A ostra e a pérola
SAÚDE INTEGRAL
Joelson Mora: ‘A ostra e a pérola’


Era uma vez uma ostra que vivia tranquila nas profundezas do oceano.
Todos os dias, ela se abria suavemente para sentir o movimento das águas, filtrando nutrientes e respirando a vida do mar.
Mas, num certo dia, uma pequena partícula de areia penetrou em seu interior.
Era algo minúsculo, quase imperceptível — mas que causava dor.
Aquela ferida constante começou a incomodar, irritar e mudar o seu estado.
A ostra não tinha como fugir. Não podia expulsar o grão.
Então, em silêncio, decidiu transformar a dor.
Começou a envolver aquele corpo estranho com uma substância especial, brilhante e delicada — chamada nácar.
Camada por camada, a ostra cobriu a ferida, e o que antes era dor passou a se tornar algo belo.
O tempo foi seu aliado.
E quando o mar, com sua paciência infinita, completou o ciclo,
a ostra já não carregava mais uma ferida — mas sim uma pérola:
a joia mais rara e preciosa, nascida do sofrimento transformado em arte.
Assim também somos nós, seres humanos.
Cada dor, cada decepção, cada ferida invisível é um grão de areia que a vida permite entrar em nosso interior.
Não para nos punir — mas para nos ensinar o poder da transformação.
Enquanto muitos se revoltam com a dor, a ostra nos mostra outro caminho: o do trabalhar interno.
Ela não reclama, não se fecha para sempre, não busca culpados.
Ela age em silêncio, transforma com paciência, e se regenera pela beleza da criação.
No tempo certo — nem antes, nem depois — aquilo que doeu se torna luz.
O sofrimento, quando acolhido com amor e consciência, deixa de ser ferida e passa a ser sabedoria.
É assim que a alma amadurece, é assim que o espírito se fortalece, é assim que nascem as pérolas humanas.
E a natureza, sábia como é, nos ensina:
a cura não vem da fuga, mas da transformação.
O processo pode ser demorado, mas é perfeito.
Assim como a ostra, cada um de nós carrega o dom divino de regenerar, ressignificar e revelar a joia que habita dentro.
A verdadeira Saúde Integral nasce quando aprendemos a acolher a dor, compreender o tempo e permitir que a luz que está em nós brilhe através daquilo que um dia nos feriu.
Porque, no fim, as pérolas da vida são o testemunho de que a dor, quando bem cuidada, se transforma em beleza eterna.
“Os que semeiam com lágrimas colherão com alegria.
Aqueles que choram enquanto plantam
voltarão cantando de alegria,
trazendo os seus feixes de colheita.”
O salmista nos lembra que toda dor é também uma semente.
E que, mesmo regada por lágrimas, ela germina quando há fé, paciência e esperança.
Assim como a ostra transforma sua ferida em joia, o ser humano que cultiva o bem no meio da dor colhe, no tempo certo, a beleza da cura e o brilho da superação.

