Correntezas de um rio

Ella Dominici: Poema ‘Correntezas de um rio’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem gerada com IA ∙ 22 de novembro de 2024 às 3:42 PM
Imagem gerada com IA ∙ 22 de novembro de 2024
às 3:42 PM

há um rio que passa
no meio de minha cidade
e os valados separa
o meio lado da terra
conhece bem solitude
entre elas correm
razão e sentidos

descortina ao centro cachoeira
dançam águas bailando
deparam-se faceiras
com troncos semiamados
pedras tão desoladas

ainda rolam pedras vivazes
árvores margeando
palco de amantes tenazes
entrelaçados galhos
se acasalam dão frutos

são salvos deleites
juntos os provemos!
águas poucas definha
meio corpo seu no rio
enquanto houver água
deságua e não me afoga…
serei correnteza
desce cascata!

vivo em água que jorra
até rolarem todas
pedras da vida
és meu rio claro
correntezas
em fúria e emoção
deita na água coração alado

Ella Dominici

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Amor ao luar

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Amor ao luar’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
"Na noite luminosa sobre o rio, o luar resplandece, derrama-se, tramando o véu da noite escura num clarão a fulgurar"
“Na noite luminosa sobre o rio, o luar resplandece, derrama-se, tramando o véu da noite escura num clarão a fulgurar
Imagem gerada com IA ∙ 4 de setembro de 2024 às 12:00 PM

Na noite luminosa
sobre o rio,
o luar resplandece,
derrama-se,
tramando o véu da noite escura
num clarão a fulgurar.

No silêncio da noite luzente,
pelo passear da Lua,
vejo o amor,
busco o teu olhar
no olhar do tempo.
Vejo-te
a sorri sem temor algum.

Na noite fulgente,
nos abraçamos,
sussurro aos ouvidos
versos poéticos de amor,
lábios sorriem
e a boca em flor entreaberta
num ardente beijo,
impulsiona-nos ao delírio,
a um férvido desejo que nos
leva à loucura.

Amamo-nos iluminados pela luz do luar
doce e sereno.
Desfrutamos deste momento infindo
tu e eu – num amor ao luar.

Ceiça Rocha Cruz

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Percepção das letras

Ismaél Wandalika: ‘Percepção das letras’

Soldado Wandalika
Soldado Wandalika

Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Imagem gerada pela IA do Bing – 2 de setembro de 2024 às 9:10 AM

“Cada ser enfrenta os desertos do caminho que escolheu.”
Soldado Wandalika

Sons invadem o enredo no ciclo
A história ilude atores que rezam no topo pelo pódio
Não há rio que enfrenta lágrimas sem distorcer a fronteira alheia.
No ar se percebe o brilho do espetáculo como casas pintadas no Sahara.
Com letras se percebe o mundo cinzento por trás dos sons
Anseios de desejos materializam factos.
A marcha continua, as letras insultam o realismo poético, num universo estérico de conteúdo…
Seres dançam e bebem do suor da sua ignorância
Aflitos, buscam refúgios na poética.
Patetas enganam o povo fabricando motivações entre as ilusões ocasionais.

Percepção das letras
5 capítulo da vida no asilo de lembranças.
Vidas germinadas geradas na inocência dos dias que o tempo amaldiçoo.
As letras entendem o que escrevem, fala sem acusações, prioriza o amor.
Na busca pelo entendimento, compreende os seres…

Respiramos o mesmo ar em ângulos diferentes. Falamos das mesmas coisas com perspectivas distintas.

A natureza é um ponto de encontro entre Deus e Nzambi com os humanos…

Neste cenário a experiência fala alto na conexão da alma de quem permitiu-se mais.

A vida segue além de um ritmo embalsamado pelas falácias, crenças crescem entre as dúvidas dos cristãos, acusa-se quem vai mais além buscando a profundidade para compreender o os ângulos espirituais.

Lá fora perde-se a contagem das operações divinas, letras não mentem sobre a verdade encarnada verbalizando o Filho do Homem.
Compreendo o poema e suas subjetividades
Percebo a decisão de uma escolha que não recua
A esperança só não morre porque é alinhada da coragem.

Braços fortes dão de frente com a arte
Sonhos nascem no Mayombe
Entardecer a amanhã e a caneta acelera o pulsar do heart.

