Conversei com uma bela moça que me dizia que o destino nos reserva surpresas que só Deus poderia definir.
Mais um dia se passava. Fiquei tão tonta que até para hospitais me levavam. Sua presença era como aprender além do que eu poderia aprender. Troquei meus livros favoritos por livros nos quais jamais leria por conta própria. E eram livros interessantíssimos. Meus versos foram mudando de tom, de som, de saudade. E eu estudei matemática mais um pouco.

A noite era estranha. Eu deveria ser feliz ao seu lado, mas eu não te conhecia. Jamais saberia onde encontrá-lo. Meu destino estava traçado com ele. E ele era real, mas você não era. O portal deveria se fechar antes que algo pior acontecesse. Antes que eu enlouquecesse de vez.
Como fugir do portal? Você era o professor mais incrível do mundo, o amigo mais fiel, o amor que eu jamais teria. Nos meus sonhos, eu te via em várias dimensões. O tempo era diferente com você. O tempo era só nosso. Enquanto o outro homem, que era destinado para casar comigo, me cobrava de todas as maneiras. Eu não sabia o que fazer.

Na verdade, quando me vi longe daquele portal, senti que precisaria te encontrar. Tive que escolher o destino que deveria seguir. Fiquei tão triste, tão sozinha. Você tinha ido embora. E eu não sabia onde encontrar você. Os seus números se foram, suas músicas estranhas, os bailes de época, nosso bebê. Tudo tinha ido embora. Todas as horas do relógio voltaram a ser as mesmas. Tudo estava no lugar. As equações se apagaram e deram luz ao meu novo livro… tão triste como antes. E eu não sabia onde te achar.

Não pude continuar com isso. Minha vida pacata, minhas lágrimas, minhas dúvidas se fico ou se vou, se te procuro ou se aceito o meu destino chato.
Foi quando uma vela se apagou…

e eu te encontrei novamente.

Letícia Mariana

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Soturno

Pietro Costa: Poema ‘Soturno’

Pietro Costa
Pietro Costa
Imagem gerada pela IA do Bing – 29 de julho de 2024, às 9:23 PM

Troquei a noite pelo dia
A água pela tequila
O sono pela fadiga
A inocência pela malícia
A solidão pelas más companhias
O Capitão América pelo Coringa
O carteado pela alquimia
O Às pela Rainha
A Jean Grey pela Vampira

A calmaria deu lugar à taquicardia
O comedimento à ousadia
A autoajuda deu lugar à filosofia
A disciplina à fantasia
A novela deu lugar à ficção científica
Automóveis deram lugar a discos alienígenas

A Terra eu troquei por Saturno
O mocassim pelo coturno
A metrópole pelo subúrbio
O consenso pelo distúrbio
O bom senso pelo tumulto
A obviedade pelo oculto

Flexões por “halterocopismos”
O pudor pelo nudismo
Apolo por Dioniso
A cevada maltada pela levedura do vinho
Silogismos por aforismos
Entendimentos por antagonismos

Pietro Costa

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O forró

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘O forró’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz

A noite chega e espreita sorridente
o céu do Nordeste,
celebrando a tradição
e a cultura do seu povo.

Sob o brilho das estrelas
e a luz prateada do luar calado,
numa mistura de arrasta-pé,
xote, xaxado e baião,
o forró embala os festejos juninos
e a alegria impera.

Nas noites frias de inverno,
ao som da música fremente,
sons descortinam-se
nos acordes da sanfona,
do zabumba e do triângulo;
e forrozeiros cantam em versos,
doces canções,
rasgando a madrugada.

No chão pelo clarear da Lua
o deslize dos pés
e sob o eco sublime da melodia,
dançarinos se divertem
ao ritmo pé-de-serra.
E no aconchego do abraço,
sussurram palavras, cantam o amor,
acendem o fogo da paixão.

Embevecidos pela cultura viva,
do eterno rei do baião, do saudoso Luiz Gonzaga,
o forró segreda e reverbera,
canta sua história,
retrata o amor, a saudade,
enfim, a vida do povo nordestino.
Viva o Nordeste! Viva o Forró! Viva o Mestre!

Ceiça Rocha Cruz

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Sou noite sem Lua e sem você

Paulo Siuves: ‘Sou noite sem Lua e sem você’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
"Anoiteci em minha alma, Tornei-me denso e solitário"
“Anoiteci em minha alma, Tornei-me denso e solitário”
Micrfosoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Anoiteci em minha alma,

Tornei-me denso e solitário,

Noite sem lua, brisa ou risos, noite vazia.

Toldei sem o amor da mulher amada,

A quem entreguei meu ser, por quem me doei

Sem inspiração, findou meu dia em tormento,

Anoiteci e ainda não há Lua nem estrelas, sem o teu fulgor.

As luzes da cidade vão surgindo ao longe

Casais se beijam, em seus laços se iluminam.

Em minha noite não há carícias, apenas o enfado,

Não tenho risos, nem motivos para sorrir

sem ceia, sem calor, sem companhia.

Não tenho sono, nem seu amor a me aquecer,

Nada tenho, mas nada mais precisava,

Só o teu amor me bastava para que eu fosse dia.

Anoiteci e a aurora se foi, roubada,

Fostes meu tudo, minha água, meu vinho, meu canto.

Meu pão pela manhã, meu poema à tarde inspirada…

Anoiteci em pleno dia, meu ser esmaecido.

Quando te foste, a noite me tragou, densa e fria,

Sem o amor da mulher que tanto amei.

A tristeza roubou minha inspiração, meu lume,

Em silêncio, meu coração se afundou em trevas.

Sem ti, não há luas nem estrelas em meu céu,

Já não sou dia em minha alma, solidão.

sem você sou saudade e escuridão.

Paulo Siuves

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