Coisa que só eu ouço

Paulo Siuves: Poema ‘Coisas que só eu ouço’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem criada por IA do Bing – 08 de julho de 2025, às 19:30 PM

Sempre vi o frio
como poesia sazonal.
Ele chega devagar,
no começo do outono,
cortante e sussurrante —
um frio que as pessoas desprezam,
até que percebem
que não era só um ventinho qualquer,
mas um inverno disfarçado.

De manhã,
o frio contrasta com o brilho generoso do sol,
mas é um brilho gelado,
como o da luz acesa da geladeira —
presença sem calor.

À tarde,
o vento sopra na minha orelha
frases que ninguém mais escuta.
Os outros correm pela avenida,
com seus fones de ouvido,
seus compromissos,
suas camisetas de verão.
E eu,
me encolho
num frio que castiga
os mais frágeis do que eu
— e às vezes, sou eu quem é.

À noite,
um mingau, um caldo,
ou um vinho encorpado,
tinto generoso como as estrelas
que brilham de longe,
trazem algum alento.

Os tecidos de algodão
tentam, em vão, proteger minha pele
desse poema gelado
que o frio insiste em declamar
na minha orelha.

E eu me recolho,
em silêncio,
sob o abrigo dos cobertores,
porque o frio —
o frio não é psicológico, coronel.

Ele só gosta de fingir que é.

Paulo Siuves

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Um brinde, com vinho!

A elegância da poesia de Fabíola Fabrícia versejada em vinho

Capa do livro Vinho Poíesis, de Fabíola Fabrícia
Capa do livro Vinho Poíesis, de Fabíola Fabrícia

A poetisa, professora e escritora Fabíola Fabrícia lança o seu sexto livro e traz como temática principal o vinho, uma bebida muito apreciada pela autora, que tem o vinho como uma das suas inspirações, pois, segundo ela, remete a boas reflexões.

Em Vinho Poíesis, poesia bilíngue português/inglês, o vinho vira poesia e aguça a imaginação dos leitores da poetisa, que escreve o cotidiano de uma maneira simples, harmônica e inteligente. Fabíola Fabrícia apresenta poemas maduros que nos recordam situações do dia a dia, junto a uma boa música, regada a vinhos oriundos de países como França, Portugal e Argentina.

Para Fabíola, o vinho é uma bebida completamente sensorial, que compõe uma harmonia capaz de oferecer experiências fantásticas no cotidiano de quem aprecia. A poesia e o vinho têm um entrosamento único que nos faz mergulhar em uma narrativa repleta de efeitos. Cada cálice degustado, traz consigo histórias, reminiscências de um tempo engarrafado em memórias, sentimentos e aromas que ultrapassam gerações. O vinho é um verdadeiro cúmplice das emoções humanas. Vinho é poesia, e cada rótulo nos oferece uma singularidade de sabores e sensações.

Os poemas de Fabíola são uma verdadeira viagem cultural, e, além dos vinhos, seus versos fazem alusão à música cubana, estadunidense, francesa, argentina e erudita.  Os poemas presentes na obra relatam acontecimentos que vão além do infinito da imaginação, manifestando-se em textos curtos, característica que predomina na função de linguagem da sua poética.

Serviço

Obra: Vinho Poíesis

Autora: Fabíola Fabrícia

Editora: Delicatta

ISBN: 978-85-8421-276-7

Preço: R$ 40,00

Sobre a autora

Fabíola Fabrícia
Fabíola Fabrícia

Fabíola Fabrícia é professora graduada em Letras Português/Inglês e Respectivas Literaturas e Pós-graduada em docência do Ensino Superior.

Publicou: Escritos Morgados (2017); Reflexões Poéticas c/ Antonio Lima Martins (2018); Poesia, literatura de ideias – Poetry,literature of ideas – bilíngue português/inglês(2019); Lili Brownie- Infantil – edição  bilíngue português/inglês(2021) e Alarido Poíesis- edição bilíngue português/espanhol(2023), Vinho Poíesis – edição  bilíngue português/inglês (2025). 

A autora tem participações em diversas antologias nacionais e internacionais. Foi convidada a apresentar os seus livros na Feira Virtual Internacional Del Libro Centro América, Peru, Chile e Argentina, entre outras.

Rede Social da autora: @fabi.poetry 

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Ela

Nilza Murakawa: Poema ‘Ela’

Nilza Murakawa
Nilza Murakawa
Ela – Pintura a óleo por Nilza Murawawa

Ao voto
Ao vinho
À vela
Ao veludo colado
Numa camisa de Vênus
Ela disse sim

À cama
Ao coito
À cruz
Ao coro ensaiado
Em vitrais e versos
Ela disse sim

Ao beijo
Ao barro
Ao berro
Ao buquê roubado
De um jardim qualquer
Ela disse sim

Ao filho
À fé
À farda
Ao fruto adocicado
Entre quatro paredes
Ela disse sim

Aos sinos
Aos sonhos
À sobremesa
Ao soneto sussurrado
Ao pé do ouvido
Ela disse sim

À louça
À lua
Às letras
Ao lobo domesticado
Com novelos de lã
Ela disse sim

Aos pelos
Às plumas
Ao azul-operário
Ao santo enfeitado à mão
Em plena segunda-feira
Ela também disse sim

Mas quando ela diz não
É não!

Nilza Murakawa

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Os olhos do viajante da destruição

Clayton A. Zocarato: Poema ‘Os olhos do viajante da destruição’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
"Ver o futuro no caldeirão da bruxa não passa de charlatanismo em negar o próprio destino,..."
“Ver o futuro no caldeirão da bruxa não passa de charlatanismo em negar o próprio destino,…”
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

Ver o futuro no caldeirão da bruxa

Não passa de charlatanismo

Em negar o próprio destino

Bebendo um doce vinho tinto

Perante uma lareira contemplada

De anjos e demônios

Que decidem o destino dos mortais

Nas geleiras do terror de Qal Sisma*

O dragão Atarka*

Derrete a esperança

De viajantes do Além

Que surgem nas mentes dos mais incrédulos

Voando por um materialismo

Nem um pouco justo

Se zangando de tudo e todos

Tanto Deus como Zeus

Fizeram breus

De seus camafeus

Na preciosidade de um tempo eterno

Caminhando por pinheiros carregados

De um flagelo

Com um futuro nada paterno

Dialogando com um passado materno

Encarcerado no mais profundo

Dos infernos

*Atarka – Nas cartas do jogo Magic: The Gathering representa um Dragão, que apavora as terras geladas Qal Sisma*, que não deixa de conter semelhança com o dragão do apocalipse bíblico.

Clayton Alexandre Zocarato

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O vinho

Isabel Furini: Poema ‘O vinho’

Isabel Furini
Isabel Furini
"no vinho permanece ativa a substância das uvas que deu origem aos sonhos de Dionísio e ao teatro"
“no vinho permanece ativa a substância das uvas que deu origem aos sonhos de Dionísio e ao teatro
Criador de imagens do Bing

no vinho

permanece ativa

a substância 

das uvas

que deu origem

aos sonhos de Dionísio

e ao teatro

no cálice

dormem a alegria

das uvas

e os risos 

nos lábios

o vinho acorda

o sabor do pecado.

Isabel Furini

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