Joelson MoraImagem gerada por IA do Bing – 2 de dezembro de 2024 às 8:12 AM
O final do ano é um período carregado de simbolismo. É um tempo para refletir sobre o que vivemos, reconhecer nossas conquistas e lidar com as frustrações das metas e objetivos que ficaram pelo caminho. Essa é também uma oportunidade para reavaliarmos nossa jornada e reafirmarmos que ainda dá tempo.
A sensação de ‘tempo perdido’ pode ser sufocante, mas como dizia o escritor Charles Bukowski: “O que importa é quão bem você caminha através do fogo.” A vida é um processo contínuo, e os desafios que enfrentamos são parte essencial do aprendizado. Fracassos e sucessos são pedaços do mesmo quebra-cabeça que formam nossa história.
O autoconhecimento é o primeiro passo para transformar sonhos em realizações. Quando entendemos quem somos, o que queremos e quais são os nossos valores, nos tornamos capazes de estabelecer objetivos mais alinhados ao nosso propósito de vida. Aristóteles já dizia: “Conhecer a si mesmo.”
No entanto, esse processo requer coragem e tempo. Perguntar-se “O que me motiva?”, “Por que estou aqui?” e “Como posso contribuir com o mundo?” não são tarefas fáceis, mas são indispensáveis para redescobrir o propósito que nos move.
O propósito de vida não é uma meta final; é o que dá sentido à caminhada. É o combustível que nos faz continuar, mesmo diante das adversidades. Como afirmou Viktor Frankl, sobrevivente do Holocausto e autor de Em Busca de Sentido: “Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.”
Ao longo do ano, é comum que a rotina nos consuma e nos desconecte do que realmente importa. O final de ano, porém, oferece uma pausa para reorganizar prioridades e lembrar que a motivação não vem de fora, mas de dentro. É a energia que nos move em direção ao que nos faz vibrar.
Muitas vezes, colocamos tanta pressão sobre nós mesmos que esquecemos de celebrar os pequenos avanços. Se uma meta não foi atingida, reavalie, ajuste e, principalmente, não desista. Como dizia o poeta Mario Quintana: “O segredo não é correr atrás das borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você.”
Ao adotar o lema “ainda dá tempo”, reafirmamos que cada dia é uma nova chance de construir o futuro que desejamos. Seja retomar um projeto adormecido, investir na saúde ou fortalecer relacionamentos, o importante é dar o primeiro passo, por menor que pareça.
Finalizar o ano com qualidade de vida não é sobre grandes feitos, mas sobre viver com plenitude no presente. Pequenas práticas como cuidar do corpo, valorizar momentos com quem amamos e alimentar a mente com pensamentos positivos podem transformar nossa percepção sobre o que realmente importa.
“O futuro depende do que fazemos no presente”, disse Mahatma Gandhi. Portanto, encare este momento como uma oportunidade para cuidar de si, reforçar hábitos saudáveis e construir uma base sólida para o ano que está por vir.
Que este final de ano seja um convite para a reflexão, para o autoconhecimento e para a renovação. Não importa quantas metas ficaram pelo caminho ou quantos desafios enfrentamos; o que importa é como decidimos seguir adiante.
Acredite no seu potencial, reencontre sua motivação e lembre-se: ainda dá tempo. O tempo presente é o maior presente. Use-o com sabedoria para viver uma vida com propósito, qualidade e bem-estar.
Márcia Nascimento: Artigo ‘Autoestima e projetos de vida’
Marcia Nàscimento
Muito se fala na atualidade sobre propósitos de vida, ou seja, viver uma vida com total sentido e significados. Porém, muito mais que ter um propósito de vida, faz-se necessário que as pessoas compreendam quem de fato são e a partir deste entendimento possam se reconhecer em total valor extraindo o melhor de si em cada situação e desta forma objetivem seu propósito de vida.
Para que uma pessoa possa ser realizada, primeiramente deve ter uma relação satisfatória consigo mesmo e com seu estado de aceitação em relação às suas inúmeras capacidades e habilidades, e isso nada mais é do que ter autoestima.
A autoestima é a maneira como o indivíduo se vê, se enxerga, e isto deve ser muito bem trabalhado desde a primeira infância, na qual os pais e professores são os principais agentes a auxiliarem nesta construção. Todas as crenças que foram instaladas desde a gestação, podem influenciar drasticamente no estabelecimento da autoestima da criança que virá a se tornar um adulto sem condições de direcionamento em relação aos seus projetos de vida no futuro.
O conceito de autoestima tem extrema relevância na Psicologia, apesar de não haver consenso na literatura em torno de sua definição. Dolan (2006) destaca que a autoestima é um dos conceitos psicológicos mais utilizados atualmente, provavelmente pelo seu aspecto prático na compreensão da busca de felicidade por parte das pessoas.
A introdução do termo é atribuída a William James no ano de 1885, quando ele assim se refere: “o que sentimos por nós mesmos é determinado pela proporção entre nossas realizações e nossas supostas potencialidades; uma fração cujo denominador são nossas pretensões e o numerador, os nossos sucessos” (James, 1974: 200). Branden (1995) discorda dessa posição. Para ele a autoestima é algo que vem de dentro do indivíduo.