Vidas nascem entre os sonhos da madrugada
Letras fitam os olhos no presente do passado, com fé desacreditam no magistrado.
Ritmos rotulam as letras na ponta da caneca
O poço abre a boca para não morrer na dança
Interroguem os poetas, pois a verdade está na alma
Mas a caneta é sábia seleciona momento sabe quando expor o que a alma sente…

Artistas são sinceros quando correm pelo propósito de sua existência, porém quando evolve equipa e guita a verdade na arte fica turva, artista se corrompe. Quando estamos expostos à vitrine da life, entramos no jogo do equilíbrio em que a corrupção será solução para todos.
Portanto, somos TODOS corruptos a nossa maneira, somos números então, todos fazemos parte de um sistema.

Dizem as Percepções das Letras.

Soldado Wandalika

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Venda nova do imigrante…

Marcelo Pires:

‘Venda Nova do Imigrante, recanto de valor impressionante’

Marcelo Pires
Marcelo Pires

Andiamo, andiamo, lavorare al’ campo
Onde há beleza plena e inebriante
Aos olhos emocionados dos imigrantes

No pé da montanha repousam flores
Nos jardins da Venda estão as mais belas
As cores vivas nas pétalas enfeitam as lapelas

Terra nova, felicidade à vista, Venda Nova
Parece correr entre as montanhas como o rio
Na verdade é miragem, a Venda está bem fixada
Tem raízes antigas, mas seu nome é Venda Nova
Oh amada!

Gente de valor, forjada no trabalho e ardor
Cravada no meio do vale
Como o coração é cravejado pelas flechas do amor

O velho italiano canta per noi, la musica:
Siamo in Venda Nova per vivere in pace
Vicini ai brasiliani, lavorando per fare la vita

O flamboyant cobre o chão de flores vermelhas
Como se fosse um tapete para todos os povos
Que na Venda Nova do Imigrante, se mudaram
Chegando entoando seus belos votos

Neste recanto tem amor para todos os habitantes
Sejam eles italianos, índios, brasileiros e africanos
Os motores dos tratores soam como se fossem louvores
Da nossa terra, desbravando as lavouras

Enfrentando as manhãs frias
Os bravos agricultores aceleram suas máquinas
No mesmo ritmo de seus corações
Cumprindo a missão mais nobre, no ritmo mais forte
Os corações ficam repletos de emoções
As mesas cheias dos divinos produtos de suas plantações.

Agricultura, tradição e beleza nas lavouras
Nossa cidade avança triunfante
Seguindo a sabedoria dos antigos imigrantes
Juntamente com todos os valentes homens e mulheres
Que aqui chegaram, de todas as raças e credos
recebendo a graça, mais importante
Fundar, construir e conduzir a amada
Venda Nova do Imigrante.

Marcelo Pires

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O tempo passa

Irene da Rocha: Poema ‘O tempo passa’

Irene da Rocha
Irene da Rocha
“O tempo passa, e o tempo esvai, como um rio correndo para o mar– Imagem criada pela IA do Bing

O tempo passa, e o tempo esvai,
Como um rio correndo para o mar,
Silencioso, sua essência se desfaz,
Deixando saudades a murmurar.

As horas perdidas, jamais alcançadas,
Levadas pelo vento, desaparecem,
O mundo reflete memórias veladas,
Enquanto as lembranças permanecem.

Procuro no tempo a humanidade,
A bondade que outrora ressoou,
Olhares de amor, sinceridade,
Dignidade que em nós habitou.

Era uma vez, em tempos distantes,
Quando ser eu mesmo bastava,
O mundo girava em versos vibrantes,
E a poesia minha essência marcava.

Nessa dança de dias e noites,
Onde o tempo não tinha senão,
Sonhos flutuavam em suaves açoites,
Esperança guiando a direção.

Na janela, o amor uma chama acendeu,
Iluminando o caminho a seguir,
Com fervor e emoção, então compreendeu,
Que eras tu meu destino a fluir.

Sob o céu estrelado, jurei o amor,
Com as mãos entrelaçadas em paz,
Em frente ao altar, senti o calor,
Da mais pura paixão que se faz.

Assim, o tempo que se esvaiu,
Deixou seu rastro de inspiração,
Pois em cada verso que o amor traduziu,
Encontrei minha eterna canção.

