O que vejo? Reflexo meu no espelho As marcas de toda uma vida Sorrisos, lágrimas Chegadas e partidas Embutidas numa imensidão. Encontrei pedras E muitos rios Pelo caminho Em minha jornada Até aqui. Na vastidão de palavras Não consigo decifrar O relógio do tempo Seria uma forma distante de me autopunir?
Caminhos de doçura Buquês de ânimo, Punhados de gratidão.
Suaves brisas frescas de esperança. Céu azulado nutrido de recomeços Colhem belos sorrisos de amplidão. Contínuos ramos de vontade trazem Alegrias para residirem no coração.
A cada dia, agradeço sorrindo, Os momentos tristes, deixo pra trás. Em cada passo, meu ser se transforma, Em calma e em paz.
Os dias se vão, mas os sentimentos persistem, Em alegria os felizes se tornam, Olho para trás e vejo a jornada caminhada, Nuvens escuras, agora, não me assombram mais.
Apenas a alegria se faz presente, Agradeço pela luz do novo dia, Sorrisos e lágrimas, juntos, vividos, Com gratidão, em cada harmonia.
Agradeço pelas conquistas alcançadas, Pelos filhos, pelo lar tão amado, Mas acima de tudo, ao meu amor dedicado, Em cada verso deste poema declamado.
Para não atravancar as linhas dos sorrisos Nos desvãos do caminho, semeando rima Na rua dos cataventos, brincou de ser pipa Andanças distraídas, de sapatos floridos
As torres de babel não alcançam o paraíso Monstros de marfim paralisando as retinas Os céus se reabrindo na poesia desmedida Poemas abrem janelas para pulmões aflitos
O tic-tac que domestica os nossos esforços Costura mortalhas fantasiadas de deidades E na montanha de Sísifo rolamos os corpos
Quintanessência de uma vivaz simplicidade Matinal luz de esperança descerrando olhos No espanto do saber, nossa genuína liberdade
Márcia Nàscimento: Prosa poética ‘Minha outra parte’
Por séculos à procura de ti, tentando compreender tamanha dor e desatino, e em busca de um amor que fosse além daquilo que a fragilidade humana consiste, minha alma errante buscou por este amor que transcendesse o que há neste universo infinito, um amor que fosse capaz de preencher os espaços tão vazios, aqueles deixados pelos destroços dos sentimentos massacrados e sofridos.
Onde tu estavas?
O solo fértil do meu jardim secreto e sagrado, apesar de ser regado com tantas lágrimas, estava se tornando árido e ressequido pela falta da chuva de bençãos que o amor da outra parte é capaz de produzir em nós!
Chuva, raios, trovões, temporal e tempestades, erupção, rios de água viva que correm e transbordam na imensidão deste amor…
Energia que percorre desde a planta dos pés e trespassa a coluna passeando por todo o corpo quando em teus braços eu me encontro, perdendo desta maneira a noção do tempo e da hora, do sagrado e do profano, dos meios termos e desenganos, da perdição e redenção, daquilo que somente um coração que muito ama é capaz de traduzir em chamas que consomem e ardem sem se ver.
Um amor por toda eternidade, que vai além de tudo o que se possa imaginar, porque encontrou no outro a sua própria verdade, sua metade, simplesmente a outra parte, que não se compra e não se vende, que simplesmente ama e entende, que jamais se faz ausente, porque depois de si mesma a outra parte é a sua prioridade, dia e noite, noite e dia e que espera ansiosamente pelo limiar da aurora, para que possas saber como foi a noite de tua estrela guia, tua outra parte, tua menina…
O amor que sabe esperar; sabe compreender e se alegrar com a felicidade de tua outra metade, tua outra parte. O sentimento que não é de posse, mas sim da certeza de sua singularidade, tão tua, somente tua, o halo de luz a iluminar a escuridão das noites escuras que insistiam em prevalecer ofuscando o brilho da mais profunda essência do ser.
O ponto luminoso acima do teu ombro esquerdo e de toda luz que irradia de dentro do teu peito; trazendo a certeza no reencontro que trouxe tanta alegria sem nenhum discernimento, simplesmente o reconhecimento de tua outra parte.
Só quero saber o quanto cabe em ti, de sorrisos e estrelas e a imensidão que existe acima de nós, meu céu e estrelas, meu amado, que me reconheceu e me ensinou o quanto eu sou capaz de amar em veracidade, minha outra parte!