há um rio que passa no meio de minha cidade e os valados separa o meio lado da terra conhece bem solitude entre elas correm razão e sentidos
descortina ao centro cachoeira dançam águas bailando deparam-se faceiras com troncos semiamados pedras tão desoladas
ainda rolam pedras vivazes árvores margeando palco de amantes tenazes entrelaçados galhos se acasalam dão frutos
são salvos deleites juntos os provemos! águas poucas definha meio corpo seu no rio enquanto houver água deságua e não me afoga… serei correnteza desce cascata!
vivo em água que jorra até rolarem todas pedras da vida és meu rio claro correntezas em fúria e emoção deita na água coração alado
Na noite luminosa sobre o rio, o luar resplandece, derrama-se, tramando o véu da noite escura num clarão a fulgurar.
No silêncio da noite luzente, pelo passear da Lua, vejo o amor, busco o teu olhar no olhar do tempo. Vejo-te a sorri sem temor algum.
Na noite fulgente, nos abraçamos, sussurro aos ouvidos versos poéticos de amor, lábios sorriem e a boca em flor entreaberta num ardente beijo, impulsiona-nos ao delírio, a um férvido desejo que nos leva à loucura.
Amamo-nos iluminados pela luz do luar doce e sereno. Desfrutamos deste momento infindo tu e eu – num amor ao luar.
“Cada ser enfrenta os desertos do caminho que escolheu.” Soldado Wandalika
Sons invadem o enredo no ciclo A história ilude atores que rezam no topo pelo pódio Não há rio que enfrenta lágrimas sem distorcer a fronteira alheia. No ar se percebe o brilho do espetáculo como casas pintadas no Sahara. Com letras se percebe o mundo cinzento por trás dos sons Anseios de desejos materializam factos. A marcha continua, as letras insultam o realismo poético, num universo estérico de conteúdo… Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância Aflitos, buscam refúgios na poética. Patetas enganam o povo fabricando motivações entre as ilusões ocasionais.
Percepção das letras 5 capítulo da vida no asilo de lembranças. Vidas germinadas geradas na inocência dos dias que o tempo amaldiçoo. As letras entendem o que escrevem, fala sem acusações, prioriza o amor. Na busca pelo entendimento, compreende os seres…
Respiramos o mesmo ar em ângulos diferentes. Falamos das mesmas coisas com perspectivas distintas.
A natureza é um ponto de encontro entre Deus e Nzambi com os humanos…
Neste cenário a experiência fala alto na conexão da alma de quem permitiu-se mais.
A vida segue além de um ritmo embalsamado pelas falácias, crenças crescem entre as dúvidas dos cristãos, acusa-se quem vai mais além buscando a profundidade para compreender o os ângulos espirituais.
Lá fora perde-se a contagem das operações divinas, letras não mentem sobre a verdade encarnada verbalizando o Filho do Homem. Compreendo o poema e suas subjetividades Percebo a decisão de uma escolha que não recua A esperança só não morre porque é alinhada da coragem.
Braços fortes dão de frente com a arte Sonhos nascem no Mayombe Entardecer a amanhã e a caneta acelera o pulsar do heart.
Vidas nascem entre os sonhos da madrugada Letras fitam os olhos no presente do passado, com fé desacreditam no magistrado. Ritmos rotulam as letras na ponta da caneca O poço abre a boca para não morrer na dança Interroguem os poetas, pois a verdade está na alma Mas a caneta é sábia seleciona momento sabe quando expor o que a alma sente…
Artistas são sinceros quando correm pelo propósito de sua existência, porém quando evolve equipa e guita a verdade na arte fica turva, artista se corrompe. Quando estamos expostos à vitrine da life, entramos no jogo do equilíbrio em que a corrupção será solução para todos. Portanto, somos TODOS corruptos a nossa maneira, somos números então, todos fazemos parte de um sistema.
‘Venda Nova do Imigrante, recanto de valor impressionante’
Andiamo, andiamo, lavorare al’ campo Onde há beleza plena e inebriante Aos olhos emocionados dos imigrantes
No pé da montanha repousam flores Nos jardins da Venda estão as mais belas As cores vivas nas pétalas enfeitam as lapelas
Terra nova, felicidade à vista, Venda Nova Parece correr entre as montanhas como o rio Na verdade é miragem, a Venda está bem fixada Tem raízes antigas, mas seu nome é Venda Nova Oh amada!
