Solo inédito interpretado e cantado pelo ator Edson Montenegro com músicas de Gonzaguinha é dirigido por Débora Dubois e escrito por Pricilla Conserva
A jovem dramaturga amazonense Pricilla Conserva chega pelas mãos da diretora, que já admirava o seu trabalho; a partir de encontros e ensaios online, a peça foi ganhando corpo e sendo gerada em tempos de isolamento. Assim chega até nós o texto “Porta Entreaberta”. Ele espelha o momento “real” de um homem de meia idade que se vê preso em sua casa pela pandemia; sozinho, ele inicia conversas gravadas com alguém que não está mais com ele, e entre as tarefas do lar e o trabalho em casa reflete sobre seus medos, desejos, lembranças e superstições, e o que fez e faz com a sua vida. O texto é todo entrecortado por músicas de Gonzaguinha, que delicadamente foram arranjadas e acompanhadas ao violão pelo diretor musical André Bedurê.
O experiente ator e cantor Edson Montenegro, que estava inquieto para falar sobre este momento, junto com a diretora Debora Dubois e o produtor Edinho (Brancalyone), deram os primeiros passos para que este projeto saísse do papel e começasse a ganhar vida. Respeitando as inquietações do ator e da equipe, a dramaturga Pricilla Conserva conversa com o momento difícil em que passa o mundo, dando voz ao invisível dentro de nós.
Na encenação a diretora coloca o personagem preso na sua “casa/estúdio” – toda branca, simbolizando o seu inconsciente, e com poucos objetos de cena; é lá que ele reflete sobre suas memórias, como uma válvula de escape ou uma saída para a sua alma; gravando numa câmera, ele fala sobre suas angústias e aflições, numa tentativa de ressignificá-las e elaborá-las na esperança de que a gravação encontre os seus interlocutores.
Houve entre ator e diretora inúmeras conversas ao celular no desejo de realizar este espetáculo, e uma importante certeza: a presença da música e da poesia de Gonzaguinha, paixão dos dois artistas, que assim também poderiam homenageá-lo.
“Desde o começo, Edson se entregou profundamente a este trabalho; várias vezes ele fez questão de reforçar como era importante fazer um espetáculo solo como esse, naquele momento da sua vida, e sonhava com um espetáculo pocket que poderia ir se transformando no tempo e se apresentando Brasil afora. Nossa brincadeira interna era chamá-lo de “Nosso Falso Brilhante””, conta a diretora.
A diretora Débora Dubois e o produtor Edinho Rodrigues trabalham juntos desde 2010, e este é o décimo espetáculo da parceria sendo que, destes, quatro foram musicais de sucesso. O músico André Bedurê e Edson Montenegro trabalharam com a dupla de diretora e produtor em 2017, no musical “Roque Santeiro”.
“Porta Entreaberta” teve a honra de receber o prêmio Aldir Blanc e sair do papel, e assim ser produzido para dialogar de forma online e presencial com o público nesta fase incerta em que vive nosso teatro; a peça foi gravada no dia 20 de fevereiro e estava em processo de edição e finalização; porém no dia 12 de março o ator Edson Montenegro foi internado, vítima da Covid-19, e infelizmente não resistiu.
Sinopse
Dramaturgia – Porta entreaberta
Inspirada nas músicas de Gonzaguinha, a dramaturgia passeia pelas memórias de um homem refletindo sobre suas relações afetivas. Um monólogo de memórias suscitadas pelo período de confinamento em casa devido à pandemia, onde ele se vê diante de angustiantes lembranças e medos, memórias que passam pela infância, pela relação conflituosa com a família, a juventude boêmia e a mulher que fora (e ainda é?) o grande amor de sua vida, sua principal interlocutora. O personagem que se encontra nas músicas e se confunde com elas, evidencia a complexidade do ser humano, carregando consigo a esperança de melhores tempos.
