Nunca fui
Loide Afonso: Poema ‘Nunca fui’
De mim
Não espere nada
Aliás
Não espere
Não pense, não sinta alguma coisa
Te peço
Por favor
Eu não tenho nada
E sou tudo
Sou tudo que sobrou
De mim
Do meu antes
Só pequenas camadas
Por favor, não me olhe
Com esses seus olhos puros
Eu sou um nada
Que quer ser tudo
Sempre que quiseres lembrar de mim
Olha em um túmulo
Ou sepulcro
Já fui de carne, energia, euforia
E hoje nem mais osso sou
Por hoje, só quero ser seu Sol
Será que é pedir muito?