Marcelo Paiva Pereira: ‘O fim da Segunda Guerra Mundial’
Historiadores têm acolhido o fim da Segunda Guerra Mundial aos 08 de maio de 1945, data da rendição incondicional da Alemanha nazista aos aliados. Os russos, entretanto, acolhem outra, qual seja, 09 de maio. Outros ainda entendem que ocorreu aos 02 de setembro de 1945, com a rendição do Japão aos Estados Unidos da América.
Aos 07 de maio de 1945 a Alemanha se rendeu incondicionalmente aos aliados, reunidos na cidade francesa de Reims e o tratado de rendição entrou em vigor no dia seguinte (08). Quem o assinou foi o oficial Alfred Jodl, nomeado pelo almirante Karl Dönitz, na presença do general americano Dwight D. Eisenhower.
Stalin não aceitou a rendição assinada nessas condições – fora de Berlim, por um oficial alemão sem patente elevada para assiná-la e na presença de um oficial soviético que apenas a testemunhou. Era preciso refazer o ato militar para evitar a Alemanha alegar a ilegitimidade da rendição, como fez após a Primeira Guerra Mundial (1914-18).
No dia 08 de maio outro oficial alemão, Wilhelm Keitel dirigiu-se a Berlim e assinou o tratado de rendição na presença do marechal soviético Georgy Zhukov e de uma reduzida delegação dos demais aliados. O tratado entrou em vigor no dia 09 de maio de 1945, horas após a decretação do cessar-fogo aos soldados alemães.
A reação do Brasil ocorreu após submarinos alemães torpedearem cinco navios mercantes brasileiros, que se encontravam nas costas marítimas do nosso país além de outro, o Taubaté, que foi metralhado por um avião alemão no Mar Mediterrâneo, em março de 1942. Aos 31 de agosto do mesmo ano Getúlio Vargas declarou guerra contra a Alemanha e a Itália.
Acordado com os Estados Unidos da América, do nosso país foram para a Itália aproximadamente 25.500 soldados, que compuseram a Força Expedicionária Brasileira para lutar contra os alemães. Desembarcaram em Nápoles em julho de 1944 e de lá retornaram em julho de 1945.
Na guerra ocorrida no Oceano Pacífico, Japão e Estados Unidos da América travaram difíceis batalhas pela conquista dos territórios ultramarinos. O Japão tinha a mais bem armada marinha do mundo e mais porta-aviões do que os americanos. O sucesso militar destes começou quando a espionagem descobriu a posição dos porta-aviões japoneses e fazer naufragar quatro dos sete que possuíam, durante a Batalha de Midway, em 1942. A vitória se deu após as explosões das duas primeiras bombas atômicas em Hiroshima e em Nagasaki, aos 06 e 09 de agosto de 1945, respectivamente.
Na Europa o fim da Segunda Guerra Mundial é comemorado aos 08 de maio, enquanto na Rússia o é aos 09 de maio. Nós, brasileiros, também acolhemos 08 de maio a data do Dia da Vitória dos aliados contra a Alemanha nazista. Quanto ao dia 02 de setembro de 1945, marca a rendição do Japão aos Estados Unidos da América e o fim da guerra no Oceano Pacífico. Nada a mais.
Com texto de Renata Mizrahi, espetáculo narra trajetória de japonês que salvou mais de 6 mil vidas de refugiados judeus em plena Segunda Guerra Mundial
Inspirado no livro de Yukiko Sugihara, Desobediência faz apresentações gratuitas no Centro Cultural da Diversidade
Um ato heroico e humanitário em plena Segunda Guerra Mundial é retratado pela peça Desobediência, texto inédito de Renata Mizrahi livremente inspirado no livro “Passaporte para a Vida”, de Yukiko Sugihara. O espetáculo, dirigido por Regina Galdino, segue em circulação por São Paulo. Desta vez, faz duas apresentações gratuitas no Centro Cultural da Diversidade nos dias 7 e 8 de dezembro, às 20h.
A peça foi idealizada por Rogério Nagai, que também está no elenco ao lado de Beatriz Diaféria, Carla Passos e Ricardo Oshiro. A montagem faz parte do projeto do Coletivo Oriente-se, em coprodução com a Nagai Produções Artísticas e Culturais.
A trama narra de forma não-linear a jornada de Chiune Sugihara, um representante do consulado japonês na Lituânia que, em plena Segunda Guerra Mundial, forneceu de forma não autorizada mais de 2 mil vistos para judeus refugiados da Polônia ao longo de 20 dias, desobedecendo às ordens do Japão – que participava do Eixo, aliança com a Alemanha nazista e a Itália fascista.
Esses documentos se transformaram em mais de 6 mil vidas judias salvas durante a guerra. A história é contada pelo ponto de vista de Yukiko, a esposa do representante, que narra a saída do casal do Japão, a chegada à Europa, o nascimento dos filhos, os privilégios que tiveram na guerra, o episódio da desobediência, a derrota, a fuga, a prisão, a volta à terra-natal e o reconhecimento de Chiune como um aliado da vida.
“Acho que o texto discute como, às vezes, seguimos na vida de forma automática, sem olhar para o lado, e acabamos naturalizando barbaridades, como o fato de alguém estar morrendo de fome na rua enquanto outra pessoa ostenta por aí uma vida milionária. Acredito que a voz da Yukiko é muito importante. Já naquela época, ela falava de empoderamento, de machismo, de sexismo e de xenofobia”, comenta a autora Renata Mizrahi.
