“Vândalo é o Sistema”

Sergio Diniz da Costa: “Vândalo é o Sistema”

Sergio Diniz
Sergio Diniz
Vândalo é o sistema
Vândalo é o Sistema
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Mais um dia amanhece, ensolarado, e cá estou eu, acompanhado por meu cãozinho (Tobby), no nosso passeio diário.

         E hoje, em vez dos parques da cidade, as ruas do meu bairro.

         Passando por um muro, uma pichação me chama a atenção. No lugar de apenas os costumeiros símbolos ininteligíveis para as pessoas em geral, ao lado destes, a frase: “Vândalo é o Sistema”.

         Continuo a minha caminhada, arrancado bruscamente que fui pelo impaciente peludinho, premido por suas necessidades fisiológicas. Mas a frase segue comigo, produzindo comichões filosóficas.

         “Vândalo é o Sistema”. A frase ficou martelando na minha cabeça, certamente à espera de uma conclusão, concordando com ela ou a rejeitando.

         Num primeiro momento a rejeitei, porque, afinal de contas, a pichação, sim, é um ato de vandalismo, uma vez que o seu autor ─ geralmente, mais de um ─ não pede permissão ao proprietário dos imóveis ou dos bens públicos para tal manifestação; manifestação essa, aliás, muitas vezes insultuosa ou tão somente utilizada como forma de demarcação de territórios entre grupos ─ às vezes gangues rivais.

         Realizada à noite e em locais proibidos e, basicamente, com uma única cor, apresenta um visual desagradável, não apresentando algum valor artístico ou mesmo mensagens que gerem qualquer reflexão útil.

         Trata-se, portanto, de uma prática ilegal, considerada vandalismo, nos termos do artigo 65 da Lei 9.605/98, que trata dos Crimes Ambientais.

         Curiosamente, porém, a prática da pichação é encontrada desde a Antiguidade. A erupção do vulcão Vesúvio preservou inscritos nos muros da cidade de Pompeia, que continham desde xingamentos até propaganda política e poesias. Na Idade Média, padres pichavam os muros de conventos rivais no intuito de expor sua ideologia, criticar doutrinas contrárias às suas ou mesmo difamar governantes.*

         Visto sob este ângulo, definitivamente rejeitei a frase do muro.

         Todavia, semelhante à Serpente do Paraíso, ela continuou me instigando a comer e digerir o fruto dos meus conhecimentos, conceitos e até mesmo dos meus preconceitos.

         O ‘Sistema’ que, dentre inúmeras acepções, é definido como a qualidade econômica, moral, política de uma sociedade que condiciona, integra e/ou aliena um indivíduo.

         Neste momento, senti uma vontade irresistível de conhecer o autor da pichação, agora não mais vista como rabiscos grotescos, porém, como um grito silencioso de um grupo ou de uma voz solitária clamando, talvez, por ética, solidariedade, paz e justiça social. E aquele muro era tão somente uma grande folha de papel em branco, onde esse apelo haveria de alcançar olhos míopes e mentes entorpecidas pelo Poder.

         Este lampejo reflexivo ensombreceu meu passeio, mas, certamente, não o do meu cãozinho que, naquele instante, se detinha, curioso, fascinado diante de uma belíssima borboleta.

         Também me detive para apreciar aquele inseto, delicadamente colorido. E não pude deixar de comparar esta visão à do muro. Esta, para a admiração de um ser irracional. Aquela, provavelmente, para a inércia de um ser humano.

Sergio Diniz da Costa

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Memória

Evani Rocha: Poema ‘Memória’

Evani Rocha
Evani Rocha
Castelo da Pena e Palácios Mouros – Sintra, Portugal
Foto por Evani Rocha

Já decorei tua arquitetura,

Tuas ruelas de pedras,

As fachadas coloridas

Disfarçadas de arco-íris.

Já pisei tuas calçadas,

Bebi tuas águas,

Tua fala, teu olhar,

Milimetrei tuas ruas.

Já conheço esse teu jeito

De apaixonar,

De tirar a paz,

Remexer por dentro.

Já colhi todas as flores

De setembro

E ainda espero

Os últimos botões

Fora de tempo…

Não me prendo mais às tuas

Camas, frias, vazias

E brancas como a neve.

Já fui embora de ti

E retornei todas as vezes

Que tentei transcrever tua poesia.

Evani Rocha

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Série 'Como eu sou e como eu era': Posto de gasolina da Quintino, em Itapetininga/SP

Série Como Eu Sou, Como Eu Era, Como Serei?

 

 

Reiniciando a série ‘Como eu sou e como eu era’ do nosso jornal,  duas  fotos de Geraldo Toledo (na foto com sua esposa Joana) publicadas por ele no Facebook, mostram como era em 1993 a esquina das ruas Barbosa Franco e Quintino Bocaiuva, no centro de Itapetininga e como ela é hoje.

 

Em 1993, na esquina das ruas Barbosa Franco a Quintino Bocaiuva, no centro de Itapetininga havia a Mercearia São Pedro…

 

…hoje, em 2019, tem o Posto São Francisco.