Convidada
Paulo Siuves: Crônica ‘Convidada’
Fiz uma incursão em meu mundo interior e te levei pela mão para conhecer esse lugar tão vasto. Como se fosse somente uma sala, você chegou e modificou paredes, alterou os quadros e ampliou espaços. Tudo lhe foi permitido. Acompanhei você quando as fronteiras foram varridas, ajudei a ajuntar o que agora virou entulho e a separar todas as coisas destinadas ao lixo. Mexemos nos recônditos da alma e do coração.
Ah! Estava me sentindo confiante e bem acompanhado. Você teve a chave de todas as portas e abriu ao Sol lugares que eu nem sequer sabia que estavam sob chaves. Eu dei a você os livros de regras e do código de posturas para serem revistos, reeditados, e aceitei colocá-los em prática antes mesmo da publicação (pra quê publicar o que jamais será público?). Eu te deixei à vontade e sozinha em alguns momentos dentro de mim, para que você fizesse o que quisesse de mim…
Mas você não veio morar em mim. Você agiu como quem vai reformar tudo para sua própria moradia, mas, depois de tudo, não veio habitar meu coração e ocupar o espaço que eu dei a você. Eu pensei que você seria a minha casa para onde retorno todos os dias. Estou todo reformado, mas a moradora convidada resolveu não vir definitivamente. Meu ser está vazio e não está posto para ocupação de outra… Sou um mundo desabitado propício para o amor!
Paulo Siuves