Coqueiro solitário
Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Coqueiro solitário’
Nas calmas tardes de estio
ao rumor da brisa fria
às margens do rio,
um coqueiro sorri majestoso.
Na sombra,
o balanço da rede.
Na areia branca,
sonhos que o amor assistiu
nos versos
da minha/da tua canção.
Sopra o vento,
baila no tempo em lentidão.
Folhas que se entrelaçam
e nos trazem lembranças,
nas tardes sombrias
onde canta o sabiá…
Nas sombras da vida,
espreita o deslizar das águas
e o ir-e-vir de barcos.
E, num véu de areia,
o sol se esconde,
a nuvem passa…
Nas manhãs de inverno
o coqueiro balança ao vento,
às vezes chora,
açoitado pelo tempo,
maltratado pelo acaso.
Nas tempestades,
o silêncio impera.
Ouve-se o murmúrio das ondas
fragmentadas nas dunas, no cais.
E a ventania, a retorcer suas palhas
sussurrantes,
que balançam e tremem o velho coqueiro,
que, contudo, não teme, enverga, mas não cai,
ao furor dos solavancos dos ventos
da morte e da solidão.
Ceiça Rocha Cruz