Leila Alves: 'Sarau da Boa Vista: Cultura, poesia e inspiração no centro de Recife'

Criado em 2013, fruto da iniciativa provocativa do poeta Aldo Lins, o Sarau da Boa Vista acontece na Rua do Hospício, Centro do Recife

É na calçada de uma das esquinas mais simbólicas para o segmento cultural do Recife que poetas e artistas se reúnem, sempre no último sábado do mês, para expressarem sentimentos, insatisfações ou, simplesmente, contemplar as possíveis linguagens das artes.

Criado em 2013, fruto da iniciativa provocativa do poeta Aldo Lins, o Sarau da Boa Vista acontece na Rua do Hospício, centro de Recife, e é uma maneira de fomento cultural em um local tão representativo para a classe: em frente ao Teatro do Parque.

A cada edição um poeta ou poetisa recebe homenagem, o que acarreta em uma rotatividade de público e pensamentos que só vem a somar nesse encontro da música com poesia.

“O barato do Sarau da Boa Vista é que sempre se renova, seja por poetas novos, músicos ainda inéditos no Sarau e pelo público diversificado”, diz Aldo, criador do movimento.

Com 79 edições realizadas até agora, o Sarau da Boa Vista já recebeu dezenas de poetas, cantores e músicos da região ao longo dos 7 anos de existência.

Fonte de pesquisa: Internet

Leila Alves

Leila.alvesmlc@gmail.com Colunista Correspondente              




Fábio Ávila: 'Recife: Patrimônio Despedaçado'

Fabio Ávila

Recife: Patrimônio Despedaçado

Encontro-me na Boa Vista, bairro que guarda ainda os semblantes de casarões antigos cujas fachadas estão deterioradas e os janelões, como olhos atentos, as frondosas portas mudas e solitárias, parecem derramar lágrimas e engolir o soluço pelo descaso dos habitantes e dos péssimos gestores que esbanjam desprezo pelo passado glorioso de antanho, da outrora terra do grande abolicionista, ser culto e humano, o imortal Joaquim Nabuco.

Estou imerso no terceiro mundo latente e pulsante, latejante, onde as paredes seculares das edificações outrora nobres clamam por socorro. O cenário é tristemente esplendoroso. Encontro-me alojado em um pequeno quarto ”chambre de bonne” de um apartamento cuja área de serviço foi transformada em local para hóspedes de passagem que buscam hospedar-se a preços acessíveis e para pessoas que têm sensibilidade à flor da pele para mergulhar no Brasil profundo, no Brasilzão longe das lojas de grife, dos centros comerciais destinados a bestializar os incautos e ignorantes os quais não percebem a forma vil e violenta do desrespeito à história da cidade.

Recife sofre e perde a sua alma. Esvai-se a sua alma, seu passado e suas características histórico-culturais e arquitetônicas estão massacradas pelo desprezo que os pernambucanos têm por sua Capital que já foi a mais elegante das cidades do nordeste brasileiro.

Recife agoniza. O bairro Boa Vista perdeu de vista a sua beleza. Entretanto, o vento soprado acariciava meus cabelos e penetrava o meu cérebro. As nuvens volumosas prenunciavam a chegada momentânea de mangas de chuva cujas águas estariam repelidas pelo asfalto desconexo e pelas calçadas mal cimentadas, esburacadas, que não permitem a absorção das águas celestes e, desta forma, amaldiçoando a população recifense.

Sinto que meu cérebro, minhas energias e minhas percepções transbordam e levam-me à consciência da multiplicidade de minhas buscas. Como contribuir para frear a fúria destruidora dos incautos, incultos e incompetentes habitantes do Recife?

Isolado de todos e de tudo o que me rodeia no cotidiano, sem interferências externas, sinto novamente a emoção à flor da pele e a pele com seus pelos eriçados pela triste emoção de encontrar-me na descosturada Recife e seu patrimônio despedaçado.

Do pequeno bar Santa Cruz que ostenta em uma placa os seus 45 anos de existência, percebo o Largo da Cruz e a Igreja da Santa Cruz. Cruz credo, estão destruindo o nosso Recife.

Malditos sejam!!!