Leva-me!

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Leva-me!’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
“Olhos saudosos desenhados de lágrimas, acenos, brancos lenços, a dor da partida e uma saudade atroz“. Imagem gerada com a IA do Bing – 25 de setembro de 2024 às 10:57 AM

No coração do tempo
um olhar vago,
meus olhos buscaram os teus,
mergulhando fundo neste olhar.

Apaixonei-me,
colori todo o firmamento
com este amor.

No silêncio da tarde
tu te foste,
um vento selvagem levou parte de mim,
deixou-me na solidão.

E na canção do adeus
o sussurro: eu sempre vou te amar!
Olhos saudosos desenhados de lágrimas,
acenos,
brancos lenços,
a dor da partida
e uma saudade atroz.

Na névoa dos olhos da tarde e dos meus,
debruçada na janela do pensamento,
à sombra da mortalha do silêncio
que a ti me leva,
choros.

Leva-me no teu pensar,
na fímbria da tua vida
do teu amor,
para ouvir o ressoo do teu coração
num turbilhão de batimentos e ecos…
amo-te!

Sou tua brisa forte,
tua ventania.
Leva-me nas asas do teu vento
que assovia voraz,
no teu sonho para sonhar acordada
pra te dizer: eu sempre vou te amar.
Leva-me contigo!
Leva-me!

Ceiça Rocha Cruz

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Há tanto mar entre nós

Evani Rocha: Poema ‘Há tanto mar entre nós’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft

Há tanto mar entre nós
E muito céu a nos tocar
Os pés não sentem o chão
Acho que estamos a voar

As águas são cachoeiras
Translúcidas a borbulhar
Da boca nada é dito
Tudo fala o olhar

Há tanto mar entre nós
Estamos a mergulhar
Entre algas e corais
Entre os laços e os nós

O corpo é imensidão
Feito para explorar
Nas palmas leves das mãos
No jeitinho de tocar

Os cabelos misturados
Desde as raízes às pontas
Entre cachos, caracóis
Entre pele e lençóis

Sobre meandros e vales
Sobre escarpas e veredas
Os olhos e bocas calam
Pra sentir a sutileza

Há muito mar entre nós
E muitos nós a nos prender
Por dentro todos os sóis
Por fora um rio a correr!

Evani Rocha

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As regras da natureza

Evani Rocha: Poema ‘As regras da natureza’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
Imagem criada pela IA do Gencraft

Pise devagarinho

Fique de olhar atento

Tem passarinhos nos ninhos

E borboletas dentro da gente

Tem folhas vermelhas brotando

E terra úmida gestando as sementes

Fale sempre bem baixinho

Não incomode nossos vizinhos

Respeite o borbulhar da nascente

Contando segredos

Aos anfíbios e peixes:

Seus inquilinos

Respire o ar puro

Liberte-se das correntes

Aqui você é livre

Inserido nessa teia

Mas existe a lei da natureza

As regras dos bichos

Cada um no seu nicho

Ei! Não saia do seu!

Seja responsável

E receba em dobro

Do néctar da vida!

Evani Rocha

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O caderninho azul

Evani Rocha: ‘O caderninho azul’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
Imagem criada pela IA do Gencraft

Sinto-te em cada livro que leio.

O enredo sempre fala de nós…

A sós, eu e a pequena história de nossas vidas em centenas de páginas

Escritas em letras garrafais…

Há tempo, nem me lembrava mais desse olhar,

Suave como chá de maçã.

Dessa música romântica em língua estrangeira rodando no disco de vinil.

Eu e você em lados opostos da poltrona de couro: entre nós,

Meu caderno de poesia aberto…

Quem de nós irá passar a próxima página?

Bem ali, a seguinte poesia que fiz para ti.

Não teria coragem de mostrá-la…

A tarde cai iluminada por um sol de outono, fosco e quente.

Lá fora as árvores renovam suas folhas, vez ou outra uma folha passa pela janela, impulsionada pelo vento.

Uma folha amarelada nos chama à atenção. Desviamos os olhares.

Você me presenteia com aquela folha quase seca,

Com tons verde oliva e amarelo ocre.

Coloco-a delicadamente entre as páginas do caderno: “Ela é tão bonita!”

“Você é muito mais…”

Corei de vergonha. Quanta timidez aos quinze anos…, aos vinte…

Estava tão perto de nós, talvez se eu, por um impulso de insanidade,

Tivesse passado aquela página…

A cortina de renda branca se move vigorosamente,

Quem sabe ela também aguardava pela minha iniciativa.

