Vazia

Loide Afonso: Poema ‘Vazia’

Loid Portugal
Loid Portugal
Imagem criada por IA da Meta
Imagem criada por IA da Meta

A dor era tudo que
Eu sentia
Mesmo tentando fugir dela
Ela doía

Eu não quero ser o tipo de ser humano
Que chora
Sem uma pedra nas mãos

Não quero estar vazia
Não
Quero que as pedras se multipliquem
Minhas mãos se encham

Mais sem peso
Sem sentir raiva
Ou vontade de chorar
Só de mãos cheias

Não quero correr com
As mãos cheias
Quero caminhar tranquilamente

Como se nada tivesse nas minhas mãos
Quero voar também
Sentir o vento batendo forte

Não quero correr vazia
Nem sentindo peso
Quero estar em paz!

Loid Portugal

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Irritado

Clayton Alexandre Zocarato: Poema ‘Irritado’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
Imagem criada por IA da Meta

tô irritado.
não com o mundo —
mas com o jeito que ele me olha,
como se minha cara
tivesse que sorrir o tempo todo.

tô irritado,
com essa paz fake de feed,
com frase feita de gente que nunca sentiu
a própria raiva rasgar por dentro.

tô irritado,
porque amar virou aplauso,
e pensar virou ameaça.
porque todo silêncio agora parece culpa
e toda dúvida, crime.

tô irritado.
mas não vou gritar.
prefiro cuspir poesia
que fede a verdade
e queima na língua de quem lê esperando flores.

tô irritado —
mas não triste.
meu incômodo é semente
que cresce no concreto
pra empurrar o chão de volta pro céu.

Clayton Alexandre Zocarato

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Não sei

Loide Afonso: Poema ‘Não sei’

Loid Portugal
Loid Portugal
Criador de imagens do Bing – 22 de abril de 2025,
às 08:27 PM

Eu não sei
Como nem porque
É que isto chegou até aqui

Não sei como chegamos
Até aqui
Na Ponte do Adeus

Não sei como caminhei até aqui
Com que forças
Nem ânimo

Eu não sei

Será raiva?
Medo?
Dor?
Será amor?

Não sei ao certo
O que me moveu
E como aconteceu

Sabe?

Talvez seja porque
Ainda te sinto
Te quero
Te amo

Não sei.

Loid Portugal

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Fundo do poço

Loide Afonso: Poema ‘Fundo do poço’

Loid Portugal
Loid Portugal
Criador de Imagens no Bing - Da plataforma DALL·E 3
Criador de Imagens no Bing – Da plataforma DALL·E 3

Sabias que hoje não preguei o olho
A noite toda?

Não? Pois não, né?
Como ias saber?
Como saberias, se
Não conheces
A dor

O medo
A raiva
Autossabotagem
Pavor

Como é que vais saber
Se não sentes
Mentes que
Sentes

Ontem
Foi por pouco
Eu quase
Sucumbi
Morri
Desisti

Sabes que mais?
Não vou sumir
Vou me abrir
E rasgar
Meu peito
Pra tu saíres

Andares
Ou correres um pouco
Seu gordo!

Loid Portugal

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Lidando com as decepções

SAÚDE INTEGRAL

Joelson Mora: ‘Lidando com as decepções’

Joelson Mora
Joelson Mora
Saúde integral: lidando com as decepções
Imagem criada pela IA do Bing

A saúde integral não se refere apenas ao bem-estar físico, mas engloba também a saúde mental, emocional e espiritual. Entre os desafios mais comuns enfrentados no dia a dia, estão as decepções, os sentimentos de raiva, ódio, injustiça e vingança. Aprender a lidar com essas emoções é fundamental para manter o equilíbrio e a saúde integral. 

Decepção

A decepção é uma emoção que surge quando as expectativas não são atendidas. Pode ser causada por pessoas, situações ou até por nós mesmos. É natural sentir-se decepcionado, mas o mais importante é como lidamos com esse sentimento.

Raiva e Ódio

Raiva é uma reação emocional intensa que pode surgir como resposta a situações de frustração, ameaça ou injustiça. Quando não gerenciada, pode evoluir para ódio, um sentimento mais profundo e duradouro.

Injustiça

Sentir-se injustiçado pode gerar uma gama de emoções negativas, desde tristeza até raiva intensa. É a percepção de que algo foi feito contra nós de maneira desleal ou desonesta.

Vingança

O desejo de vingança é uma reação natural ao sentimento de injustiça ou traição. No entanto, é uma resposta que tende a prolongar o sofrimento, ao invés de resolver o problema.

O primeiro passo para lidar com essas emoções é o autoconhecimento. Entender de onde vêm esses sentimentos e reconhecer suas causas pode ajudar a tratá-los de maneira eficaz.

É importante encontrar maneiras saudáveis de expressar emoções. Falar com amigos, familiares ou um terapeuta pode ser uma forma eficaz de liberar tensões e buscar aconselhamento.

Práticas de mindfulness e meditação podem ajudar a acalmar a mente, reduzir a raiva e promover uma visão mais clara e equilibrada das situações. Essas práticas ensinam a viver no presente e a observar os pensamentos sem julgamento.

A atividade física é uma excelente maneira de liberar tensões e melhorar o humor. Exercícios como corrida, yoga ou artes marciais podem ser particularmente eficazes na gestão da raiva.

