A folha em branco

Evani Rocha: Poema ‘A folha em branco’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada por IA do Gencraft - 27 de maio de 2025, às 10:00 PM
Imagem criada por IA do Gencraft – 27 de maio de 2025,
às 10:00 PM

A folha em branco sobre a mesa.

A lapiseira girando entre os dedos,

E um rio de dúvidas manando sob os olhos.

A folha em branco, e as águas volvendo em caracóis.

Viaja sobre a face e entre os cachos dos cabelos.

A folha em branco,

E os lábios abertos buscando as palavras.

Palavras guardadas na ínfima lembrança!

Não caem do céu claro, cheio de sol…

A luz incide fulgurosa sobre a folha em branco,

Passeia entre os dedos e as coxas…

As pálpebras se fecham, sensíveis

E lânguidas.

As mãos abertas deslizam suaves sobre a folha, sobre a mesa, sobre os braços…

A brisa da manhã afla os fios dourados. 

É vaga a lembrança, mas cruel!

Não é conveniente transcrevê-la…

Engole o fel, misturado à poesia.

Os dedos distensos, não tem mais lapiseira…

Pende a cabeça sobre a mesa, amassa a folha e lança-a ao rio que aflorava do peito.

Deixou ir embora a folha em branco, nas águas profusas do último suspiro!

Evani Rocha

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Thomas

Loide Afonso: Poema ‘Thomas’

Loid Portugal
Loid Portugal
Imagem criada por IA do Bing - 05 de março de 2025,
 às 09:25 PM
Imagem criada por IA do Bing – 05 de março de 2025,
às 09:25 PM

Seco e preto
E um pouco cinzento
É a cor
Do seu perfil

Mudo
Doce
Frio
E escondido, também

É como se ele fosse
O tudo
No meio de todos
E o nada, também

Gosta de viajar
Diz que a sua voz
É feia
Fá-lo a gaguejar

Dorme entre livros
Some
Come
Se alimenta de palavras

É tímido, doce
Um pouco agridoce
Médio
E sozinho

Tem medo de nada
Corre
Anda
Foge da manada

É poliglota
Tem um português arranjado
E está sempre bem trajado

Olhou com calma
Uma alma nua
Crua
Calva
E adocicada

Ele é.

Loid Portugal

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A dor

Ismaél Wandalika: Poema ‘A dor’

Soldado Wandalika
Soldado Wandalika
Imagem gerada por IA do Bing - 5 de dezembro de 2024
 às 7:06 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 5 de dezembro de 2024
às 7:06 PM

A dor escava os sentimentos
Fura alma divide os pensamentos
Abate corpos e desperta cérebros

Há dor no sorriso
Que oculta as lágrimas do peito
Os olhos traduzem as palavras de cada momento

Na dor o vazio é patente
O coração rasga e sente
Caminhamos descontentes

Alma abraçada ao nada
Vive os últimos episódios na tela
A gente inventa alegria
Corrida renhida no âmago da vida

E lá se vão os dias
Aqui passam os anos
O amor nasce nos instantes
Não há como fugir da dor

A dor alcança todos
Leva todos e deixa todos

A dor de perder um grande amor
A dor das perdas dos ente queridos
A dor dos sorrisos tristonhos
A dor de ver um familiar se perdendo
A dor das eternas lembranças
A dor de acreditar nas esperanças!

A Dor

Soldado Wandalika

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Alma febril

Maze Oliver: ‘Poema Alma febril’

Maze Oliver
Maze Oliver
"Vi na porta, a marca do terror. As teias, da aranha fatal. O preço do silêncio. O horror. E o alimento mortal" - Imagem gerada com IA do Bing - 7 de outubro de 2024 às 2:40 PM
“Vi na porta, a marca do terror. As teias, da aranha fatal. O preço do silêncio. O horror. E o alimento mortal”
Imagem gerada com IA do Bing – 7 de outubro de 2024 às 2:40 PM

Vi na tua pele roxa
Alma febril, mora lá.
Vi a dor dos teus olhos
a tua boca calar.
Mas, falaram mil palavras
Sem mesmo balbuciar.

