E Vocês, Quem São?
Com atuação e direção de Samuel de Assis, monólogo ‘E Vocês, Quem São?’ tem nova temporada no Centro Cultural São Paulo a partir de junho
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Espetáculo escrito por Jonathan Raymundo é um grito de liberdade de pessoas pretas ao questionar o lugar ocupado pela branquitude em nossa sociedade extremamente desigual
Ao propor uma releitura da história brasileira, o monólogo E Vocês, Quem São?, com direção e atuação de Samuel de Assis e dramaturgia de Jonathan Raymundo, discute a responsabilidade pela realidade brutal e violenta vivida pelas pessoas pretas. O solo, que estreou em 2023, tem uma nova temporada no Centro Cultural São Paulo, de 14 a 30 de junho, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.
Definida pelo próprio Samuel de Assis como um texto forte, reflexivo e agressivo, para reverberar na cabeça de todos, a peça nasceu de um desabafo. “Eu pedi um texto ao Jonathan e ele me mandou a primeira versão em três horas. Acho que tudo já estava na cabeça dele e ele derramou o texto na tela. Então, peguei o texto proseado dele e fiz um trabalho de dramaturgismo para criar uma história. Como eu não sabia se isso ia dar certo, fiquei receoso de chamar alguém para dirigir, por isso todo o processo de ensaio fiz em frente ao espelho”, conta.
O solo parte de alguns questionamentos recorrentes e debates bem atuais sobre raça, gênero, classe e outros temas fundamentais, como “O que é lugar de fala?”, “Quem detém o direito de construir a narrativa verdadeira sobre a realidade?” e “Qual é o valor da vida?”.
“É um relato do que precisamos, infelizmente, mais do que nunca, falar. É um desabafo de dor, desespero, de basta e de liberdade. É um questionamento para aqueles que nunca foram questionados: os brancos! Nós, negros, ainda precisamos gritar pra eles: E vocês, quem são? O que merecem? Eu espero que a peça faça com que eles comecem a se perguntar!”, revela Assis.
Em cena, Samuel vive um personagem que está sendo condenado por um crime. O público acompanha o relato que traz um apanhado histórico do Brasil, contando a verdadeira versão de um país racista e inquisidor. E o texto ainda é acompanhado por uma reflexão sobre Machado de Assis, um dos maiores autores negros brasileiros, que foi “embranquecido” pela história oficial.
“Costumo dizer que esse espetáculo mudou minha vida, porque ele me ensinou muita coisa. Sou um homem preto que foi criado no mundo branco. Eu me reconheci, me aceitei e passei a reconhecer o mundo com um olhar de um homem preto já na vida adulta. Só aí comecei a entender de verdade o mundo real e comecei a lutar. E eu acredito que sou um homem melhor e mais forte depois desse espetáculo, que é feito pra todo mundo – pra quem é branco, preto, amarelo e quem está vivo”, reflete o ator e diretor.
A direção de arte do espetáculo é assinada por Marcio Macena, que criou uma cenografia minimalista composta apenas por um coração humano. “O Marcio é meu parceiro desde que comecei a fazer teatro. Quando eu disse que queria botar tudo o que estava guardado no meu peito para fora nesta peça, ele logo disse que a cenografia deveria refletir isso. Ela simboliza o fato de que eu estou colocando o meu coração nas mãos de todas as pessoas que estão ali assistindo à peça”, comenta Assis.
Já os figurinos foram criados pela marca de roupas Meninos Rei, de Junior Rocha e Céu Rocha, que marcam sua estreia no teatro. A confecção baiana, que estreou na São Paulo Fashion Week em 2021, foi escolhida por representar a ancestralidade e a autenticidade da população preta.
E a trilha sonora, tocada ao vivo pelos músicos Cauê Silva e Leandro Vieira, reúne músicas de cantores e compositores pretos famosos, incluindo uma canção original do rapper Coruja BC1 e outra de Larissa Luz, que ainda assina a direção musical ao lado do coletivo Os Capoeira.
“Fico muito feliz ao ver que a trilha sonora da peça caminha junto com o texto e fala por si só. Acho que ver essas duas forças poderosas se complementando e falando juntas é muito bonito de se ver”, acrescenta Samuel de Assis.
Ficha Técnica
Atuação e Direção Geral: Samuel de Assis
Texto: Jonathan Raymundo
Direção Musical: Larissa Luz e Os Capoeira (Felipe Roseno, Mestre Dalua, Cauê Silva e Leandro Vieira)
Direção Coreográfica: Tainara Cerqueira
Direção de Arte: Márcio Macena
Figurino: Meninos Rei por Junior Rocha e Céu Rocha
Arte do Cenário: Carol Carreiro
Iluminação: César Pivetti
Músicos: Cauê Silva, Leandro Vieira, Rogério Roggi, Marcinho Black
Op. Som: Silney Marcondes
Op. Luz: Ari Nagô, Ian Bessa
Camareira: Jacque Vilar
Designer Gráfico: Pietro Leal
Direção de Produção: Morena Carvalho
Co-Produção: Estapafúrdia Produções
Realização: Samukaju Produções
SERVIÇO
E Vocês, Quem São?, de Jonathan Raymundo, com Samuel de Assis
Sala Jardel Filho
Temporada: 14 a 30 de junho
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000, Liberdade
Ingressos: Grátis
Retirada de ingressos online
https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket
Retirada de ingressos na bilheteria do teatro
Terça-feira a sábado, das 13h às 22h
Domingos e feriados, das 12h às 21h00
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade: 321 lugares