Um Natal diferente

Verônica Moreira: ‘Conto ‘Um Natal diferente’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
Crédito da Imagem Verônica Moreira
Crédito da imagem: Verônica Moreira

Em um tempo distante, o Natal era diferente. Claro, havia luzes vibrantes, coloridas e florescentes.

As casas eram todas enfeitadas com pisca-piscas; até as casinhas mais humildes brilhavam na noite de véspera de Natal.

Nosso Natal era mágico; mesmo na simplicidade, nossos presentes eram entregues após a meia-noite.

Estou falando do Natal da Vekinha, na lembrada rua do sapo.

Não havia hienas e rouxinóis, mas havia muita diversão com os coleguinhas da vizinhança. Havia também a tia Margarida, que não era uma flor, mas parecia uma. A vó Cirene, que não era Cirene, mas despertava todos com seu amor e seus doces de coco e amendoim cortados em triângulos na antiga mesa de madeira, usada desde os tempos em que meu avô Joaquim era comerciante em Guiricema. E como esquecer da tia Tonha, que adorava encerar o piso da casa para o Natal? A casa ficava cheirosa e bonita, parecia uma casa de bonecas. O chão vermelho e espelhado era, para mim, o mais bonito de todos.

Uma das lembranças que ficou na memória foi o “puxa-puxa” que a tia Tonha fazia no fogão a lenha da varanda. Eu ficava ali, admirando e esperando o ponto perfeito. A tia sempre jogava uma colher da mistura em um copo d’água e, dependendo do ponto, ela nos dava aquela balinha para chupar. Depois de provar aquele doce perfeito, eu corria para a sala e balançava na cadeira de balanço do vovô Joaquim. Ele, sentado na sala, ligava a vitrola antiga, tocando os discos que ele gostava. Uma das canções que nunca esqueci era “Filme Triste” de Sueli, que contava a dramática história de um namorado que, dizendo que estava cansado e dormiria mais cedo, foi ao cinema com outra garota. A mentira foi descoberta quando a namorada apareceu com algumas amigas. Até hoje lembro de ouvir essas canções por horas.

Os primos vinham de outras cidades para passar o Natal todos juntos na casa de minha avó, e era um verdadeiro alvoroço. A casa era pequena, mas parecia o coração de mãe, sempre cabia mais um. E éramos felizes assim. Além das guloseimas que a vovó fazia, adorávamos o cheirinho do café torrado e moído na hora. Acho que não existe café tão gostoso como o de antigamente.

Na véspera de Natal, em minha casa, meu pai e minha mãe iam para a cidade comprar presentes para meus irmãos e para mim. Ficávamos ansiosos esperando sua chegada, mas até que a gente não dormisse, eles não colocavam os presentes na beirada da cama. Eu ficava sem conseguir dormir, de tanta ansiedade, mas fingia que estava. Quando finalmente vi que eles haviam colocado meu presente na cama, sorria e continuava sonhando sobre o que poderia estar dentro daquele saco de presente. Acabava adormecendo em meus sonhos, e no outro dia era uma festa! Cada um abria seus presentes. Nesse Natal, eu ganhei uma boneca “Quem me Quer”. Minha irmã mais nova, a Chelzinha, ganhou uma boneca “Emília”, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, minha irmã mais velha, a Cicinha, ganhou um “Boca Rica”, e meus irmãos ganharam carrinhos e bonecos de super-heróis. Nosso Natal foi uma verdadeira festa; brincamos muito.

Ao final, íamos todos para o quintal e refletíamos sobre como é importante ter uma família. Percebíamos que o Papai Noel não é um velhinho de barba branca que sai por aí distribuindo presentes. Ele é apenas um personagem que enfeita ainda mais o nosso Natal, porque o verdadeiro Papai Noel é o nosso papai e nossa mamãe, que, muitas vezes sem poder, fazem o possível para tornar o nosso Natal mais alegre.

Vivi muitas aventuras natalinas com minha família e, neste Natal, desejo que todas as crianças ganhem presentes, mas, acima de tudo, que amem suas famílias e compreendam o amor que transcende qualquer presente. O amor do papai, da mamãe, do vovô e da vovó, enfim, de toda a família. Porque, mais importante do que os presentes, é a presença daqueles que amamos. A Vekinha deseja um feliz Natal para todas as famílias do Brasil e do mundo inteiro. Feliz Natal! 💝

Verônica Moreira

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Vekinha em … Feliz Natal!

Verônica Moreira: Prosa poética ‘Vekinha em… Feliz Natal’

Verônica Moreira
Vekinha em... Feliz Natal!
Vekinha em… Feliz Natal!
Imagem por Verônica Moreira

Olá crianças…
Eu sou a Vekinha e vim aqui para compartilhar com vocês um Natal dentre tantos outros que foi muito especial para mim.

