Por todas às vezes que eu quis ficar, florescer e desabrochar, onde não havia espaço suficiente para que meus valores se expandissem.
Por todas às lágrimas que derramei, por ter que sair de fininho de lugares onde pensei que pudesse plantar o meu jardim.
Pelas tempestades que enfrentei, dentro e fora de mim, confesso, quase me entreguei ao triste fim.
Pelas inúmeras vezes que meus versos ficaram guardados, por eu não ter tido coragem de mostrá-los ao mundo, temerosa com os julgamentos.
Por todas às vezes que eu disse sim, querendo dizer não.
Pelas vezes que me entreguei inteiramente a pessoas que não mereciam minha atenção.
Por todo esforço que fiz para agradar pessoas que, no final, só me fizeram mal.
Eu me perdoei.
Me perdoei, por saber que sempre dei o melhor de mim e independentemente de qualquer situação desgastante que eu tenha me sujeitado, eu pude entregar o melhor de mim; o melhor sorriso, os melhores abraços, o melhor olhar e a minha melhor forma de amar.
Por essa razão, hoje posso recomeçar, pois eu me perdoo.
Verônica Moreira: Crônica ‘Amor ou Conto de Fadas?’
O amor não pode parecer um conto de fadas, embora desejaríamos que fosse como tal. Afinal, os contos de fadas mostram um amor colorido e cheio de encantamentos, como se os apaixonados não tivessem que fazer mais nada na vida, a não ser beijar e olhar nos olhos trocando juras de amor.
Mais do que troca de carícias e desejos latentes amar é uma responsabilidade com a felicidade do outro e da gente, bem como a felicidade daqueles que amamos, caso contrário, o nosso amor passa a ser egoísta.
Quando existe amor a gente renuncia a algumas regalias, tudo para agradar o outro, mas não pode ser o tempo todo! Renunciar a algumas coisas, e não a todas as coisas! O amor é uma por meio da qual todos devem sair ganhando e não apenas um.
Vejo o amor assim… Hoje a gente viaja para o Rio, porque um de nós deseja conhecer o Cristo Redentor. Mas na próxima viagem, a gente vai para Rio Preto, porque um de nós ama História. Dessa forma, a gente se satisfaz, zela pelos sonhos e desejos um do outro.
Assim, construímos pontes e histórias lindas de vida. Vamos viajar para dentro de nós mesmos e tentar encontrar lá dentro um lugar especial que caiba o sonho do outro também. Afinal, o amor não é um conto de fada como muitos idealizam. O amor é um conto real que muitos entendem somente após viverem muitas desilusões.
No momento, só quero uma casa grande na montanha. Aconchegar-me numa rede de barbantes. Pendurá-la na varanda, deitar, dormir e sonhar.
Eu quero uma varanda bonita, com muitas samambaias para enfeitar os cantos. Quero um pote de mel com flores para alimentar meu beija-flor do sonho.
Na casa, eu gostaria também que houvesse na parede da frente uma parreira de maracujá, para relembrar os velhos tempos em que viviam as abelhas a fazer zumbidos na janela.
Se possível, quero margaridas plantadas perto da calçada, para que o cenário fique encantador como era antes de eu ser toda feita de inverno.
Não se esqueça de aguar as plantas e alimentar os cachorros quando eu não estiver em casa, eles precisam viver como nós.
Quando voltar do trabalho, traga-me o pão, enquanto adianto o café, a água já está no fogo e logo deixarei a mesa posta.
Pensando bem, eu preciso dormir mais um pouco. Por favor, entre sem fazer barulho, pois estarei dormindo. Espere o despertador tocar e me acorde com beijos no pescoço e aquela bandeja azul com minha xícara preferida, e lembre-se: o café não deve estar muito doce e deve soltar fumaça. Amo o café feito por mãos amáveis, porque eles tendem a ser muito mais fortes e deixar-me muito mais ativa.
Na realidade, eu queria reviver todas essas memórias, e depois partir para longe daqui para buscar um lugar fora de mim.