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Carlos Carvalho Cavalheiro: '9 de julho'

Carlos Carvalho Cavalheiro: ‘9 de julho’

 

Os paulistas acostumaram-se com o feriado do dia 9 de Julho. Apesar de serem poucos os que sabem, essa data é a única que comemora uma “Revolução” (ou Revolta) que foi derrotada. Em 1932, os paulistas se ergueram em armas pressionando o governo do presidente Getúlio Vargas a dar ao Brasil uma Constituição. Desde novembro de 1930, depois da tomada do poder pelas forças getulistas, o Brasil era governado sem uma Constituição adequada aos novos tempos.

A elite política de São Paulo, ressentida de ter perdido o prestígio, encontrou no clamor pela constitucionalização a justificativa necessária para reaparecer no cenário e exigir a sua participação nas decisões políticas. Não deu certo e o governo federal reagiu e sufocou a revolta paulista que não conseguiu a adesão dos demais estados brasileiros. No entanto, após a derrota dos revoltosos, Getúlio Vargas anunciou a criação de uma Assembléia Constituinte que nos deu a Carta Magna em 1934. Durou pouco, pois três anos depois o mesmo Getúlio deu novo Golpe e instaurou o Estado Novo.

No entanto, algumas décadas antes, um fato ocorrido em São Paulo também marcou de maneira indelével a história paulista. Se a “revolução” de 1932 foi um acontecimento incentivado pelas elites políticas e econômicas, o outro evento traduz a luta dos trabalhadores pela conquista de direitos.

No dia 9 de julho de 1917, enquanto a Europa vivia a Grande Guerra e a Revolução Russa, no Brasil os trabalhadores de diversas categorias realizavam uma greve geral por melhorias de condições de vida e de trabalho. De acordo com a historiadora Christina Roquette Lopreato, no livro “O espírito da Revolta”, o dia 9 de julho amanheceu tenso. “Na manhã de segunda-feira, 9 de julho, policiais e grevistas entraram em choque nas imediações da fábrica de bebidas Antarctica, iniciando uma semana de trágicos acontecimentos. Praças de cavalaria, que faziam o policiamento no local com ordens de dispersar aglomerações, investiram sobre um grupo de operários, causando ferimentos…”.

Os conflitos se intensificaram naquele dia até que surgisse um mártir dentre os trabalhadores. O operário José Martinez, sapateiro, atingido por um projétil da arma dos policiais, não resistiu aos ferimentos e morreu. A sua morte serviu de estímulo para que outros operários, até então indecisos, entrassem no movimento que se converteu na maior greve até então registrada. A capital paulista parou e os donos das fábricas tiveram que negociar a volta ao trabalho, oferecendo muitos dos benefícios pleiteados pela classe trabalhadora.

O movimento grevista espalhou-se depois para outras cidades do interior, como Sorocaba e Campinas, e teve como principal consequência a formação de associações de trabalhadores, sendo responsável ainda pela reativação da FOSP (Federação Operária de São Paulo), que agregava ligas e outras entidades de trabalhadores.

A rememoração desse passado nos serve de exemplo para o presente. A reforma trabalhista, assim como a Previdenciária, ambas impostas sem um debate com a sociedade (especialmente com os mais interessados que são os trabalhadores) é um retrocesso histórico nas conquistas de direitos que tanta luta demandou. Luta essa que ceifou vidas, como a do sapateiro Martinez. Não nos esqueçamos disso jamais.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

04.07.2017

Sergio Diniz da Costa
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