Natal é sempre um tempo de muita alegria e diversão e quando eu era bem pequena, eu sonhava com o Papai Noel descendo pela chaminé, trazendo muitos presentes.

Mas, eu morava numa casinha muito humilde que não tinha chaminé e como nos filmes, aquelas lareiras com botinhas de Noel penduradas para enfeitar o Natal das crianças.
Bom… mas isso era coisa de filmes e eu comecei a sonhar com o que realmente seria possível acontecer para facilitar a entrada de Papai Noel na minha casa.

Conversei com minha mãe; _ Acho que papai Noel não vai querer entrar na nossa casa, mamãe.
_ Por que você diz isso, Vekinha?
_ Na nossa casa não tem chaminé e nem lareira, mamãe!
Foi então que minha mãe me contou toda verdade…
_ Filha, você precisa entender, que papai Noel nem sempre vem pela chaminé, ele às vezes vem de bicicleta, vem andando a pé, vem de ônibus e de avião também, muitos vem até a cavalo e carroça, nem sempre é de trenó.

Há papais noéis espalhados por todo canto do mundo, alguns são ricos, outros são pobres, e muitos nem têm dinheiro para comprar presentes, mas eles sempre dão um jeitinho para conseguir presentear suas crianças e as pessoas amadas.

O papai Noel é o papai e a mamãe de todas às crianças do mundo e eles sempre trazem presentes no Natal.

Minha mãe realmente conseguiu me acalmar e eu passei a ter certeza de que o papai Noel traria o meu presente tão esperado!

Sabe o que pedi de presente de Natal?
Pedi uma boneca “Quem me Quer” e, adivinhem!
Eu ganhei!
Minha mãe me explicou que o papai Noel viria quando eu menos esperasse e eu acabei dormindo. No outro dia, bem cedinho, quando acordei, lá estava do meu lado à boneca que eu tanto queria!
Agradeci muito a Deus e a minha mamãe e papai, afinal, eles quem compraram o meu presente de Noel.

Verônica Moreira

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Verônica Moreira: 'Vekinha em: O mistério do coco'

Verônica Moreira

Lá vem Vekinha, toda saliente!
Descendo o morro dos Miranda
De longe, ouve cantar uma ciranda
Apressa os passos e acena, alegremente!
Ela conhece toda gente!

Seu Zé da vendinha
Ernestina a vizinha
Chiquinho o padeiro e
Miraldo o leiteiro.

Vequinha é amiga de todos e
Vive fazendo perguntas.
Menininha curiosa!
Tudo para ela é um mistério
Inclusive o perfume da rosa.

Dona conceição, sua mãe, pediu que
Vekinha fosse ao mercadinho para
Comprar coco novo para ralar e fazer
Uma deliciosa cocada mineira.

Vekinha vai ao mercadinho
Que fica na rua ao lado.
Volta de lá com o coco na mão, tão pensativa essa menina!
E para a irmã ela logo pergunta:
_Cicinha! Responda-me uma perguntinha?
A irmã mais velha diz:
_Diga logo menina!
Vekinha conclui dizendo:
_Como é que a água entra dentro do coco?
A irmã, surpresa, ri e diz:  – Mas que menininha bobinha!
Vive falando abobrinha!
Pra que fazer tanta pergunta?
Vekinha diz cabisbaixa:
_É só curiosidade, uai!
Você não vai me responder?

A irmã Cicinha dá um suspiro, como se estivesse cansada e diz:
_Vekinha! Você já viu uma palmeira, igual aquelas lá da Catedral?
Vekinha diz: _ sim, eu já vi!
A irmã continua com a explicação:
_Então! A água da chuva que cai molha a raiz das palmeiras,
Levando água pra dentro do coco, por isso o coco tem tanta água!

Vekinha, muito inteligente e não convencida da resposta da irmã,
Retruca, nada contente com a explicação e diz para a irmã:
_Cicinha! Já que é assim, a pergunta agora será diferente.
Nunca vi palmeira dar coco, explica isso pra gente!

A irmã encabulada diz:
_ você está certa!
Não é palmeira, é coqueiro!
Errei porque eu tinha pressa
Em você me deixar quieta.

Vekinha, muito intrigada sai dali, decepcionada.
Minha irmã não sabe de nada!
E o mistério do coco, continua!
Vekinha, pensa um dia encontrar a resposta
Mas a natureza é mesma cheia de mistérios!
Somente o Criador tem todas as respostas.
Os cientistas estudam tudo e muito aprendem,
Mas, os mistérios da criação somente o Criador entende.

 

Veronica Moreira