Ao Deus-dará: Ecos de uma era perdida

Verônica Moreira: ‘Ao Deus-dará: Ecos de uma era perdida’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
Imagem gerada por IA do Bing – 29 de novembro de 2024
às 11:23 AM

Soltaram as feras.
Eis que chega a nova era,
onde os omissos se calam,
engolem gole a gole a inverdade,
sem voz, mas com olhos que desviam.

Feras famintas, de golpes e sede,
não pelo bem de todos,
mas pelo banquete que os espera em suas mesas fartas,
no prazer egoísta, no churrasco que arde na sua própria brasa.

E eu, na dor de ter de aceitar o pecado,
prisioneiro deste fado,
silencio-me perante a força, a injustiça, o sistema.

Não sem voz, mas sem talvez…
Falo ou me calo?
Seria o meu grito apenas combustível para o ódio?

Cansaço…
É isso, o peso que recai sobre os ombros, a palavra certa.
Decepção, calamidade,
o sistema que se alimenta da corrupção.

Para os grandes, nada importa a fome dos pequenos.
É o que vejo – e o que eu daria para não ter visto.

Lamento profundamente por aqueles que se dedicam,
os que dão de si com verdade,
sem saber que são peões usados, peças descartáveis.

Ah, vida!
Oh, céus!
Haverá ainda esperança?
Vivem perdidos, abandonados ao acaso…

Ao Deus-dará?
Sim… porque é Deus quem dá.
E ainda bem que temos a Deus para nos dar.

Verônica Moreira

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Onomástico

Marcus Hemerly: Poema ‘Onomástico’

Marcus Hemerly
Marcus Hemerly
“No curso da vida, um momento perdeu-se em meio  às linhas”
Criador de Imagens no Bing – 4 de novembro de 2024 às 1:44 PM

No curso da vida,

um momento perdeu-se em meio  às linhas.

Outro,  mudo, calou à passagem do tempo,

fingindo-se de cego às páginas em aberto.

Um amor que não brotou,

O ódio, aos poucos ancorou.

Meu próprio epíteto virou um rosto,

o próprio Eu, consciente,

desgostou.

Do índice, restam espaços em branco,

Sem prólogo ou epílogo.

Resta, ao final, 

nomes perdidos ao vento,

em fria referência bibliográfica.

Marcus Hemerly

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Não vale

Evani Rocha: Poema ‘Não vale’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Gencraft
Imagem gerada por IA do Gencraft

Não vale a pena triturar os ossos
O óbvio, a tudo é sabido
Há quem sonha em viver o ócio
Mas teme ser preterido

Não vale a pena esvair-se por terra
Virar-se ao anverso do reverso
Deixar-se levar por retóricas vazias
Depois, encher a boca de fantasias

Não vale suportar a dor, sem cortar as raízes
Colher a flor sem regar o jardim
Exalar o odor da decepção
Calar nos olhos a contestação

Não vale a pena alimentar o ódio
Ficar a sós olhando o horizonte
Amassar o barro e subir ao pódio
Se não foi capaz de escalar o monte!

Evani Rocha

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