Deixe-me sangrar
Ivete Rosa de Souza: Poema ‘Deixe-me sangrar’
Não diga nada enquanto eu estiver sangrando
Enquanto meu corpo desfalece, minha alma vive
Deixe-me sangrar, todas as feridas do tempo que não amei
O sangue da insensatez, da fúria, do ciúme
Que nada me deram somente desilusão
Deixe-me sangrar os sonhos perdidos,
Por entre os dedos esquecidos em minhas mãos
Se sou louca por deixar fluir, o sangue derradeiro
Não sabe dos pesadelos, das incertezas
Nem mesmo das dores e das injustiças
Deixe-me sangrar o tempo perdido, esquecido, descabido
Que a sua presença levou, e sua ausência secou
Que se torne apenas poças de lágrimas e sangue
Que me deram por escolha sangrar até o fim.
Ivete Rosa de Souza