A Prece da CAOP

Ismaél Wandalika: Poema ‘A Prece da CAOP’

Soldado Wandalika
Soldado Wandalika
Imagem de um africano fazendo um prece, feita por IA
Imagem gerada por de IA do WhatApp – 29 de outubro de 2024, às 21h

Palavras anunciam favores
Entre as súplicas que abraçam as dores
(…) Seu clamor traz ritmo de fervores
(…) Lá vai a sua voz (…) navegando na labuta dos dias incolores.

Contra os passos caminha
Observa a jaula sombria
No seu íntimo atiça a coragem e #desatina

A vida assobia ao seu ventre
Sua veste cobre a mudez do seu medo
Come no prato da lembrança
Nostalgia de ver sua casa cheia…
Hoje vazia e carente de tudo, de mundo e conteúdo
Já não há crianças nesse rua…

Cai a noite e passamos em claras
Não há planos estratégicos só a subidas e descidas nestas esquinas
A vida é um milagre nestas vias …

Coração descompassa na órbita do tempo
Enfastiado com a monotonia
Lançamo-nos na tela
Para vermos se #Nzambi nos olha
E a tropa muda o rosto da #bandola.

Soldado Wandalika

Glossário

Desatina (correr, fugir mudar de rota) expressão antigamente usada como calão em Angola mas que entrou em desuso..

Bandola – do calão angolano significa favela, bairro…

Nzambi – Deus na língua nacional kikongo, e outras línguas como Quimbundo.

CAOP – situa-se em Angola Viana, uma zona muito perigosa e de difícil acesso. Distante das vivências do centro da cidade, CAOP é uma designação para identificar as CAP A, B, C, & D.

Labuta – prelios da vida, trabalho pesado e cansativo, pela já, luta.

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Nunca mais

Paulo Siuves: Poema ‘Nunca mais’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
“Escrevo E-cartas com súplicas e clamor…”
Imagem criada pelo IA do Bing

Eu a amei, recuso-me a dizer: Nevermore!
Escrevo E-cartas com súplicas e clamor,
Nessa solidão, minhas fúrias com primor,
Revejo fotos, tudo em mim é rememore.

És a ave que grita do busto: “Não demore?”
Nunca mais vou viver com medo, sem cor,
Que me negues o beijo que causa tremor,
Um jovem que toca o seio e se enamore.

Converso com a ave, ela espera que eu melhore,
E faça uma nova poesia, que só piore,
Teço linhas recheadas do mais puro fervor.

Dediquei palavras, com o mais puro amor,
Dos negros cumes, profundos céus, meu temor,
Nevermore, meu luto eterno, que apavore.

Paulo Siuves

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