Esfinge
Pietro Costa: Poema ‘Esfinge’
Inebriado eu me sinto
Não pelo teor alcoólico
Propriamente dito
É pelo poema sorvido
Pela música tocada
Pelo arranjo inventado
Pela amizade celebrada
Pelo banquete servido
Pela noite enluarada
Pelo eclipse avistado
Pela estrela iluminada
Pelo sorriso revidado
Pela lágrima derramada
Por seus olhos famintos
Esfíngicos
A decifrar minha tara
Musa que nos enleva
Encanta
Engana
Atiça
Enfeitiça
A todos, brinde
Em doses abrasantes
E ‘shots’ extenuantes
De dores e amores
A todos, acinte
Somente a poesia nos salva
Sem ela, somos almas penadas
Nadas semânticos, cacofonias
Devorados pela fobia de vida
Dilacerados pela apatia
Se a poesia não nos decifra
Somos afetos sabotados
Vírgulas sem pausa e causa
Parágrafos sem nexo
Desafetos do sexo
Ideias repetidas
Pietro Costa