Está, portanto, ligada às suas operações mentais e não às circunstâncias externas bem ou malsucedidas. Assim, associar a autoestima de uma pessoa a fatores externos é propiciar o não crescimento. Ainda para Branden (1994), a maneira pela qual nos percebemos repercute em nossas ações, na vida profissional e pessoal. Esse autor também afirma que existe uma relação entre nossas reações e o que pensamos de nós mesmos. E enfatiza que “desenvolver a autoestima é expandir nossa capacidade de ser feliz” (Branden (1994: 11). Staerke (1996: 77) defende que a autoestima “é um constructo, ou seja, ela é construída, ela é uma conquista pessoal, inalienável e intransferível”.
A autora pontua que “pessoas de autoestima saudável também sofrem e sentem ansiedade” (Staerke, 1996: 78). Quando estes fatores não são trabalhados adequadamente, outra área que envolve a plenitude do ser pode estar ameaçada, que é a área do projeto de vida.
Para se obter um projeto de vida, é necessário ter autoconhecimento e autoestima, pois ambos são o que embasarão a realização de tudo aquilo que for projetado um dia na mente. O ser humano desconhece o seu poder de realização e como as leis universais atuam em favor de cada sonho e desejo um dia sonhado pelo mesmo.
Ter um projeto de vida é saber como e aonde se deseja chegar, é “idealizar a própria vida é ter consciência da responsabilidade de cada um em sua atuação social, descobrindo-se a si mesmo, aos outros e o meio em que vive”. Por isso a autoestima e o projeto de vida andam lado a lado, um depende do outro para que juntos possam fazer parte da ascensão do ser.
A mente humana tem a imensurável capacidade de realizar cada sonho projetado em seu campo de atuação com seu sistema trino que é a mente inconsciente, a mente consciente e a mente suprema e para isto, é necessário que cada pessoa conheça profundamente o seu reino de infinitas possibilidades para que desta maneira venha a realizar cada sonho que foi projetado à nível mental. E é exatamente nisto que consiste em ter um projeto de vida; em imaginar, sonhar, buscar e realizar.
É preciso juntar informações e adquirir conhecimento, pois são eles quem libertarão a mente das correntes que impedem a sua perfeita atuação nos campos magnéticos de suas potencialidades, portanto, ter um projeto de vida é saber qual é o seu destino, quem és em sua essência mais profunda e verdadeira, quais são as tuas reais verdades e a partir destas sublimes e elevadas descobertas encontrar o seu lugar no mundo e atuar no mesmo como um agente transformador, repleto de ideais e sonhos a serem concretizados.
Do ponto de vista da psicologia junguiana (de Carl Jung, psiquiatra célebre), o propósito de vida tem a ver com se reconhecer para além da função social. Assim, fora o papel profissional, bem como o de pai ou mãe; de filho(a); de dono(a) de casa, entre tantos outros, cada pessoa tem sua essência. O propósito consiste em alinhar todas essas partes. “Quanto mais se direciona a vida para a realização daquilo que se intui internamente, mais felizes se percebe. Isso gera um impacto profundo na saúde”, explica a psicóloga Adriana Bolis. “Já o extremo oposto, seria a depressão (quando a vida perde o sentido).
A realização pessoal (plenitude valorosa e duradoura) autorrealiza-se, essencialmente, a partir do valor de atitude. Não apenas no criar e gozar, mas também e sobretudo no sofrimento inevitável, considerando “…o homem não é motivado pelos instintos, mas sim pelos valores.” (Frankl, 1987b, p. 220). E é vencendo os obstáculos e buscando encontrar o sentido de viver que o despertar para o propósito da vida acontecerá.
Bonino (2007, p. 45), realça, de forma clara e sucinta, não apenas o carácter intrinsecamente dinâmico do conceito de sentido de vida, inscrito na relação entre o “ser” e “tornar-se”, mas e sobretudo ao seu elevado potencial dialéctico para a realização pessoal. E esta realização é o que tornará o ser humano uma pessoa plena em todos os sentidos que o compõe tal como o é.
O segredo é se amar e se aceitar, entender o tamanho da importância e amplitude do ser, para que desta maneira todo indivíduo possa encontrar o seu verdadeiro lugar neste mundo e assim possa fazer daqui um maravilhoso espaço para se viver com propósito e muita dignidade.
Referências Bibliográficas
BRANDEN, N. (1994). Auto-Estima: como aprender a gostar de si mesmo. São Paulo: Editora Saraiva.
BRANDEN, N. (1995). Autoestima e os seus seis pilares. São Paulo: Editora Saraiva.
BONINO, S. (2007) – Mil amarras me prendem à vida: (con)viver com a doença. 1ª ed. Coimbra : Quarteto.
DOLAN, S. (2006). Estresse, autoestima, saúde e trabalho. Rio de janeiro: Qualitmark.
FRANKL, V. E. (1987b) – Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Porto Alegre : Sulina. Porto Alegre : Sulina.
JAMES, W. (1885/1974). Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural.
STAERKE, R. (1996). Autoestima em psicologia, uma proposta de definição. Rio de Janeiro: UFRJ, Instituto de Psicologia.