Já a diretora Regina Galdino acredita que o Desobediência é importante para nos mostrar caminhos em que o humanismo venceu o autoritarismo, sobretudo quando vivemos um retorno da extrema direita em todo o mundo. “Temas como as intolerâncias religiosa e étnica, a perseguição ideológica, as guerras pelo poder e territórios, a desumanidade, os refugiados e as crises econômicas, a desobediência a regras desumanas e a liberdade feminina estão presentes nesta história de esperança e obstinação na luta pela vida, com um elenco de nipo-brasileiros”, complementa.
Ela ainda conta que a peça passeia pelo tempo e espaço de forma dinâmica, sem seguir a ordem cronológica, “em um jogo de aproximações e choques entre as culturas japonesa, judaica e europeia”.
“O casal Chiune e Yukiko Sugihara contracena com diversas personagens interpretadas por um ator e uma atriz e optamos por figurinos atemporais, que ampliam a atualidade da história. O cenário e os elementos de cena são sintéticos e não-realistas estabelecendo, de forma abstrata, com a ajuda da iluminação, todas as cidades pelas quais o casal passou, desde Helsink, na Finlândia, até o retorno ao Japão, passando por Kaunas, na Lituânia; Berlim, na Alemanha; Praga, na então Tchecoslováquia; Konigsberg, na antiga Prússia, e Bucareste, na Romênia”, revela Galdino sobre a encenação.
A encenadora conta inda que o grupo pesquisou como despertar a imaginação do público com imagens abstratas, não-realistas e inusitadas por meio de um cenário surrealista e de tecidos vermelhos utilizados no lugar de objetos.
“A expressão corporal e a interpretação dos atores e atrizes convidarão o público, de forma sintética, a imaginar trens, florestas, praias, navios, salões de baile, consulados, prisões, máquinas de escrever e fuzis, além dos vistos emitidos para os judeus. Misturando drama e humor, contamos essa história pouco conhecida pelo público usando figurinos atemporais cinzas, “manchados” por tecidos vermelhos, com diferentes funções; um painel de fundo preto e branco com imagem surrealista; projeções abstratas; e a música original, com um tema e variações para passear por diferentes países e culturas”, acrescenta.
SINOPSE
Desobediência é uma peça inédita de Renata Mizrahi livremente inspirada no livro “Passaporte Para a Vida”, de Yukiko Sugihara. A peça conta, de forma não-linear, a jornada de Chiune Sugihara, representante do consulado japonês na Lituânia que, em plena Segunda Guerra Mundial, forneceu de forma não autorizada mais de 2 mil vistos para judeus refugiados da Polônia, desobedecendo às ordens do Japão, aliado da Alemanha e Itália.
Os 2 mil vistos se transformaram em mais de 6 mil vidas judias salvas na guerra. A história é contada pelo ponto de vista da esposa Yukiko: a saída do casal do Japão, a chegada à Europa, os filhos, os privilégios que tiveram na guerra, a desobediência ao consulado japonês, a derrota, a fuga, a prisão, a volta ao Japão e o reconhecimento de Chiune como um aliado da vida. O texto é um drama, com doses de humor.
FICHA TÉCNICA
Texto: Renata Mizrahi
Direção: Regina Galdino
Elenco: Beatriz Diaféria, Carla Passos, Ricardo Oshiro e Rogério Nagai
Cenografia e Figurinos: Telumi Hellen
Vídeo mapping e operação de som: Alexandre Mercki
Música original: Daniel Grajew
Design e operação de luz: Paula da Selva
Produção executiva: Amanda Andrade
Direção de produção e coordenação geral: Rogério Nagai
Assistência de Direção: Edson Kameda
Fotografia: Joelma Do Couto, Rony Costa e Mari Jacinto
Mídias sociais: Lol Digital
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Comunicação visual: Pethra Ubarana
Realização: Coletivo Oriente-se, Nagai Produções e Secretaria Municipal de Cultural –
Lei de Fomento ao Teatro
SERVIÇO
Desobediência, de Renata Mizrahi Centro Cultural da Diversidade
O projeto CineCafé do Sesc Sorocaba apresenta no mês de outubro a ‘Mostra de Filmes Russos’, de 10 a 31 (terças), às 19h, no Teatro da Unidade. Em homenagem ao centenário da revolução russa, serão exibidos filmes russos clássicos e contemporâneos que mostram a importância das produções cinematográficas daquele país. Antes dos longas serão exibidos os Politicurtas, curtas que abordam questões politicas, sociais, ambientais e culturais, com o intuito de provocar reflexões acerca dos modos de pensar e existir no mundo.
“Ascensão” (direção: Larisa Shepitko, URSS, 1976, 111 min.), o filme que encerra a mostra dia 31, se passa em pleno inverno da Segunda Guerra Mundial, onde um grupo de guerrilheiros russos luta para sobreviver em meio ao frio e aos nazistas. Dois soldados são enviados para procurar comida em uma vila próxima, mas são surpreendidos por uma patrulha alemã.
Após as sessões, o cineasta Marcelo Domingues comanda “Cinema em Reflexão”, onde aspectos teóricos e técnicos dos filmes apresentados serão discutidos.
QuandoTerça, 31/10, às 19h
Fique AtentoA retirada dos ingressos acontece com 01 hora de antecedência