Irene da Rocha

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Princesa do rio

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Princesa do rio’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
"E à tardinha, pela vidraça entreaberta do ocaso, descortina-se a paradisíaca cidade-princesa,"
“E à tardinha, pela vidraça entreaberta do ocaso, descortina-se a paradisíaca cidade-princesa,”
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer da plataforma DALL-E3

Amanhece… O sol brilha!
E a terra bronzeada pelo tempo,
ao sabor do vento,
no debruçar da manhã,
desperta sorridente.

O rio, eterno cantor
em seus murmúrios
canta a cidade das rochas
vestida de sonhos,
poesias,
e canções.

Na montanha rochosa,
e da janela aberta do horizonte
o Sol espreita
inundado de poente
e pelas cortinas douradas,
sorri.

E à tardinha,
pela vidraça entreaberta do ocaso,
descortina-se a paradisíaca
cidade-princesa,
às margens do rio Velho Chico,
no silêncio do entardecer.

Na quietude sorrateira
do suave arrebol,
um gemido sombrio:
“só a ti hei de amar, minha Penedo,
princesa do rio!”

Ceiça Rocha Cruz

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Rompeu tardia e chuvosa alvorada

Ella Dominici: ‘Rompeu tardia e chuvosa alvorada’

Ella Dominici
Ella Dominici
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Dentro do alto corpo destelhado como num estábulo, iam eretos como fósforos numa caixa; no transporte enxergavam a inundação que ia pela estrada do Sul. Os terrenos eram baldios, compondo uma área onde retinha as chuvas de outono, as águas de um maio colossal.

     Tudo desaparecera retumbantemente, dando lugar a um lençol horizontal e imóvel de águas marrons, que se estendiam aos campos de um além vivos. Emaranhado em compridos farrapos inertes no fundo do sulco dos arados e brilhando tenuamente sob a luz cinzenta.

     Via-se a água da inundação perfeitamente imóvel e plana. Não se iluda com inocência e suavidade, não, creia nas forças de um rio em perversão!

     Tão quieto agora, que se podia caminhar sobre ele, via-se uma colcha como de cetim perfeitamente lisa e imóvel, cobrindo as feridas humanas; um aceirado onde se fixavam os postes em retas fileiras como cercas que demarcavam os terrenos. Agora frouxos. Tudo bambeando molemente.

     Havia uma vala sob a ponte e um pequeno riacho que escondia a “Lagoa dos Patos”, invisíveis, de patos submersos e penas flutuantes.

     Ouviu- se um vago estrondo subaquático que soava como um trem destroçado que, num descarrilamento ao longe, sugeria uma velocidade espantosa e secreta.

     Na superfície corriam dejetos espumosos, animais, idosos, roupas, objetos, telhas de vinil e plásticos enquanto afundaram-se latas, ferros, pedras e concretos. A extrapolação das águas em excesso cobiça calçadas, ruas, praças, passarelas e para passá-las em avalanches pelas vulneráveis cidades, dificuldades e impossibilidades.

     Por que, água, não escoa e liberta a terra e as gentes, por que acumulada resta como mortalha? Enchentes e mais enchentes, mortes, epidemias, males por crises hídricas se avolumam nos anos e meses de impactos ambientais. E a correria, a fuga destes mortais, banais? 

     O prejuízo econômico pesa nas vidas e nas realidades convulsionadas por perdas residenciais, comerciais, industriais; morre a semente, o campo, o sementeiro, o gado, suínos, equinos, ovíparos, os lúcidos, infantes, gestantes, cadeirantes e caducos. Importam-nos plátanos, as parreiras e roseiras.

    Sucesso absoluto aos peçonhentos e aos ladrões, usurpadores em vulneráveis momentos.

     Correntezas frias e insensíveis, fortes avalanches despidas de compaixão levam móveis, comidas e vidas, mergulham alguns e “nenhuns” para não voltar, e os que restam a que prestam, nestes rostos empalidecidos pelas lágrimas do luar. 

     Sinistra e lamentosa chuva, espessou os rios e, agora,  contundente, comove e consterna os povos a socorrer e amar estas gentes, sobreviventes, heroínas das enchentes.

     Há um rio que atravessou a nossa casa, esse rio rebelou-se pelo tempo;  as lembranças são peixes que restaram das correntes nadando nos contratempos. E ao olhar nos céus de hoje vejo inundações de aves, refração de estrelas que, nadando, se movimentam no lumiar de minha esperança.

     Vem me guiando desde menino o rastro celeste de invisíveis enxurradas, em uma constelação que guardou meu diário em segredo, Cruzeiro do Sul.

Ella Dominici

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