Intensidade do ser
Ella Dominici: Poema ‘Intensidade do ser’


Vulcão Interno Poético
Há poetas, e há vulcões.
Um difere do outro pelo fogo que habita as entranhas,
acendendo chamas nas palavras até queimar as próprias mãos.
Os olhos piscam — lânguidos, febris —
e esse gesto derrama-se em lágrima,
sal de um mar que não se apaga.
Ser poeta é arder sem aviso,
é deixar que a dor seja o combustível da beleza.
“Não há contenção possível quando a poesia decide nascer.”
ERUPÇÕES
Ainda há lava dentro de mim,
fermentando silêncio, desejo e memória.
O chão treme sob o peso das lembranças,
e o céu se inflama em nuvens rubras.
Cada suspiro é magma que se move,
cada lágrima é rio de fogo e água.
O corpo inteiro é cratera aberta
onde o tempo se dobra, incerto e impetuoso.
Não há repouso para a vida —
a erupção continua, invisível e viva,
nas veias do humano, na alma do mundo,
em todas as manhãs que ainda não nasceram.
E assim sigo,
entre cinzas e brasas,
esperando o próximo vulcão,
a próxima lava,
o próximo instante de fogo que me recria.

