Tênue linha

Evani Rocha: Poema ‘Tênue linha’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada por IA do Canvas em 25 de novembro de 2024, às 21h10
Imagem criada por IA do Canvas em 25 de novembro de 2024
, às 21h10

Passa o trem a apitar
Na fina linha do tempo
Num vai e vem sem cessar
Passo eu, passa você

Passam as águas do riacho
Passam as pontes, passarelas
Passam as terras sem fronteiras
Passam as moças na janela

Passam as estações do ano
Passam os anos devagar
Passam chuvas, passa o sol
Passam as noites de luar

Passa o vagão da saudade
O tempo e o desengano
Passa o claro e o escuro
Passam fortes tempestades

Passa o vento passageiro
Levando as folhas caídas
Passa o vagão do poeta
Passam os versos da poesia

Passam os pés do jardineiro
Marcando o pó da estrada
Passa o vagão da roseira
E as rosas desabrochadas

Passa o trem a apitar
Na tênue linha da vida
Passam os dias, os amigos
Passam os sorrisos no bar

Passa o vagão do suspiro
Da alma a soluçar
Passam as mãos cheias de nada
E nada mais a passar!

Evani Rocha

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Verônica Moreira: 'Há uma Ponte'

Verônica Moreira

Há uma ponte


Há algo estranho comigo.
Há uma mudança repentina e isso me assusta de tal forma que o medo do ‘novo’ me sufoca!

Temo meus pensamentos, pois eles tem caminhado por milhas e milhas distantes de minha realidade cotidiana.

Uma ponte formou-se ligando meu hoje com dias vindouros.
De um lado estou eu e tudo que conquistei, do outro lado está o ‘novo’, novas conquistas, novos projetos.

Temo atravessar essa ponte e não mais sentir o desejo de regressar-me para a realidade que vivo hoje?

Temo amar o desconhecido, temo ‘desconcertar-me’ de tal forma que não haja mais concerto.

Nada me faz pensar tanto quanto esse desejo de conhecer o ‘novo’ e entregar-me ao incerto, que talvez seja a coisa mais certa a fazer.

Diante das dúvidas entre atravessar a ponte e permanecer em meu lugar para sempre, decidi ficar onde estou, e averiguar quantas pessoas por ela passou, quantas se foram, quantas de lá conseguiram voltar e quantas por lá se perderam.

Eu decidi ficar, depois de ver o sofrimento no olhar de uma criança que ficou só, sem a proteção de uma mãe, sem o pai e sem amor.

Eu decidi ficar, porque acreditei na força que tenho e na mulher capacitada que me tornei.

Eu decidi ficar por amor, porque aprendi a atravessar pontes, mas levando comigo tudo que não quero deixar para trás.

Aprendi a buscar o novo sem desprezar as coisas e as pessoas que sempre estiveram comigo em toda travessia, em toda minha trajetória.

Aprendi que posso muito mais e que serei mais feliz atravessando pontes com pessoas especiais ao meu lado, me apoiando e me segurando em possíveis quedas.

“Há uma ponte que liga o meu hoje e o meu amanhã.” E se tenho que atravessar, que seja carregando sempre comigo meus tesouros, minhas grandes conquistas.

 

Verônica Moreira

veronicanoe398@gmail.com