Um bom professor é um professor-leitor!

José Ngola Carlos: ‘Um bom professor é um professor-leitor!

Kamuenho Ngululia
Kamuenho Ngululia
Imagem criada por IA do Bing - 24 de junho de 2025, às 03:50 AM
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às 03:50 AM

Ler é uma necessidade imprescindível à nossa formação académica ou profissional e à nossa atuação como professores. O professor se faz professor pela leitura constante e ponderada ou crítica. Um bom professor é um professor-leitor.

Um dos instrumentos de atuação do professor ou da professora, diga-se, um dos mais importantes instrumentos de seu trabalho, é o seu saber. Na referência ao saber, integro o conhecimento declarativo, as competências existenciais, a competência de realização ou profissional e a competência de aprendizagem. Grande parte da aquisição destes saberes dão-se pela leitura, reitera-se, leitura constante e ponderada.

Não gostar de ler pode ser apenas uma fase. Afinal, ninguém nasce já gostando das letras. Por outro lado, gostar de ler é uma cultura pessoal que pode ser cultivada com tempo, paciência, determinação e, acima de tudo, um bom plano estratégico que envolve a escolha cuidadosa de quando ler, quanto ler, como ler e o que ler.

É inegável que um professor, sem a cultura da leitura constante e crítica, é um agente passivo, parado no tempo, um tempo que já não é o seu e nem é o de seus alunos. Sob tal circunstância, o professor ou a professora se presta a perpetuação da mediocridade, na forma de um saber desatualizado, inapropriado e contra producente.

Um professor que não lê é um agente do passado que nega o presente e compromete o futuro. Por outro lado, um professor com a cultura da leitura e escrita assentes é um agente do presente, comprometido com o desenvolvimento pessoal e social seu e de seus alunos.

Nestes tempos que correm, ler já não é apenas um capricho de quem tem o tempo a sobrar. Antes, ler é uma necessidade imperativa para o auto aperfeiçoamento pessoal e profissional. Sendo uma necessidade, a cultura da leitura e da escrita é um exercício de honra para o professor ou professora.

Em termos de conclusão, ler e escrever, quando se fazem cultura, são acompanhados das seguintes vantagens:

  1. Um conhecimento declarativo ou conhecimento de mundo atualizado.
  2. Uma competência existencial, que se consubstancia na forma do saber-ser e saber-estar, aperfeiçoada.
  3. Uma competência de realização, compreendida como o saber-fazer necessário à atuação profissional, melhorada e
  4. Uma competência de aprendizagem, entendida como o saber-aprender, aguçada.

Para a sua própria honra e para o bem da sociedade em que vive e atua como professor ou professora, cultive o hábito da leitura e da escrita!

Kamuenho Ngululia
Malanje, 24 de junho de 2025

Como citar este artigo: 
Ngululia, K. (2025:6). Um bom professor é um professor-leitor. Brasil: Jornal Cultural – ROL.

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O interesse guia o saber

Fidel Fernando: ‘O interesse guia o saber’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
O interesse guia o saber
Imagem gerada com IA do Bing - 7 de outubro de 2024 às 10:12 AM
O interesse guia o saber
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As crianças adoram a escola, disso ninguém duvida. Basta observar a alegria que manifestam ao conviver com os colegas nos intervalos ou após o fim das aulas, quando muitos preferem ficar no pátio a correr de um lado ao outro, em vez de irem embora. A escola, para elas, é um ambiente de felicidade e socialização. Mas, então, por que essa mesma alegria parece desaparecer quando entram em sala de aula? Simples: elas não gostam das nossas aulas. E isso levanta uma questão importante para todos os que se dedicam ao processo de ensino e aprendizagem: será que estamos a ensinar de forma conectada com os interesses e realidades dos nossos alunos?

Para responder a essa pergunta, é necessário pensar além do conteúdo programático e olhar para a essência do aprendizado. Conforme Mário Sérgio Cortella, na Teoria do Conhecimento, o aprendizado só é efectivo quando parte da realidade do aluno, do que ele já conhece, vive e gosta. Isso não significa que devemos ensinar apenas o que os alunos gostam. Afinal, o conhecimento é vasto e diversificado, e a escola tem o papel de expandir horizontes, não de limitá-los. No entanto, partir daquilo que atrai os alunos é uma maneira poderosa de engajá-los e, assim, potencializar o aprendizado.

Ao ignorar os interesses dos alunos, corremos o risco de enfrentarmos resistência. É como nadar contra a maré: o esforço é enorme, mas os resultados são mínimos. Ruben Alves, renomado educador, já dizia que “ensinar é um exercício de imortalidade”, e a imortalidade só se alcança quando o conhecimento se perpetua na mente dos alunos. Para que isso aconteça, é preciso falar a língua deles, entender seus gostos e suas vivências. Se conseguimos fazer isso, despertamos o interesse e criamos um ambiente em que o aprendizado deixa de ser uma obrigação e passa a ser uma descoberta prazerosa.

Içami Tiba, psicoterapeuta e educador, também enfatizava a importância de respeitar a individualidade dos educandos no processo educativo. Ele acreditava que, quando desconsideramos os interesses e a realidade dos alunos, estamos, na verdade, a criar um ambiente avesso ao aprendizado. Assim, ao planificar uma aula, devemos sempre nos perguntar: “Será que essa abordagem faz sentido para eles?” E mais importante ainda: “Como posso tornar esse conteúdo relevante a partir da realidade deles?”

É fundamental que os professores reconheçam que as crianças não são contra a escola. Elas adoram estar na escola! O que elas não gostam são as nossas aulas que, muitas vezes, estão distantes de suas experiências e interesses. Isso é claramente perceptível pela euforia que demonstram quando toca o sino do intervalo ou quando permanecem na escola após o fim das aulas, correndo, brincando, rindo. Não é a escola o problema; somos nós, os professores, que falhamos em conectar o aprendizado à realidade deles.

Portanto, ensinar directamente a partir do que os alunos gostam é um convite ao engajamento. É claro que não podemos nos limitar a isso, mas partir desse ponto é uma estratégia eficaz. Quando conectamos o ensino com algo que eles apreciam, estamos a abrir portas para um aprendizado mais profundo e duradouro.

Que possamos, então, reflectir sobre a nossa prática e encontrar maneiras de nos aproximarmos mais dos nossos alunos, fazendo da sala de aula um espaço tão agradável quanto o pátio. Isso só será possível se começarmos a partir do que eles realmente gostam, da realidade que os cerca, do mundo que eles já conhecem. Assim, o conhecimento que queremos transmitir terá mais chances de florescer e se perpetuar.

Fidel Fernando

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