Ah, coração… Tu que és tão citado pelos enamorados Quando vivenciam suas paixões… Que sofres e te magoas com os desentendimentos e as incompreensões dos amantes… Que te entristeces com a ingratidão e a injustiça cometidas por filhos, casais, amigos… Que palpitas em ritmo tresloucado diante de intensa alegria… Tu, coração, que és o símbolo do amor e da vida, ainda que muitas vezes maltratado e ferido, continuas a amar. Independentemente do que recebes, transbordas em torrentes de amor. Mesmo que recebas o mal, transformas esse mal em dádivas amorosas e as entregas, tanto aos que sofrem quanto aos que amam. Certo dia ouvi algo que me fez pensar (perdoem, não lembro quem disse). Foi algo mais ou menos assim: “O fígado retém impurezas… Os rins retêm impurezas… Os pulmões retêm impurezas… Os intestinos são impregnados de impurezas… A pele é bombardeada por impurezas. Esses órgãos, assim como outros, adoecem e são vítimas do terrível câncer! O coração não retém impurezas. Você já ouviu falar de câncer no coração?” Todo mal que chega até ele é transmutado em algo bom e passado adiante em forma de amor. O coração não é um reservatório, um poço, mas sim, um canal. Que possamos cuidar dos nossos sentimentos para irrigarmos o nosso coração com fluidos saudáveis e harmoniosos. Que sejamos, verdadeiramente, emissários do amor.
Manhã solitária e taciturna, suspiros ao vento e, no silêncio, a solidão em denúncia ao viver.
Florbela! Bela flor no jardim do existir versava com sapiência e destreza, aos encantos do amor e paixões abrasadoras.
Na quietude sombria, tênue e esvaecida, vagava o sofrimento, e desditosa, a irreprimida saudade dos encontros e desencontros do tempo que passou.
Longas noites, com olhar vago, em busca do amor no coração do tempo, lágrimas no rosto da noite, e no seu, incontida tristeza.
Em seu pranto, no desespero e na desilusão, a flor bela, bela flor despetalada pela vida, sucumbiu, dormiu eternamente ao abrir das pálpebras douradas do sol, entre cortinas transparentes da aurora.
Por fim, ventos sussurrantes sopraram desesperados, e a flor bela, a bela flor, ao despetalar-se o dia chorou!