Em pleno Sol de primavera, em abstrata candura, o tempo passa imóvel e terno.
Na obscura solidão, a garça, linda plumagem, desfila nas pedras da praia a correr das altas ondas que resvalam em leques e debruçam-se em véus de cascatas.
Pensativa que de longe veio a pávida garça que o Sol fustiga, solitária, misteriosa, espreita as ondas, e alça o voo inefável ao látego do vento.
Trajeto rasteiro entremeia caminhos na surdina da tarde, ao Sol que morre lento.
Sob o olhar do crepúsculo, o véu da sombra. Viestes dos cerros pousar, sobre o tapete de pedras da praia, ou no verde-esmeralda das águas da paisagem, garça solitária?
Se contar o ‘Mar’ a todos o que dirão as ondas do desvendar segredos? Se escrever o Sal marinho perderão escamas insossas?
O oceano é a majestade das profundidades, onde se acham mistérios das águas, das essências existentes, flora fauna desconhecidas, pérolas em reciprocidades uterinas. Mares não são medíocres, são sim indecifráveis . Somente uma alma poética pode instigar a intensidade dos mistérios, fúria que ama, amor que enfurece e vibra o fundo do oceano tingindo-o de púrpura vermelho escura na paixão de viver.
Natureza humana e divina do Ser vencendo falésias, alcantilando mediante ameaças de um oceano vivo e violento, mas dominado pelo Criador. O poema expõe o Ser às profundezas, quebra vagas, adentra águas, busca o grão atemporal e o faz germinar no sal da vida. deseja-se que se possa alcançar mudanças e transcender o grão comum.