Atitudes Comunicacionais
Diamantino Loureiro Rodrigues de Bártolo:
‘Atitudes Comunicacionais’
O relacionamento interpessoal provoca, necessária e inevitavelmente, determinados comportamentos comunicacionais: uns, eventualmente, premeditados, estudados e treinados; outros, espontaneamente. Apesar de tais limitações, é possível caracterizar os diversos comportamentos comunicacionais, a partir de critérios definidos: a) afirmatividade do comunicador (transparência da linguagem); b) Respeito pelo interlocutor (respeito pelo outro). A partir destes dois critérios e como posicionamento prévio, aceita-se que o comportamento comunicacional se distribui por quatro grandes tipos:
«1. Agressivo – Utilizado para se defenderem direitos à custa dos direitos dos outros, com agressividade, muitas vezes de prazer e de ofensa. Pressiona-se o interlocutor e obriga-se a reagir contra a vontade dele. Exerce-se intensamente uma pressão que, rapidamente, surge a ameaça de castigo e/ou de retaliação. Utilizam-se frases imperativas, prepotentes, ameaçadoras: “Quero este trabalho concluído rapidamente”. Recorre-se, também, ao menosprezo e desvalorização das capacidades do interlocutor e exibição do poder do agressor pela intimidação e ofensa: “Se não percebeu, tivesse percebido”, “Quem manda aqui sou eu”. Diversos gestos são feitos pelo agressor, como apontar com o dedo em riste, rosto tenso, olhos fulminantes.
O comportamento comunicacional agressivo, em certas circunstâncias excepcionais, pode funcionar com plenos resultados positivos, como quando é conveniente actuar rápido e bem, mesmo que seja necessário reduzir à total submissão o interlocutor. No limite da análise, a comunicação agressiva empobrece a inteligência do próprio agressor, reforça a vontade de mais agressividade, se esta tiver sido recompensada e pode aprofundar o sentimento do “mal-amado”, conduz, na maior parte dos casos, a um sentimento de revolta por parte dos agredidos e também à deslealdade e indiferença.
2. Passivo – Evita-se expressar opiniões, vontades e sentimentos próprios, submetendo-se facilmente aos dos outros. Opta-se pela fuga, pela submissão e dependência em relação aos outros. Sentido de subordinação e afastamento. Utilizam-se frases vagas, ambíguas, de indiferença e rejeição de envolvimento: “Não vale a pena dizer nada”, “Não tem importância”, “Desculpe, lamento muito…”, “Não gosto de criar problemas”. Também pelos gestos e certas atitudes: risos nervosos e forçados, ombros descaídos, voz sumida.
O comunicador passivo aceita tarefas insignificantes que oprimem e humilham, manifesta sentimentos de desvalorização pessoal, não provoca nos outros comportamento assertivo, pode contribuir para o aumento da agressividade no outro interlocutor. A médio prazo, não conduz à realização pessoal, embora possa proporcionar prestígio, tranquilidade e dinheiro, pelo menos em algumas pessoas com determinadas actividades;
3. Manipulador – A linguagem é utilizada como disfarce, sempre no interesse do próprio e em prejuízo dos outros. O manipulador não se afirma abertamente, escondendo-se numa “cândida generosidade e pureza”, levando as pessoas de boa-fé a fazerem o que ele pretende, quase sem darem por isso. A bajulação e lisonja (elogio falso e gratuito) são as armas eficazes para o manipulador, que, invariavelmente, utiliza frases como: “Estou a dizer-lhe isto para seu bem”, “Não confessaria isto a mais ninguém”.
O recurso à insinuação é outra estratégia utilizada pelo manipulador: “Diz-se muita coisa a seu respeito, mas eu não acredito”. Outro recurso que funciona neste tipo de comportamento é a chantagem, através do apelo aos sentimentos, opiniões e vontades do interlocutor, para o influenciar e convencer, violentando, se necessário, embora disfarçando a violência, dando à comunicação uma aparência de contrato. Pode utilizar uma linguagem redonda do tipo: “Penso que gostaria de poder ter a oportunidade de …”. Também pelo sarcasmo e pela ironia o manipulador pretende alcançar os seus objectivos.
O comportamento comunicacional do manipulador, em determinados contextos políticos, que são permeáveis à bajulação, ao elogio, à demagogia, infelizmente, funciona muito bem, embora pela negativa e, grande parte das vezes, contra os legítimos interesses dos cidadãos que, de boa-fé, acreditam em tais discursos manipuladores. Finalmente, pode-se utilizar a manipulação por puro prazer de representação.
4. Assertivo – Permite afirmar as opiniões, vontades e sentimentos próprios e ao mesmo tempo promover e respeitar as opiniões, vontades e sentimentos dos interlocutores, com o objectivo de desenvolver a pró-actividade e afirmatividade de todos os intervenientes em plena igualdade e sem qualquer subordinação. O comportamento comunicacional assertivo manifesta-se pelo seu elevado poder influenciador, sustentado em três factores fundamentais: a) Transparência de linguagem; b) Força exemplar da afirmação pessoal; c) Resolução de conflitos através da negociação.
A comunicação assertiva é, por isso mesmo, simples, directa e económica em palavras. Pauta-se pela afirmação rigorosa. Os conflitos resolvem-se pela negociação, sempre numa atitude de “GANHA/GANHA”, ou seja, ganham as partes conflituantes. A afirmação pessoal pela comunicação, sustenta-se na auto- estima, na determinação e na consciência do direito à auto-afirmação. A assertividade recorre ao comportamentalismo e ao humanismo psicológico.» (Cf. AZEVEDO, 1999:20-24).
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, Lemos, (1999). Comunicar com Assertividade. Lisboa: Instituto do emprego e Formação Profissional/Ministério do Trabalho, do Emprego e Segurança Social
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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