Ella DominiciImagem criada por IA no Bing – 20 de março de 2025, às 07;30 PM
O vazio chegou primeiro. Antes do nome, antes da pele, antes do rosto que me ensinaram a chamar de meu. Fui menos que um nada, um quase-ser esperando a sorte do verbo.
Apaguei-me para caber no mundo. Deixei pegadas que não segui, vendi silêncios para comprar presença. E ainda assim, o resto de mim ficou insistindo em existir no que me faltava.
Houve um tempo em que fui todos, um eco na multidão dos que não sabem que são. E então, o traço. O risco. A marca. Era eu. Não um nome, não um número, mas um corte no papel do tempo.
Deixei o coro dos rostos repetidos. O coletivo me olhou como se eu traísse o pacto dos que preferem ser sombra. Mas a sombra não tem peso, não tem voz, não tem gravidade para sustentar-se.
E eu queria ser corpo, queria ser coisa que não se apaga. Queria ser o avesso da ausência, o nome que me veste sem caber em mais ninguém.