O perdão é uma ferramenta poderosa para a cura emocional. Perdoar não significa esquecer ou justificar o que aconteceu, mas sim libertar-se do peso do ressentimento e seguir em frente.

Em alguns casos, pode ser necessário buscar ajuda profissional. Psicólogos e terapeutas estão capacitados para ajudar a identificar e tratar questões emocionais profundas, proporcionando estratégias e técnicas de enfrentamento.

A saúde integral exige um equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Lidar com decepções, raiva, ódio, injustiça e vingança é um processo que demanda tempo e dedicação, mas é essencial para o bem-estar geral. Através do autoconhecimento, da expressão saudável das emoções, da prática de mindfulness, do exercício físico, do perdão e, quando necessário, da ajuda profissional, é possível superar esses desafios e alcançar uma vida mais equilibrada e saudável, para isso exige esforço então vamos nos esforçar todos os dias para sermos seres humanos melhores! 

Joelson Mora

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O vestido preferido de Teresa

Virgínia Assunção: Crônica ‘O vestido preferido de Teresa’

Virgínia Assunção
Virgínia Assunção
Microsoft Bing – Criador de imagens do designer, da plataforma DALL-E3

 Dona Tereza é uma mulher virtuosa, mãe dedicada, dona de casa prendada, cozinheira de mão cheia, daquelas comidinhas caseiras, que são as melhores que têm. Ela morava em uma bela casa, muito grande com um quintal gostoso, com muitas plantas, um pé de mangueira, a casinha dos dois cachorros; um perdigueiro e um dobermann.

     No final dos anos 1970, que foi quando se passou essa história, ela ainda não tinha máquina de lavar, tinha uma pessoa que ia duas vezes por semana para ajudá-la nas tarefas domésticas. Porém, o fato de não ter máquina de lavar, não a incomodava, pois uma das coisas que ela mais gostava de fazer era lavar roupa na bela lavanderia que o marido construiu para ela. 

     No fundo da casa tinha também um pequeno apartamento, bem bonitinho, feito para a sua mãe, dona Dalva, para que ela tivesse a privacidade necessária. Todas as vezes que dona Tereza ia lavar as roupas, a sua mãe sentava-se ao seu lado para ficarem ouvindo rádio, cantando, conversando e sorrindo, sorriam sem parar, o tempo todo. 

     Dona Tereza sempre foi vaidosa, sempre! Já está idosa, mas até hoje não deixa de andar arrumadinha e sempre cheirosa, mesmo dentro de casa. 

     Nesse dia em especial, ela estava com um vestido, já surradinho, mas que ela amava muito e ficava se sentindo, segundo ela, toda vez que o usava. Principalmente, porque ela pedia a opinião da mãe sempre que vestia qualquer roupa e a resposta nunca deixava de ser positiva. 

     Naquela manhã ensolarada e feliz de um dia qualquer nos anos 70, dona Tereza estava lá fazendo o que mais gostava: lavar roupa. Toda bonitinha, com o vestido com o qual ela achava que a deixava mais bonita ainda. A sua mãe, silenciosa, ouvindo a filha cantar e observando tudo, num momento de profunda sinceridade, que acredito que só as mães têm; disse:

     – Minha filha, você é toda bonitinha, fica bonitinha com qualquer roupa, mas esse vestido não deixa você muito bem, não. Se eu fosse você, não usava mais ele.

     Dona Tereza não acreditava no que ouvia:

      – O quê? O quê mamãe? Eu ouvi direito? Eu não fico bem nesse vestido? Não! Não, meu Deus! Não posso acreditar! Não! Eu não estou ouvindo isso. Não pode ser.

     Dona Tereza tem o perfil muito brincalhão, apesar da idade, sempre faz graça de tudo e quando isso aconteceu ela fez o maior drama; pegou toda a roupa que estava ensaboada e jogou no chão, revoltada com a revelação tardia da mãe. Enquanto isso, a sua mãe estava quase tendo uma síncope de tanta rir. E dona Tereza continuou com o drama:

     – Meu Deus, depois de tanto tempo achando que eu estava abafando, o vestido já está velho e a senhora agora vem me dizer que eu não fico bem, não posso acreditar que a minha própria mãe fez isso comigo…Não, não, não!

     Dona Dalva estava engasgada de tanto rir… 

     Dona Tereza se retirou e para completar o drama, voltou com o vestido cortado pela cintura, vestida só com a parte de cima e de calcinha; fez uma blusa e jogou a outra metade do vestido no meio do quintal.

     – Mamãe, não quero mais sua opinião! Ainda tem alguma roupa que a senhora disse que fico linda e não é verdade? Fale agora para que eu corte tudo! Mulher, eu confiei tanto na senhora, perguntei mil vezes se estava bem com esse vestido; a senhora deixou ele ficar velho para me dizer que fico feia nele… Agora eu vou terminar de lavar a roupa assim, de calcinha e com o resto do vestido. Inacreditável o que a senhora fez comigo e ainda fica rindo de mim.

     – Vá vestir uma roupa, Tereza! Seu marido chega já com os meninos da escola.

      Dona Dalva conseguiu balbuciar, pois não tinha forças de tanto rir. 

     – Não vou! Quando perguntarem o que aconteceu, vou dizer o que a senhora fez comigo.

     Dona Dalva, não conseguia falar mais nada, afogada no próprio riso.

Virgínia Assunção

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