Vi na porta, a marca do terror.
As teias, da aranha fatal.
O preço do silêncio. O horror.
E o alimento mortal.

Vi na pele marcada
O carimbo da violência
A melancolia de açoite,
Que traz a certeza do risco,
O sibilar da serpente,
O poder se faz corrente.
Um conto gótico de horror.

Tuas lágrimas são renúncias,
Que teu olhar cintilou
Revelou toda infelicidade
A emoção do medo, na tua tez,
Transbordou.

Sofre, pelo que chama de amor!
Mas, aí só tem a dor
e as garras do dragão,
O conto do Barba Azul
e o rugir do Leão.

Ali foi traçada a sentença
Sem mesmo pedir licença.
Só ‘asas’ te salvarão
Do mármore dessa prisão.

Maze Oliver

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Suas palavras exalam perfume de flor

Nilton da Rocha: ‘Suas palavras exalam perfume de flor’

Nilton da Rocha
Nilton da Rocha
“…Então ela plana como cisne, suave e bela…”
Imagem gerada com a IA do Bing –  30 de agosto de 2024 às 8:29 PM

Suas palavras exalam perfume de flor,
Toda escrita contém uma mensagem de amor.

A poesia não está só nas palavras belas,
Na informalidade ela se revela.

Mas quando a sonoridade de algumas rimas pobres,
Cantam em nossos ouvidos, é um choque nobre.

Para alguns essa ‘linguagem’ perde o sentido,
Mas o aprendizado nos mantém aquecidos.

As regras dão opção de reciclar a expressão,
E a poesia voa livre, sem restrição.

Então ela plana como cisne, suave e bela,
Atravessa sentimentos, sem mordaça na tela.

Por simplesmente nascer na liberdade dos versos,
A estrutura é o que menos importa, no universo.

O que conta é a mensagem, do coração a pulsar,
Quando a poesia abre sua porta, a nos encantar.

Nilton da Rocha

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Para sempre

Evani Rocha: Poema ‘Para sempre’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Bing
Imagem criada pela IA do Bing

De onde vem essa força
Que a tudo transforma
E semeia?
Essa luz que transpassa os olhos,
Expande, transborda
E derrama pelo chão!?

De onde verte essa emoção
Feita água em cachoeira,
Borbulhante e ligeira,
Molhando as palmas das mãos?
Essa ânsia de agir feito criança,
Correr descalça na chuva
E dormir por entre as nuvens?

De onde brota tantas palavras
Carregadas de saudade,
Se encadeando em frases,
Se transformando em poesia…
Esse avesso da alma,
Que se entrega à fantasia?

De onde nasce essa coragem,
Que já foi medo um dia,
Mas hoje quer ser o mundo…
Segundos de abstração,
Que faz da gente um corcel?

De onde surge esse céu
Que abre caminhos por dentro,
Emerge como nascente,
Trazendo à tona lembranças
Esquecidas para sempre…
Mas somente enquanto
O ‘sempre’
Não nos devore loucamente!

Evani Rocha

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Por aonde andei?

Evani Rocha: Poema ‘Por aonde andei?

Evani Rocha
Evani Rocha
Paisagem da Chapada dos Guimarães - MT. Foto por Evani Rocha
Paisagem da Chapada dos Guimarães – MT – Foto por Evani Rocha

Por aonde andei naqueles tristes dias?

Porque não vi sequer a minha sombra,

Perdeu-se de meus olhos a luz

E de minha boca, as palavras…

Onde foi que deixei-me?

Em um casebre qualquer,

A perambular pelas trilhas,

A sonhar deitada sobre um lençol de estrelas?

Por aonde estive que não o vi passar?

 Por certo, carregava o mundo em suas mãos,

Ou então, o mundo escondia-o de mim.

Evani Rocha

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