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Celso Lungaretti8: 'Quem será o ministro do supremo mencionado de forma 'gravissima' numa gravação de conversa do Joesley Batista?

Celso Lungaretti: ‘APÓS A CARNE FRACA, A DELAÇÃO PODRE’

 

Desde o primeiro momento, vi com total desconfiança a ação orquestrada entre as Organizações Globo, o procurador-geral da República e um dos empresários mais encalacrados nas investigações do mar de lama brasileiro, tríplice aliança cujo objetivo claríssimo era derrubar o presidente da República.

Por quê? Primeiramente, por tratar-se de um abraço entre personagens que se afogavam.

A trajetória da Globo, invariavelmente a serviço das más causas, fala por si só (aos mais jovens, recomendo a leitura deste instrutivo artigo de Joaquim de Carvalho, publicado no Diário do Centro do Mundo). Então, quando o pior de todos os tentáculos da indústria cultural se coloca na contramão da maioria dos donos do PIB, a única explicação plausível é a de que teve interesses de grande monta contrariados, a ponto de tentar reverter o quadro com uma desesperada aposta no tudo ou nada.

Deu nada, repetindo o fiasco do Caso Proconsult (vide aqui), em 1982, quando a Globo tentou roubar uma eleição do Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro. Agora, ou trata de voltar às boas com o amigo da onça ou continuará sendo tratada a pão e água pelo governo federal nos próximos 15 meses.

 Rodrigo Janot oferecera mundos e fundos para Temer, desde que este desse um jeito de propiciar-lhe um novo mandato à frente da PGR. Tinha verdadeiro horror à perspectiva de ser sucedido por algum de seus inimigos na instituição.

Como não foi atendido, uma mistura de compulsão de vingança e megalomania heroicista o levou a preparar uma denúncia a toque de caixa contra Temer, concedendo vantagens espúrias e inaceitáveis ao megacriminoso do colarinho branco Joesley Batista, para que este agisse como o mais reles e repulsivo provocador infiltrado, tentando induzir o presidente a fazer qualquer afirmação comprometedora.

Obteve bem pouco, na verdade, mas a coisa foi apresentada com tamanho estardalhaço que, num primeiro momento, pareceu muito.

Quando o rolo compressor midiático não levou Temer à renúncia nem o TSE a cassar-lhe o mandato, o complô fracassou. Estava na cara que a Câmara Federal não autorizaria a abertura do processo de impeachment.

Mas Janot, já totalmente destrambelhado, prometeu renovar a tentativa, o que retardaria mais ainda a saída da pior fase da recessão econômica e causaria outros tantos transtornos inúteis ao país, pois:

— já se evidenciara não haver disposição nenhuma, por parte do Congresso Nacional, para aprovar mudanças nas normas constitucionais, no sentido de convocação imediata de uma eleição direta ou antecipação da que está marcada para outubro/2018;

— então, se desta vez se autorizasse o processo de impeachment, Temer só viria a ser afastado provisoriamente da presidência no primeiro trimestre de 2018, quando assumiria Rodrigo Maia (nada além de um genérico made in farmácia de fundo de quintal do dito cujo), com a incumbência de convocar a eleição para um mandato-tampão que duraria uns míseros seis meses. É difícil imaginar-se um quadro mais emblemático de muito barulho por nada.

Agora a casa ruiu de vez, com a revelação da existência de áudios altamente melindrosas para a delação premiada do grupo J&F, capazes inclusive de levarem à sua anulação. Como todos se lembram, foi tal delação premiada, criticadíssima, a base da tentativa anterior de derrubada do Temer.

 Espera-se que o STF, também colocado sob suspeição, libere tais áudios ainda hoje (3ª feira, 5). Segundo o repórter Rodrigo Rangel, da veja, eis o que passaria a ser do conhecimento do distinto público:

A gravação de quatro horas (…) traz menções comprometedoras a quatro ministros do Supremo Tribunal Federal.

Uma dessas menções é considerada ‘gravíssima’ pelos procuradores – embora as demais, nas palavras de quem as ouviu, também causem embaraços aos envolvidos.

Já a Mônica Bergamo, uma jornalista da Folha de S. Paulo sempre muito bem informada sobre o que rola nos bastidores, diz existir o registro de uma conversa entre Joesley Batista e o advogado da empresa, Ricardo Saud, em que combinam atrair o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para um encontro, sob o pretexto de contratá-lo como advogado (ele acabaria comparecendo, mas evitado comprometer-se).

No meio da conversa, eles arrancariam do ex-ministro da Justiça informações sobre magistrados do STF. Dependendo do teor delas, entregariam o conteúdo à PGR.

Os executivos da JBS entendiam que os procuradores tinham grande desejo de que as investigações alcançassem o Supremo.

Saud diz a Joesley que teria ouvido de Cardozo que o ex-ministro teria cinco ministros do STF no bolso…

Eis as tramoias da ralé moral que Janot contemplou com o mais generoso acordo até hoje firmado entre a Operação Lava-Jato e alcaguetes das altas rodas.

Fica claro que, nos poucos dias que lhe restam à frente da PGR, Janot pode apresentar quantas novas denúncias quiser, mas elas irão para a lixeira sem sequer arranharem Temer.

Melhor seria ele pegar todos os bambus, armar um feixe e dar-lhes outra destinação qualquer. Flechas agora não lhe servem para mais nada.

Quanto à esquerda, está mais do que na hora de admitir que não vai ser na Praça dos Três Poderes que se resolverão os problemas dos explorados, mas sim organizando-se a luta contra o capitalismo em escala nacional, ou seja, com a retomada do lento e árduo trabalho de acumulação de forças para uma ruptura revolucionária, que vem sendo cada vez mais negligenciado desde 2002.

Helio Rubens
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