Edson Montenegro (Rio de Janeiro, 28/10/1957 – São Paulo, 21/03/2021)
Formado em artes cênicas pela Escola de Arte Dramática, da USP, Edson Montenegro participou de várias novelas, séries, peças teatrais e cinema
Montenegro teve passagem pela TV Cultura como apresentador do programa Zoom. Na televisão, também atuou em novelas como Apocalipse (TV Record, 2017), Cúmplices de um Resgate (SBT, 2015) e da minissérie, Metamorphoses (2004), Marcas da Paixão (2000), além dos seriados Sandy e Junior (Globo, 1999-2002) e de uma participação em Você Decide, em 1997. Dona Flor e seus Dois Maridos (TV Globo, 1998) e das novelas Antonio Alves Taxista (SBT, 1996), Xica da Silva (extinta Manchete, 1996-1997)
No teatro, participou de muitos espetáculos, dentre eles “Hair” (1993), Histórias de Nova Iorque (1994), Gilgamesh (1995), “Não Escrevi Isto” (1999), Roque Santeiro (2017) e Aparecida, um Musical (2019) “A Senhora de Dubuque (2007), Asfaltaram a Terra (2006), A Importância de Ser Fiel (2005), Otelo (2004) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
No cinema ele fez parte do elenco de Cidade de Deus (2002), e interpretou o pai de Buscapé, o protagonista do filme. A mais recente produção foi o personagem Jacob, no filme de “Coração de Leão – O Amor Não Tem Tamanho”, com direção de Alexandre Machado, uma versão brasileira da trama argentina.
Pricilla Conserva
Atriz e dramaturga, bacharela em Teatro pela Universidade do Estado do Amazonas, licenciada em Letras pela Universidade Federal do Amazonas, cursando especialização em Gestão Cultural: cultura, desenvolvimento e mercado, pela Universidade Senac. Integrante do grupo Garagem, atua também em trabalhos de outras companhias.
Debora Dubois
Diretora que em mais de vinte anos vem trabalhando a inserção da música brasileira no teatro, sempre à procura de novos autores e do resgate de outros dramaturgos significativos. Com mais de 30 espetáculos no curriculum – muitos dos quais receberam importantes prêmios e indicações – trabalhou com grandes atores da cena teatral brasileira, como Renato Borghi, Mel Lisboa, Cássio Scapin, Léonardo Miggiorin, Marcos Damigo, Luciana Carnielli, Vanessa Gerbelli, Jarbas Homem de Mello, Amanda Acosta e Flavio Tolezani. Nos últimos 9 anos teve o músico e compositor Zeca Baleiro como parceiro na empreitada de unir música e cena nos palcos. Em 2004 foi convidada para representar o Brasil no Teatro della Limonaia em Firenze, Itália.
André Bedurê
Baixista, violonista, cantor, arranjador, produtor musical e compositor.
Em quase 40 anos de carreira, acompanhou diversos nomes importantes da cena musical brasileira, tais como Cauby Peixoto, Ângela Maria, Agnaldo Timóteo, Maria Alcina, Baby do Brasil, Itamar Assumpção, Simone Mazzer, Rubi, Rita Benedito e Kléber Albuquerque, Tulipa Ruiz, Zeca Baleiro, entre outros.
Nos anos 90, fundou a banda Mandabala, que acompanhou Zeca Baleiro por oito anos em turnês pelo Brasil e pela Europa, participando de seus dois primeiros CDs. Ainda hoje são parceiros: André produziu faixas de seus últimos CDs (“Era Domingo” e “Arquivo raridades”), participou do musical “Roque Santeiro”, com direção musical de Zeca (e direção cênica de Débora Dubois) e juntos compuseram a canção “Na Quitanda”, gravada por Zeca no CD “Coração do homem-bomba”.
Produziu CDs de diversos artistas, como “Negra Melodia”, da cantora Zezé Motta. Dirigiu a coleção do selo Lua Nova em homenagem aos 100 anos de artistas consagrados do Brasil, entre os quais Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho, Luiz Gonzaga e Adoniran Barbosa, sendo que este último ganhou o Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria “Projetos Especiais”.
Atualmente, acompanha o ator e cantor Gero Camilo no show “Alucinação”, em homenagem a Belchior. Já lançou dois CDs e contou com a participação de Luiz Melodia em um deles (“Saudosismo”, 2009).
Ficha Técnica
Texto: Pricilla Conserva
Direção: Débora Dubois
Elenco: Edson Montenegro
Arranjos e direção musical: André Bedurê
Cenografia: Espaço 2c, Atuacena Estúdio Cinematográfico
Adereços e figurinos: WS Cenografia
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Vídeo: Junae Andreazza e Yllan Carvalho
Administração: Thiago Marchine
Assistência de Produção: Vanessa Campanari e Fabrício Sindice
Direção de produção: Edinho Rodrigues
Realização: Brancalyone Produções
Serviço
Temporada: dias 15, 16, 17, 22, 23 e 24/04 sempre às 19h30.
Ingressos pela plataforma Sympla. Gratuito.
Duração: 25 minutos
Classificação etária: Livre