Última inquietude de um ser
Ella Dominici: ‘Última inquietude de um ser’
(Homenagem ao desassossego de Pessoa)
Trovoadas!
Este ar baixo em nuvens paradas como vidas
azul do céu, lavado anil em branco transparente
manchas de um chumbo surgem engrossando o quadro,
tomando o pincel do calmo artista, que se enfurece.
Som gélido entrecortado por cubos de vidro, escorregadios,
se soltaram das mãos que não suportavam o grito do destino
Tudo era silêncio antes das trevas assustadas
pelo rabisco com voz- de- sísmico . Lenda do carvão?
encarnada trovoada nos raios-coração
Lá, fora da caixa celeste, os sons foram picotados,
pendiam pilotados como em nave às cascatas
‘Estridentezinhos’ ou em placas de metálicas gotas
Tudo rápido como um repente das lonjuras não recentes,
enquanto num suspender cósmico de respirações
um temor como em dias de ares fantasmas,
um prolongamento de ondas sonoras enchiam os pulmões
e se extinguiam em forma de suspiros, que eram
acompanhados de leves gemidos do peitoral do homem
Tudo é silêncio no crespo coração, que dos trovões se arrebentou
em molas que imolaram ânimo
Somente o sentimento do fomento findando na ansiedade dos momentos,
onde enrolados entre si, misturavam voltagens em eletrizante alma
O anúncio do breve é súbito trágico,
Que humano apaixonado drasticamente me sinto, quando,
Eu, limpo do céu inquieto , dissolvendo o Ser em desafeto
Na próxima paisagem me sossego
Ella Dominici