Nádia Bagatoli, de Rio do Sul (SC): ‘Outono’

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O outono

O outono
O outono
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Trilha de folhas caídas,
Pelo outono vencidas,
Acolhem os meus pensamentos…
São os caminhos de agora,
Sem as delícias de outrora,
Onde eu sigo os passos lentos.

Na trilha de folhas mortas,
Minha alma bate às portas,
Da crença da esperança…
Agarra-se agonizante,
Ao desejo de um instante,
De ter o fim que avança.

Na trilha das ilusões,
Despedacei corações,
Mas perdi muitos também…
Ficou a melancolia,
Que invade a inebria,
Esse fatal vai e vem.

Ilusões de folhas caídas,
Chances válidas que formam perdidas,
Portas que foram fechadas por preconceitos…
Apelos da mocidade,
As lembranças de andarilhos,
Vão pisando pelas trilhas de folhas secas.

Da inevitável saudade!
Feliz DIA DO OUTONO…
Estação fresca e boa…

Nádia Bagatoli

Nádia Bagatoli
Nádia Bagatoli

Nádia Celestina Bagatoli, natural de Rio do Sul (SC), e residente em Presidente Getúlio (SC), é educadora de Educação Básica.

Na área literária, é Acadêmica Imortalizada da ALB – Academia de Letras do Brasil – Seccional de Presidente Getúlio.

É autora dos livros: ‘Poetizando a Força da Poesia’ (2013); ‘Os Movimentos do Coração’ (2014); ‘O Diário de Naddy: As Rosas e as Lágrimas’ (2015; ‘A Paixão da Poesia e Contos’; ‘Escrevendo Entre Linhas’, e, em breve, o próximo lançamento.

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A porta

Isabel Furini: Poema ‘A porta’

Isabel Furini
Isabel Furini
A porta
A porta
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existe uma porta que separa os anos 

:

anos de alegria

anos de tristeza 

anos 

anos 

anos 

anos de trabalho 

anos de incerteza 

além dessa porta 

existem imagens 

sorrisos e traumas 

existe o passado que é renovado 

a cada abordagem 

contamos histórias de nosso passado 

como um tornado 

lembrado em palavras 

os fatos se afastam e mudam de rosto 

o ontem é composto de ondas do mar 

no final do ano olhamos a balança 

gratos percebemos 

:

além dos pequenos fracassos

dos tombos, do pranto

estamos em pé, pois sobrou a ESPERANÇA

Isabel Furini

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A porta

Sergio Diniz da Costa: Conto ‘A porta’

(Contos da adolescência)

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Uma porta misteriosa, semiaberta
Uma porta misteriosa, semiaberta
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Todos corriam em direção à porta semiaberta. Dia e noite era sempre a mesma coisa, a mesma correria frenética, incontrolável.

Era gente que perguntava, gritava, implorava para ter sua passagem livre àquele lugar de procura, de angústia e de incerteza.

O que haveria atrás dela? Ninguém sabia, mas todos a procuravam. E a cada dia, mais pessoas chegavam àquela passagem enigmática.

Loucas correrias. Pessoas que caiam e não mais se levantavam. Os mais fortes subjugavam os mais fracos; os mais ricos esmagavam os mais pobres. E tudo, para ter o privilégio de ser o primeiro a transpor o enigma indecifrável. Diante desses fatos, os fracos e os pobres ficavam sempre por último.

Uma multidão acabou se prostrando diante da porta. Em seus rostos via-se o estigma deixado pelo supremo esforço. Rostos encarquilhados, faces emaciadas pela energia gasta na terrível batalha competitiva.

Alguém, do meio da turba, reunindo suas últimas forças, sobressaiu-se e, caminhando em direção à porta, abriu-a. A multidão, arrefecida pelo cansaço, adquiriu novo alento e arremessou-se pelo portal adentro.

Todos cometeram, porém, o mesmo engano: na pressa, ninguém se lembrou de levar alguma coisa consigo, e no interior da porta não havia luz, somente o silêncio de um sepulcro violado.

O terror começou tomar conta daquela gente. Um frio seco se infiltrou no sangue de todos, que passaram a procurar agasalhos e, como nesse local não os havia, os mais fortes atacaram os mais fracos e os mais ricos compraram dos mais pobres.

Ao fim de algum tempo, os mais fracos e os mais pobres pereceram. O frio, no entanto, continuava intenso. E manifestou-se a fome. E não havia alimentos.

Pressionados pela fome, os que restaram começaram a negociar. Entretanto, por mais soluções que tentaram encontrar, nada apagou a lembrança do alimento. Desta forma, como por um acordo tácito, os sobreviventes começaram a se devorar. E, no final, não restou ninguém, pois o último homem se autodevorou.


Sergio Diniz da Costa

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