Comportamentos assertivos
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:
‘Comportamentos assertivos’
Parece ponto assente, praticamente consensual, que terá de ser pela educação, pela formação, pelo trabalho e pela democraticidade das mentalidades e comportamentos, que se poderá chegar, sem utopias, nem demagogias, a uma sociedade mais justa, precisamente, aproveitando o lado positivo do acelerado progresso, quer no quadro científico, quer no domínio das novas tecnologias; aliás, toda a penosidade, que certos trabalhos provocam na pessoa, pode (e deve) ser eliminado pela tecnologia, libertando o ser humano, para tarefas compatíveis com a sua dignidade e escala axiológica. Com efeito, trata-se de uma ambição, legítima.
CIDADANIA, SOCIABILIDADE E COMUNIDADE, são algumas das muitas dimensões em que o ser humano desenvolve a sua vida, embora nem sempre com os melhores resultados, no sentido da harmonia e do bem-estar geral da população. Vários podem ser os fatores que dificultam as estratégias e afetam, negativamente, as possibilidades de se alcançarem os objetivos, destacando-se a faculdade comunicacional, quando mal utilizada.
Por isso, afigura-se consensual, que só a partir de um entendimento correto, utilizando-se uma linguagem rigorosa, verdadeira e assertiva, será possível às pessoas compreenderem-se, lutarem por uma sociedade mais humanizada, menos materializada, equilibradamente civilizada e culturalmente tolerante.
No estádio de desenvolvimento, em que já se encontram as sociedades modernas, muitas comunidades, pequenas vilas e aldeias portuguesas, vai sendo possível, para além de tornar desejável, o envolvimento das principais e, eventualmente, mais representativas instituições das populações: família, escola, Igreja, poder político, aos mais diferentes níveis, aqui interessando o poder político local democrático, as empresas e associações de diversa natureza.
Se todos, a começar no cidadão enquanto tal, na sua dignidade de pessoa humana, adotarem uma nova filosofia de vida, no domínio da comunicação assertiva, então será relativamente fácil e gratificante, uma vida comunitária verdadeiramente pacífica, harmoniosa e tolerante. Uma das perspetivas, neste âmbito, revela, justamente, o caminho a seguir. Pensa-se que numa sociedade que se deseja civilizada, praticando os mais genuínos valores da pessoa humana, objetivamente, a virtude.
Fica, assim, esclarecido que a metodologia para se viver em sociabilidade comunitária, nos valores da cidadania plena, num regime democrático, passa pela comunicação, verbal e não-verbal, entre todos os membros da comunidade e, depois de consolidada a assertividade comunicacional, avançar-se-á para todo um comportamento assertivo, limpo, transparente, sem ódios nem perseguições, sem favoritismos para uns, contra a marginalização de outros, sem discriminações negativas, valendo as ideias, os projetos para avaliação da comunidade.
O exemplo deste comportamento assertivo, numa comunidade socialmente coesa, parte (deve partir), imperativamente, de todas as pessoas que ocupam quaisquer funções na sociedade: políticas, religiosas, educativas, empresariais, familiares, associativas, institucionais. As responsabilidades, primeira e maior, cabem a todo o cidadão: com poderes executivos, de decisão, de verificação e controlo.
Não podem estes cidadãos, em circunstâncias normais: trair os mais elementares princípios da ética social; não podem deixar de exercer as boas-práticas no domínio dos mais profundos e consuetudinários valores; não podem aproveitar-se da posição que, generosa e honestamente, lhes foi conferida pelo voto popular, de uma maioria comunitária que neles confiou.
Criar as condições para que, nas pequenas, e/ou grandes localidades, se instale um ambiente social humano e cívico, que permita a cada cidadão manifestar-se, assertivamente, sem ter que recear represálias, sem estar preocupado com o que possa vir a acontecer, a si próprio, e/ou aos seus familiares.
Enfim, um clima de total confiança, de segurança e credibilidade das instituições, fé quanto às garantias dadas pelos responsáveis, no sentido de que o que é programado, divulgado (prometido) é mesmo para se fazer, sempre em benefício da população anónima que, em última análise, deverá ser a razão das intervenções públicas, para que se instale, definitivamente, a sociabilidade comunitária, num contexto de cidadania plena, no quadro do regime da democracia representativa, naturalmente, com destaque para o Poder Local Democrático.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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