Afinado com a tua ausência

Paulo Siuves: Poema ‘Afinado com a tua ausência’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem criada por Ia do Bing – 20 de junho de 2025, às 06:46 PM

Hoje o mundo acordou em tom menor menor.
Uma daquelas manhãs em que até os passarinhos
parecem cantar olhando ressabiados.

Abri o violão.
As cordas já sabiam teu nome —
foi só encostar que elas responderam,
num lamento manso,
quase gratidão.

Você não veio.
Nem carta, nem sinal, nem vestígio.
Mas senta sempre à minha frente
quando eu toco sozinho.

E eu me toquei —
no silêncio do quarto,
na calma do gesto que sabe a ausência,
um murmúrio íntimo,
um sussurro entre dedos que procuram.

Ela sai, desliza —
fantasma tênue, sombra leve,
zombando da solidão que me habita,
rindo entre os véus do silêncio,
um adeus que nunca se entrega.

É estranho…
tem dias em que tua falta soa afinada.
Como se tua ausência
fosse mesmo parte da canção.

E eu sigo compondo.
Não pra ser ouvido.
Não pra te alcançar.
Só pra manter tua sombra
ensaiando passos no compasso da saudade.

Paulo Siuves

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Pandorga

Paulo Siuves: Poema ‘Pandorga’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
"Uma pipa em forma de violão voando alto"
“Uma pipa em forma de violão voando alto
Criador de imagens do Bing

Eu tinha um violão 

Que era meu companheiro 

Era um violão velho 

Que eu ganhei do meu irmão.

Bleim, bleim. Bleim, bleim, bleim…

Que barulho é esse?

É meu violão que está desafinado

Mas eu não me importo, eu gosto assim

Eu fazia as minhas canções

Com palavras inventadas

Era uma língua estranha

Que só eu entendia

O que eu queria mesmo era voar

Como uma pandorga no céu

E ser feliz…

Mas eu não era feliz 

Porque eu não tinha amigo

Era só eu e o meu violão 

E a minha pandorga no ar

Paulo Siuves

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Noel Rosa e de todas as flores

Patrícia Alvarenga: Poema ‘Noel Rosa e de todas as flores’

Patrícia alvarenga
Patrícia Alvarenga

Saudades ainda sentem Lapa e Vila Isabel

De seu bandolim e de seu violão,

A seduzir a boemia que lhe tirava o chapéu,

Consagrando-lhe com extrema admiração.

Poeta das damas, do cotidiano e da Vila,

Que só buscava ouvir samba cativante,

Até o romper da madrugada aflita,

Como último desejo errante.

Noel Rosa e de todas as flores,

Músico companheiro do sereno,

Viveu a graça e a desgraça dos amores,

Nunca dando ao coração abrigo ameno.

Para quem sambar era chorar de alegria,

Viveu pouco para tanto feitiço e paixão.

Retratando os bares e as bossas com melodia,

Deixou legado que não tem tradução.

Patrícia Alvarenga

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