O LP já tocou quase todas as músicas. Continuamos nesse diálogo insosso.

Seu rosto mostra um cenho levemente franzido,

Como se tivesse um ponto de interrogação.

Eu sorrio de canto, a qualquer palavra boba que sai de sua boca.

Quando o Sol desceu no horizonte, lançou um raio de luz sobre seus olhos azuis, quase translúcidos. Tocou os cachos longos dos meus cabelos,

Que de um castanho médio, passou para o tom dourado.

Eu estava bonita…

Afinal era nosso primeiro encontro.

O suco de groselha na mesinha de centro, a toalha florida cobria a mesa de cerejeira, a música romântica, o piso xadrez…

Uma varanda envolta por samambaias.

Era tudo perfeito!

Apenas havia um caderno de poesia entre nós.

Em suas páginas, um mundo de fantasia.

Mas era o meu mundo: Nele estava você, seus olhos azuis, suas palavras soltas, suas músicas estrangeiras e as flores da sua rua…

Anoiteceu em nossos olhos. Terminou o disco de vinil.

Nunca mais tivemos a chance de ver o colorido de outono…

Nunca soube o que queria me perguntar, suspeito que, talvez, quisesse saber o que estava escrito naquele caderninho de capa azul-anil.

Evani Rocha

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Soneto para o meu amor

Priscila Mancussi: ‘Soneto para o meu amor’

Priscila Mancussi
Priscila Mancussi
Corações. Imagem Pixabay
https://pixabay.com/pt/photos/cora%C3%A7%C3%A3o-amor-romance-namorados-700141/

Tua mente é um farol que me ilumina,
Tua sabedoria guia-me na estrada,
Com palavras serenas e bem traçadas,
Teu saber é uma estrela que fascina.

Na coerência dos teus atos, encontro
Um porto seguro em meio ao tormento,
E em teu olhar, tão cheio de alento,
Vejo a verdade, que ao mundo confronto.

És a razão que me faz prosseguir,
Teu amor é a força que me conduz,
E em teus braços, sinto-me a fluir.

Para além de tudo que me seduz,
É ao teu lado que quero existir,
Pois és meu Sol, minha vida e minha luz.

Priscila Mancussi

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A presa

José Antonio Torres: Poema ‘A presa’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
“Seus lábios colam-se aos meus”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Me sinto observado…
Uma sensação inquietante e indefinível se abate sobre mim…
Faço uma varredura do ambiente com o olhar…
A sensação está cada vez mais intensa…
Ao me virar, terminando a varredura do ambiente em que me encontro,
Vejo seus olhos cravados em mim.
O que era apenas uma sensação, materializou-se.
Fico paralisado.
Tento desviar o olhar… não consigo.
Que força hipnotizante é essa que me imobiliza?
Conscientizo-me de que sou a sua presa.
A energia que paira no ambiente é quase palpável…
Me sinto perdido, sem ação…
Não tenho saída…
Compreendo que serei presa fácil.
Ela caminha lentamente em minha direção…
Um caminhar felino, determinado…
Não consigo lutar contra essa força que me domina sem me tocar…
Quero reagir!
Impossível.
Estou completamente entregue…
Serei inapelavelmente abatido…
Ela está a um palmo de mim…
Não emite qualquer som…
Sinto seu hálito quente em meu rosto…
Chegou a minha hora…
Seus lábios colam-se aos meus…
Tudo está consumado.
Estou morto… de amor!

José Antonio Torres

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Olhar revela

Irene Rocha: ‘Olhar revela’

Irene Rocha
Irene da Rocha
“O horizonte distante, fascínio em cada linha”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Num olhar sem fim, maravilhas reveladas.
O horizonte distante, fascínio em cada linha.
Além, onde o coração se encontra, embalado,
Num caminho traçado pela luz que nos guia.

Na estrada que se estende, beleza se revela.
No céu, estrelas dançam em brilho radiante.
Entre as matas, o canto dos pássaros que pinto em aquarela,
E o mundo se desvela em sua face cativante.

No íntimo, descobertas nos esperam,
Sensações que tocam a alma em suavidade,
E quando o amor se anuncia, nada mais se apressa,
É doce encanto nos olhos do amado, felicidade.

Juntos, na jornada onde o amor floresceu,
Dos rabiscos à realidade, a magia se ergueu.
E no encontro de olhares, a verdade se inscreveu.
Te amo, ecoa na eterna história.

Irene Rocha

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