Gente de valor, forjada no trabalho e ardor Cravada no meio do vale Como o coração é cravejado pelas flechas do amor
O velho italiano canta per noi, la musica: Siamo in Venda Nova per vivere in pace Vicini ai brasiliani, lavorando per fare la vita O flamboyant cobre o chão de flores vermelhas Como se fosse um tapete para todos os povos Que na Venda Nova do Imigrante, se mudaram Chegando entoando seus belos votos
Neste recanto tem amor para todos os habitantes Sejam eles italianos, índios, brasileiros e africanos Os motores dos tratores soam como se fossem louvores Da nossa terra, desbravando as lavouras
Enfrentando as manhãs frias Os bravos agricultores aceleram suas máquinas No mesmo ritmo de seus corações Cumprindo a missão mais nobre, no ritmo mais forte Os corações ficam repletos de emoções As mesas cheias dos divinos produtos de suas plantações.
Agricultura, tradição e beleza nas lavouras Nossa cidade avança triunfante Seguindo a sabedoria dos antigos imigrantes Juntamente com todos os valentes homens e mulheres Que aqui chegaram, de todas as raças e credos recebendo a graça, mais importante Fundar, construir e conduzir a amada Venda Nova do Imigrante.
Amanhece… O sol brilha! E a terra bronzeada pelo tempo, ao sabor do vento, no debruçar da manhã, desperta sorridente.
O rio, eterno cantor em seus murmúrios canta a cidade das rochas vestida de sonhos, poesias, e canções.
Na montanha rochosa, e da janela aberta do horizonte o Sol espreita inundado de poente e pelas cortinas douradas, sorri.
E à tardinha, pela vidraça entreaberta do ocaso, descortina-se a paradisíaca cidade-princesa, às margens do rio Velho Chico, no silêncio do entardecer.
Na quietude sorrateira do suave arrebol, um gemido sombrio: “só a ti hei de amar, minha Penedo, princesa do rio!”
Dentro do alto corpo destelhado como num estábulo, iam eretos como fósforos numa caixa; no transporte enxergavam a inundação que ia pela estrada do Sul. Os terrenos eram baldios, compondo uma área onde retinha as chuvas de outono, as águas de um maio colossal.
Tudo desaparecera retumbantemente, dando lugar a um lençol horizontal e imóvel de águas marrons, que se estendiam aos campos de um além vivos. Emaranhado em compridos farrapos inertes no fundo do sulco dos arados e brilhando tenuamente sob a luz cinzenta.
Via-se a água da inundação perfeitamente imóvel e plana. Não se iluda com inocência e suavidade, não, creia nas forças de um rio em perversão!
Tão quieto agora, que se podia caminhar sobre ele, via-se uma colcha como de cetim perfeitamente lisa e imóvel, cobrindo as feridas humanas; um aceirado onde se fixavam os postes em retas fileiras como cercas que demarcavam os terrenos. Agora frouxos. Tudo bambeando molemente.
Havia uma vala sob a ponte e um pequeno riacho que escondia a “Lagoa dos Patos”, invisíveis, de patos submersos e penas flutuantes.
Ouviu- se um vago estrondo subaquático que soava como um trem destroçado que, num descarrilamento ao longe, sugeria uma velocidade espantosa e secreta.
Na superfície corriam dejetos espumosos, animais, idosos, roupas, objetos, telhas de vinil e plásticos enquanto afundaram-se latas, ferros, pedras e concretos. A extrapolação das águas em excesso cobiça calçadas, ruas, praças, passarelas e para passá-las em avalanches pelas vulneráveis cidades, dificuldades e impossibilidades.
Por que, água, não escoa e liberta a terra e as gentes, por que acumulada resta como mortalha? Enchentes e mais enchentes, mortes, epidemias, males por crises hídricas se avolumam nos anos e meses de impactos ambientais. E a correria, a fuga destes mortais, banais?
O prejuízo econômico pesa nas vidas e nas realidades convulsionadas por perdas residenciais, comerciais, industriais; morre a semente, o campo, o sementeiro, o gado, suínos, equinos, ovíparos, os lúcidos, infantes, gestantes, cadeirantes e caducos. Importam-nos plátanos, as parreiras e roseiras.
Sucesso absoluto aos peçonhentos e aos ladrões, usurpadores em vulneráveis momentos.
Correntezas frias e insensíveis, fortes avalanches despidas de compaixão levam móveis, comidas e vidas, mergulham alguns e “nenhuns” para não voltar, e os que restam a que prestam, nestes rostos empalidecidos pelas lágrimas do luar.
Sinistra e lamentosa chuva, espessou os rios e, agora, contundente, comove e consterna os povos a socorrer e amar estas gentes, sobreviventes, heroínas das enchentes.
Há um rio que atravessou a nossa casa, esse rio rebelou-se pelo tempo; as lembranças são peixes que restaram das correntes nadando nos contratempos. E ao olhar nos céus de hoje vejo inundações de aves, refração de estrelas que, nadando, se movimentam no lumiar de minha esperança.
Vem me guiando desde menino o rastro celeste de invisíveis enxurradas, em uma constelação que guardou meu diário em segredo, Cruzeiro do Sul.