A voz do amor
Cláudia Lundgren: Poema ‘A voz do amor’


Meu peito, tumba lacrada,
onde jazia meu frio coração,
morto para vis paixões
ou qualquer ilusória emoção.
No ataúde, rigidez cadavérica,
arroxeado, já quase decomposto,
não pulsava por olhares sedutores
e nem por palavras homéricas.
Gélido, para quem não era verdade;
revestido por monsenhores,
exalando o perfume da morte
ao menor sinal de falsidade
Um dia, escutou uma voz,
e despertado foi do torpor;
para trás olhou, batendo veloz,
mal sabia que era o amor.
Ao olhar nos seus olhos,
ouvi dizer que me amava;
escutei ‘infinito’, ‘eternidade’,
sem que ao menos emitisse uma palavra
No calor de suas mãos,
um sentimento genuíno;
no seu abraço, no seu beijo, a confirmação;
no meu peito, um coração vivente
– a certeza de que seria para sempre.
Claudia Lundgren